Alterações da função tiroideia e Gravidez

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Exame de especialidade Saúde Materna Note on Alterações da função tiroideia e Gravidez, created by Rita Regadas on 02/02/2016.
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Durante a gravidez ocorrem alterações hormonais e metabólicas com o objetivo de modificar a economia tiroideia, que resultam na modificação dos seus parâmetros bioquímicos. A TBG (Thyroxine Binding Globulin), a transtirretina e a albumina constituem as proteínas transportadoras de hormonas tiroideias no sangue. A TBG é a que apresenta maior afinidade e tem capacidade de interconversão entre formas de alta e baixa afinidade, apesar da sua baixa concentração sanguínea. É responsável pelo transporte de 68% da T4 (Tiroxina) e 80% da T3 (Triiodotironina). Durante a gravidez, a produção de TBG pelo fígado está aumentada e a sua semivida é prolongada (de 15 minutos para 3 dias), devido ao aumento da sialilação induzida pelos estrogénios, atingindo os valores mais elevados entre a 20ª e a 24ª semanas. GRAVIDEZA produção de hCG pela placenta inicia-se na 1ª semana após a conceção e atinge o valor máximo na 10ª semana, diminuindo a partir de então e atingindo um patamar na 20ª semana. As moléculas de hCG e TSH (Thyroid Stimulating Hormone) apresentam semelhanças, devido à subunidade α comum, à homologia da subunidade β22, assim como dos seus recetores. Consequentemente, a hCG estimula a glândula tiroide através de recetores TSH, sendo este efeito dependente da amplitude e da duração do pico de hCG, embora para níveis circulantes elevados o efeito global possa ser substancial. Verifica-se uma correlação negativa entre a TSH e a hCG, com TSH baixa no 1º trimestre em consequência dos níveis elevados de hCG. Em seguida, os níveis de TSH aumentam e atingem o valor mais elevado no 3º trimestre. Os níveis de T4 e T3 totais aumentam durante a gravidez, isto deve-se principalmente ao aumento da TBG e resultante diminuição das frações livres de T4 e T3 . Por outro lado, verifica-se a inativação da T4 e T3 pela desiodinase iii, na placenta, de forma a proteger o feto da passagem excessiva de hormonas tiroideias maternas. Estes dois mecanismos levam à estimulação da produção de TSH e, consequentemente, de hormonas tiroideas. Vários fatores podem influenciar o nível de hormonas tiroideias livres, como o nível de hCG, o aporte de iodo pré-gestacional e o facto de a mãe ser fumadora. Alguns autores defendem o uso de intervalos de referência específicos para cada idade gestacional. De acordo com as diretrizes publicadas pela ATA (American Thyroid Association), se os intervalos de referência da TSH específicos para cada trimestre não estiverem disponíveis no laboratório, são recomendados os seguintes: 1º trimestre: 0,1-2,5 mui/L; 2º trimestre: 0,2-3,0 mui/L; 3º trimestre: 0,3-3,0 mui/L. Devido à grande variabilidade de resultados do doseamento da T4 livre, são necessários intervalos de referência específicos para cada método e para cada trimestre. São vários os fatores que influenciam o tamanho da tiroide: aporte de iodo, genética, sexo, idade, TSH, parâmetros antropométricos, paridade e tabagismo. Durante a gravidez, o volume da tiroide mantém correlação positiva com o IMC (índice de massa corporal) e correlação negativa com a TSH. Nas áreas com aporte adequado de iodo, o volume geralmente não varia durante a gravidez, apesar de existirem casos descritos de aumento do volume, que pode relacionar-se com alterações hemodinâmicas, pois verifica-se um aumento da volémia e, consequentemente, do peso corporal, bem como aumento da vascularização. Nas áreas com deficiência de iodo pode haver aumento do volume tiroideu. A depuração renal de iodo aumenta, devido ao aumento da taxa de filtração glomerular e verifica-se também redistribuição pelo feto, havendo um défice relativo. Em áreas em que o aporte de iodo é suficiente, o aumento da depuração não tem repercussões, mas em áreas com deficiência de iodo pode levar a bócio e hipotiroidismo. A ingestão diária recomendada durante a gravidez é de 250 µg. Em portugal, existe evidência recente da existência de deficiência de iodo em populações de risco, nomeadamente em grávidas e lactentes. PÓS-PARTOOs níveis de TBG diminuem no 3º ou 4º dia pósparto, sendo nesta altura que a TSH atinge o nível mais elevado, mas aos 4 meses, os níveis de TSH são inferiores aos do 3º trimestre e 1 ano após o parto são inferiores aos do 2º e 3º trimestres, exceto num estudo. A T3 e a T4 livres aumentam no 3º ou 4º dia após o parto e retornam ao basal 4 meses após o parto, não estando associadas com a concentração urinária de iodo. Nas mulheres cujo volume tiroideu aumentou durante a gravidez por alterações hemodinâmicas, verificou-se diminuição do volume após o parto.

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