Educação Histórica: uma nova área de
investigação.
Isabel Barca
Ensino da história ancorada em áreas de conhecimento como a epistemologia da história, ciências sociais,
psicologia cognitiva; constitui-se como teoria e aplicação à educação de princípios decorrentes da cognição
histórica.
2. PROVISORIEDADE E OBJETIVIDADE EM HISTÓRIA
Assume-se atualmente que não há uma resposta final em história, podem encontrar-se diferentes explicações
ao longo do tempo acerca de um mesmo acontecimento. Por que isto ocorre?
Debate teórico
Modelo Positivista
Objetividade
Neutralidade absoluta
Estabelecimento de leis gerais acerca do processo social, explicação da
realidade social.
Neutralidade à recolha de fatos a partir de fontes viáveis, simples descrição em
detrimento da explicação.
Tendência Relativista
Ponto de vista
Rejeição da neutralidade absoluta
Perspectiva "Pós-modernista"
Nega a possibilidade do acesso epistémico ao
mundo real
A linguagem toma o lugar da verdade, os termos estão
sujeitos à mudança.
Tendência de legitimação de produtos do senso comum ao nível da produção
científica.
1 .COGNIÇÃO HISTÓRICA
1.1. INVESTIGAÇÃO INTERNACIONAL
Principais países: Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. Estudo dos princípios e estratégias da
aprendizagem em história. • Analise de ideias que os sujeitos manifestam em e acerca da história.
• Aprendizagem qualitativa da história, afastando-se de uma compreensão mecanicista de noções
estereotipadas.
“Understanding and research”, Dickinson e Lee, 1978. • Marco da investigação nessa área • Estudo com
alunos de 12-18 anos de idade • Qual questionamento teórico que deveria presidir à investigação do
pensamento histórico? Logica não histórica Noção piagetiana de invariância de estágios de
desenvolvimento
Shemilt, 1984: 1. “Ossos secos e sentimento de superioridade”. 2. “Consciência de uma humanidade
partilhada”. 3. “Empatia do cotidiano aplicada à História”. 4. “Empatia histórica”. 5. “Metodologia
empática”.
Nota-se uma convergência entre ambas as analises, em ambas se observa uma progressão irregular,
que evolui da “imagem caótica do passado” à “noções históricas mais ou menos elaboradas”
Projeto CHATA (Concepts of History and Teaching Approaches), Ashby, Lee & Dickinson.
“Making sense of history”, Peter Lee, 1984 • Modelo de progressão de ideias em história relacionado
com a natureza da explicação histórica. • Estudo com alunos de 8 à 18 anos de idade.
1.2. INVESTIGAÇÃO EM PORTUGAL
• Experimento: Como pensam em história os alunos
portugueses? Conclusão:
Níveis conceituais:
1. A estória - Resposta de modo descritivo ou
explicativo restrito; - Centrada na informação.
2. A explicação correta - Resposta de modo explicativo restrito ou pleno; -
Senso comum; - Postura: realista ou cepticista ingênua.
3. Quanto mais fatores melhor (Padrão mais frequente) - Resposta de modo explicativo
pleno; - Distingue fonte e explicação; - Senso comum; - Postura de realismo ou cepticismo
ingênuo.
4. Uma explicação consensual - Resposta de modo explicativo pleno; - Evidencia é vista como
verificação da verdade da explicação; - Valorização da neutralidade (positivismo); - Postura de
objetividade ou relativismo histórico.
5. Perspectiva - Respostas em modo explicativo plano; - Evidencia é vista confirmação ou
refutação da verdade da explicação; - Postura de neutralidade perspectivada (menos
positivista).
• Experimento de interpretação cruzada de fontes:
Alunos de 11 à 12 anos; Foram apresentados aos alunos quatro fontes
primarias, com diferentes posturas a respeito da guerra colonial, uma visão
crítica portuguesa e uma nacionalista africana.
• Experimento sobre a variância da narrativa histórica (Gago, 2001)
Alunos de 11à 12 anos; Analise dois pares de narrativas com visões
diferentes sore a invasão dos romanos e sobre a história do vinho do
Porto; As respostas dos alunos estavam dentro dos níveis propostos
por Lee e Barca, que vão desde uma “não distinção das diferenças entre
vários relatos” até uma “ideia sofisticada sore provisoriedade” do saber
histórico.
3. PRINCÍPIOS DE APRENDIZAGEM EM HISTÓRIA.
Lógicas e estratégias no processo do conhecimento histórico:
A aprendizagem deve processar-se no contexto da resposta à
natureza da disciplina.
A aprendizagem processa-se em contextos concretos. No entanto, é necessário que
os conceitos façam sentido.
Aspectos fundamentais para a progressão do
conhecimento:
Vivência prèvia
Tipos de tarefas a desempenhar
Aptidões individuais
Natureza específica do conhecimento
Os estágios de desenvolvimento mental variam de
indivíduo para indivíduo.
4. FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Professores devem ser aptos a atender às exigências do
conhecimento atual, de uma sociedade da informação.
Professores devem:
Experimentar a pesquisa história e se aprofundar
no debate acerca dos conceitos inerentes ao
saber histórico.
Ter tido contato com os resultados recentes da investigação sobre o pensamento histórico de alunos
e professores, pois estes poderão fornecer elementos para a elaboração de materiais criteriosos e
aplicação de um ensino de História de qualidade.