Contexto
Denotação e Conotação: Literário e Não Literário
Denotação (sentido literal. Dica!!! Denotativo = Dicionário)
Com relação ao significado das palavras, a denotação nos possibilita uma leitura bem objetiva dos textos Isso quer dizer que quando estamos diante de textos que fazem uso de uma linguagem denotativa, estamos diante de textos que apresentam palavras em seu sentido literal, o mesmo sentido presente nos dicionários de língua portuguesa, por exemplo.
A linguagem denotativa é muito utilizada em notícias, uma vez que a mensagem a ser transmitida não pode sofrer qualquer alteração em seu significado; não pode depender da interpretação do leitor.
O autor que faz uso da linguagem denotativa deseja que o seu conteúdo seja entendido da mesma forma pelos seus leitores.
Conotação (sentido figurado)
As palavras nem sempre carregam o mesmo significado em contextos diferentes. Isso porque
podemos fazer uso de algumas figuras de linguagem, ou seja, podemos fazer uso da conotação para
alterar alguns sentidos pertinentes ao contexto apresentado. Assim, pode-se dizer que a conotação amplia as possibilidades de leitura de um termo, pois pode trabalhar com a polissemia em diferentes circunstâncias de uso.
Cabe destacar que a conotação faz uso do conhecimento do leitor para que o sentido se estabeleça. Assim, uma leitura denotativa não alcançará as possibilidades de sentido em um texto que fez muito uso de conotação.
FIGURAS DE LINGUAGEM
Metáfora e comparação
É o uso de palavras ou expressões em seu sentido figurado. Dizemos que a metáfora é uma espécie de comparação implícita, pois aproxima os sentidos de palavras distintas, atribuindo características próprias de um termo a outro de classe diferente.
Exemplo: Cabelos de neve – a expressão “de neve” atribui ao cabelo a característica da brancura, própria da neve. Normalmente, essa locução adjetiva não seria utilizada para qualificar o substantivo cabelo, mas sim outro como “flocos”, por exemplo.
Atenção: não confunda a comparação feita pela metáfora om a comparação explícita.
Observe:
Seus olhos são diamantes brilhantes (metáfora)
Seus olhos são como diamantes brilhantes (comparação)
Quando temos o uso da palavra “como”, demonstrando claramente a comparação, temos outra figura de palavra, a comparação. Portanto:
Metáfora – comparação implícita
Comparação – explícita
Metonímia
Consiste em empregar um termo no lugar de outro, com o qual mantém relação de proximidade ( autor pela obra, a parte pelo todo, continente pelo conteúdo, lugar pelo produto, efeito pela causa, entre outros)
Exemplos:
“O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos não perguntam nada.”
(Carlos Drummond de Andrade , Poema de Sete Faces)
No exemplo acima, Drummond usa “pernas” no lugar de “pessoas”: é a parte pelo todo.
“E lágrimas nos olhos de ler o Pessoa
E de ver o verde da cana.”
(Belchior, fotografia 3×4)
“Pessoa”, no trecho acima, remete a Fernando Pessoa , escritor português. Trata-se de uma metonímia, pois Belchior usou o autor para se referir a sua obra.
Antonomásia ou Perífrase
A antonomásia consiste a substituição de um nome por uma expressão que o identifique com facilidade.
Exemplos:
O rei do futebol (ao invés de Pelé)
O poeta da Vila (ao invés de Noel Rosa)
O maior estádio do mundo ( em vez de Maracanã)
Sinestesia
Consiste em mesclar numa mesma expressão sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Exemplos:
Ela usava um perfume doce
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos.
Figuras de pensamento
“Figuras de pensamento são processos estilísticos que se realizam na esfera do pensamento, no âmbito da frase. Nelas intervêm fortemente a emoção, o sentimento, a paixão.”
(Novíssima Gramática Portuguesa – Domingos Paschoal Cegalla)
As principais figuras de pensamento são:
Antítese
Aproximação de palavras ou expressões de sentido oposto.
Exemplos:
“A areia, alva, está agora preta, de pés que a pisam.” (Jorge Amado)
Na música “Certas coisas”, escrita por Lulu Santos em parceria com Nelson Mota, tem excelentes exemplos de antítese. Observe:
“Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão A vida é mesmo assim, dia e noite, não e sim.”
Observe que nesse breve trecho da canção já percebemos claramente um encadeamento de oposições. Essa aproximação de palavras opostas dentro do mesmo contexto é o que chamamos de Antítese.
Eufemismo
Consiste em suavizar a expressão de uma ideia triste ou desagradável, substituindo o termo por palavras mais “leves”.
Exemplos:
João foi desta para melhor. (morreu)
“Você faltou com a verdade.” (mentiroso)
Gradação
Trata-se de uma sequência de ideias dispostas em sentido ascendente ou descendente.
Exemplos:
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor”. (Olavo Bilac)
“O trigo… nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
Observe que Olavo Bilac cria uma gradação partindo do individual ( mim) até chegar ao sentimento maior que é o amor. No segundo exemplo temos uma sequência ascendente marcada pelos verbos nascer, crescer, espigar, amadurecer e colher, representando as etapas da do ciclo do trigo.
Hipérbole
Trata-se de uma afirmação exagerada, visando a um efeito expressivo.
Exemplos:
Chorou um rio de lágrimas.
Estava morto de sede.
Faz uma eternidade que não a vejo.
Observe que em todas as frases acima há certo exagero nas afirmações, com a intenção de criar uma sentença expressiva.
Ironia
É a figura pela qual dizemos o contrário do que pensamos, quase sempre com intenção sarcástica.
Exemplos:
“Um carro começa a buzinar… Talvez seja algum amigo que venha me desejar Feliz Natal!. Levanto-me, olho a rua e sorrio: é um caminhão de lixo. Bonito Feliz natal! “
Rubem Braga
“Há recessão, há desemprego, há miséria, mas tudo está sob controle de geniais economistas.”
Evandro Lins e Silva
Paradoxo
Consiste em usar, intencionalmente, um contrassenso. Ou seja, uma organização de ideias aparentemente ilógica.
Exemplos:
“O que não tenho e desejo é o que melhor me enriquece.”
Manuel Bandeira
“Ninguém é menos rei que quem tem reino“
Observe que nas frases acima há um confronto de ideias opostas e simultâneas. No primeiro exemplo, há uma relação entre a ideia de “não ter” e enriquecer, ou seja, ideias opostas, mas que fazem sentido dentro desse contexto. O mesmo acontece no segundo exemplo, pois, teoricamente, o rei é aquele que tem um reino.
Personificação
É a figura pela qual fazemos seres inanimados e irracionais agirem , sentirem como humanos.
Exemplo:
“Os sinos chamam para o amor”
Mário Quintana
A morte roubou-lhe mais um filho querido.