Hemoterapia (parte 4)

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Transfusão de hemocomponentes e aféreses
Lucas Arraes
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Resumo de Recurso

Questão Responda
1) Quais são as modalidades de transfusão? -Programada --> data e hora programada; -Não urgente --> a se realizar dentro de 24 horas; -Urgente --> realizada dentro de 3 horas sem prejuízo para o receptor -De emergência --> demora superior a 15 minutos acarreta risco de morte ao receptor
2) Quais são as condições para liberação de um hemocomponente nos casos de transfusão de extrema urgência? - Quadro clínico que justifique; - Existência de um protocolo de serviço, definindo como isso deve ser realizado; - Termo de responsabilidade do médico do paciente; - Médico solicitante será o responsável pelas consequências da transfusão.
3) Julgue os itens a seguir em V ou F (justifique as F): a) Febre é uma contraindicação à transfusão b) Nenhuma transfusão pode exceder o período de 2 horas c) Não se pode adicionar nenhum fluido ou droga ao hemocomponente (exceto SF em casos excepcionais) d) Todo produto hemoterápico deve ser transfundido com equipo capaz de reter coágulos e agregados a) F (não é contraindicação, mas recomenda-se diminuir a temperatura antes da transfusão) b) F (4 horas) c) V d) V
4) Quais são aos mecanismos cardiovasculares de adaptação à anemia? Aumento de débito cardíaco, vasoconstrição periférica e aumento da taxa de extração de oxigênio do leito capilar.
5) O que indica o aumento da concentração de 2,3DPG (difosfoglicerato) na anemia? Explique seu mecanismo. A conc. de 2,3DPG aumenta quando os níveis celulares de O2 estão baixos. Essa molécula leva à diminuição da afinidade da Hb pelo O2, facilitando a sua liberação para os tecidos. Logo, ocorre um desvio na curva de dissociação da oxihemoglobina para direita.
6) O que significa DO2 crítica? e VO2-DO2 dependência? Obs.: DO2 (oferta de O2) e VO2 (consumo de O2) DO2 crítica --> ponto mínimo no qual a DO2 ainda supre o VO2 (é diferente para cada paciente) DO2-VO2 dependência --> nível de DO2 < que o valor crítico (ocorre diminuição do metabolismo celular).
7) Qual é o valor crítico de hemoglobina? Isso define um gatilho transfusional? O valor crítico de Hb é 5g/dl, mas não existe gatilho transfusional para hemácias.
8) Quais os 3 principais eventos adversos à transfusão? - Transfusão incorreta - Reação transfusional imediata - Reação transfusional tardia
9) Não existe gatilho transfusional para CH. Então qual parâmetros devemos considerar para indicar? Valor de Hb/Ht, velocidade de instalação da anemia, comorbidades e sinais/sintomas.
10) Quais são os principais gatilhos fisiológicos (sinais de oxigenação inadequada) no paciente normovolêmico? - Sistêmicos --> taquicardia e hipotensão - Órgão-específicos --> infradesnivelamento ST > 0,1mV, supradesnivelamento ST > 0,2mV e disfunção cognitiva.
11) Quando é indicado transfundir na hemorragia aguda? Quais os principais gatilhos fisiológicos? Transfundir após perda volêmica superior a 30% do total. Principais gatilhos --> palidez, taquicardia, hipotensão, queda de DU, FR aumenta, enchimento capilar retartado, alteração do nível de consciência, etc.
12) Julgue a afirmativa a seguir (se incorreta, corrigir): Paciente idosa com cansaço a dois meses, glossite e desordens neuropsiquiátricas. Hb 6,1 g/dl. Diagnóstico: anemia megaloblástica. Deve transfundir um CH para recuperação. A anemia megaloblástica deve ser tratada inicialmente com uso de vitamina B12, pois não indicamos transfusão se a recuperação em poucos dias é prevista. Se insuficiente, pode-se realizar transfusão, a depender da avaliação.
13) Principais contra-indicações para transfusão de CH? - Promover o aumento da sensação de bem-estar; - Promover a cicatrização de feridas; - Profilaticamente; - Para expansão de volume vascular com capacidade de transporte de O2 adequada.
14) Diferença entre CP de sangue total e por aférese? CP de sangue total --> preparo em até 8 horas de coleta de 1 bolsa de ST; cada unidade contém 0,55x10^11; serve para fazer pool de plaquetas (5-6U de CP de diferentes doadores). CP por aférese --> obtido por aférese de um único doador; contém 3x10^11 plaquetas.
15) Em condições normais, há maior risco de sangramento a partir de que valor de plaquetas? A partir de valores < 10.000.
16) O que é a transfusão profilática de plaquetas? E quais são suas principais indicações? É a transfusão feita quando há plaquetopenia SEM sangramento ativo. A principal indicação é quando há defeitos na produção. Ex.: aplasia pós-QT/RT, síndromes mielodisplásicas e defeitos funcionais.
17) Quais são os gatilhos transfusionais para transfusão profilática de CP em doenças hematológicas agudas ou pós-QT/RT? E em doenças hematológicas crônicas (ex.: SMD)? Doenças hemat. aguda ou pós-QT/RT: - Se paciente estiver estável --> <10000 - Se paciente instável (febre, petéquias, infecção, etc.) --> <20000 Doenças hemat. crônicas: - Se paciente estiver estável --> <5000 - Se paciente instável (febre, petéquias, infecção, etc.) --> <10000
18) Quais são os gatilhos transfusionais para CP em transfusão profilática pré-cirúrgica? Cirurgia neurológica ou oftálmica --> <100000 Demais cirurgias --> <50000
19) O que é transfusão terapêutica de plaquetas? Quais fatores podem estar associados ao sangramento? É a transfusão realizada quando há plaquetopenia COM sangramento ativo (grau 3 ou 4). Esse sangramento pode estar associado a: medicamentos, comorbidades, alterações de fatores da coagulação e ruptura do sistema vascular.
20) Quando há doenças em que o consumo de plaquetas está aumentado (púrpuras imunes, CIVD, PTT), geralmente não recomendamos transfusão profilática ou terapêutica. Contudo, em que condições podemos permitir a transfusão de CP? Profilática --> apenas se houver procedimento cirúrgico com risco de sangramento grave (dar plaquetas imediatamente antes do procedimento). Terapêutica --> quando outra terapia for ineficaz ou se há sangramentos com risco de vida, principalmente em SNC (PTT apenas se há extremo risco).
21) Qual é a principal vantagem, para o receptor, da CP por aférese em relação a CP de bolsas múltiplas? Na transfusão de CP por aférese, há exposição < a antígenos do doador do que na CP de bolsas múltiplas. Assim, o risco de aloimunização leucocitária é menor.
22) Diferenças entre PFC, PFC24 e Plasma comum, quanto ao fracionamento e uso clínico? PFC --> congelamento em até 8 horas após coleta; possui uso clínico (tem todos os fatores de coagulação); PFC24 --> congelamento entre 8 e 24 horas após coleta; possui uso clínico (possui deficiência de fatores V e VIII); Plasma comum --> congelamento após 24 horas da coleta; usado apenas como fonte de hemoderivados.
23) Quais são as indicações para transfusão profilática de PFC? NÃO EXISTE TRANSFUSÃO PROFILÁTICA DE PFC!!!
24) Quais são as principais indicações para transfusão terapêutica de PFC? - Transfusão maciça; - Deficiência de múltiplos fatores de coagulação com sangramento ativo; - Reversão rápida de varfarina com sangramento ativo (não é primeira escolha); - Reposição de deficiência isolada de fator V com sangramento ativo; - PTT (realização de plasmaférese terapêutica); - Cirurgias cardíacas.
25) Quais são as principais contra-indicações para transfusão de PFC? - Expansor volêmico; - Reposição de albumina para fins nutricionais; - Cicatrização / sepse; - Fonte de Ig; - Queimados / recomposição de ST; - Deficiência de fator de coagulação ou RNI elevado sem sangramento.
26) Quais reações a seguir podem estar relacionadas com o PFC: reação alérgica, TACO, RHA, aloimunização, TRALI, infecção, GVHD? Reação alérgica, TACO, RHA, TRALI e infecção.
27) O que é crioprecipitado e quais são seus principais componentes? É a fração proteica do PFC precipitada pelo frio. Seus componentes principais são: fator VIII, fator de Von Willebrand, fibrinogênio e fator XIII.
28) Quais as principais indicações de crio? Sangramento ativo + uma das situações abaixo: - Hipofibrogenemia herdada ou adquirida (ex.: CIVD, LMA e falência hepática) com fibrinogênio <100 mg/dl; - Disfibrinogenemia; - Deficiência de fator XIII; - Reversão de terapia trombolítica com fibrinogênio <200 mg/dl;.
29) Quais as principais contra-indicações de crio? - Reposição ou reversão de sangramento se fibrinogênio em níveis normais; - Reversão a intoxicação por Warfarin.
30) Como o PFC e Crio devem ser preparado para transfusão? Em quanto tempo devem ser transfundidos? Devem ser descongelado a 37ºC, envolto em saco plástico em banho-maria. PFC deve ser transfundido imediatamente ou em até 24 horas, se em geladeira. Crio deve ser transfundido imediatamente ou em até 6 horas, se em geladeira.
31) Doses de cada hemocomponente para transfusão em adultos? CH --> 1 U eleva Hb em 1g/dl; CP --> 1U/10kg; PFC --> 10-20ml/kg (tentar fracionar); Crio --> 1U/5-10kg.
32) O que é aférese? É o processo em que há a remoção, separação e/ou modificação de algum componente sanguíneo, com posterior recombinação e reinfusão dos elementos não removidos.
33) Qual a diferença entre aférese terapêutica e transfusional? Terapêutica --> constituintes do sangue são trocados, removidos ou modificados para alcançar a proposta terapêutica; Transfusional --> gerar hemocomponentes com várias indicações.
34) Como são classificados os equipamentos de aféreses quanto à forma de separação? Cite suas características. - Filtração --> utiliza filtros com membranas que absorvem proteínas de alto peso molecular; não separam elementos celulares e não são seletivas; - Centrifugação --> separa os componentes através da força de centrifugação; baseada na densidade de cada componente; - Colunas de adsorção --> utilizam filtros de alta afinidade a subst. desejada; é seletiva.
35) Qual a diferença entre troca plasmática terapêutica e plasmaférese? Na troca plasmática terapêutica, ocorre remoção de grandes volumes de plasma e substituição desse plasma por soluções apropriadas. Já na plasmaférese, ocorre coleta de plasma sem reposição.
36) Cite elementos que podem ser removidos do sangue do paciente na troca plasmática terapêutica? Aloanticorpos, autoanticorpos e complexo ag-ac; proteínas plasmáticas aumentadas ou anormais, LDL em excesso, resíduos metabólicos, drogas ligadas ao plasma.
37) Principais indicações de troca plasmática terapêutica na categoria grau I (terapia de primeira linha)? PTT, sd. de hiperviscosidade, crioglobulinemia, hipercolesterolemia familiar, sd. de Goodpastute, GESF, sd. Guillain Barré, PDIC, miastenia gravis, insuficiência hepática aguda.
38) Contra-indicações principais da troca plasmática terapêutica? Instabilidade hemodinâmica não responsiva à drogas vasoativas, sepse e alteração importante na membrana alvéolo-capilar.
39) Qual é a frequência da troca plasmática terapêutica na maioria dos casos? Quais condições exigem procedimentos diários? A maioria dos casos precisa de procedimentos em dias alternados. PTT, SHU e sd. de Goodpasture precisam de trocas diárias.
40) Geralmente como é realizado o acesso vascular na troca plasmática terapêutica? Por meio de de cateter central tipo diálise.
41) Por que na troca plasmática terapêutica, geralmente não ultrapassamos 1,5 volemia processada? Porque a efetividade de troca diminui quanto maior a volemia processada, pois o plasma vai se misturando com a solução de reposição.
42) O principal anticoagulante utilizado na troca plasmática terapêutica é o citrato. Contudo, ele pode causar reações, classificadas em leve, moderada e grave. Descreva os achados em cada caso. Reação leve --> parestesia perioral e nas extremidades; Reação moderada --> parestesia de tórax, calafrios, náuseas/vômitos, cólicas abdominais, hipotensão; Reação grave --> dor abdominal, tetania, arritmia cardíaca e hipotensão severa.
43) Quais são os fluídos de reposição utilizados na troca plasmática terapêutica? Quais são seus usos clínicos? Albumina 5% --> maioria dos casos; Plasma --> PTT, SHU, sd. de Goodpasture; Cristaloides --> sd. de hiperviscosidade.
44) Quais são os critérios de doação de plaquetas por aférese? Paciente tem que preencher todos os critérios de doadores de ST, passar por triagem clínica e ter bom acesso venoso. Hemograma com plaquetas > 150.000/ul. Intervalo --> 48 horas (máx. 4 vezes por mês e 24 vezes por ano).
45) Vantagens da CP por aférese em relação a CP obtida do ST? - Menor exposição de vários doadores (diminui aloimunização leucocitária e risco de infecção); - Menor sensibilização (já é leucorreduzida e não contaminada por hemácias) - Possibilidade de 1 doador fornecer plaquetas duplas.
46) Diferença entre troca eritrocitária terapêutica e eritrocitaférese? A troca eritrocitária terapêutica consiste na separação e remoção de hemácias dos outros componentes e substituição por CH de doador com ou sem soluções coloides. Já eritrocitaférese consiste na coleta de hemácias por aférese sem reposição.
47) Principais indicações de troca eritrocitária terapêutica? Hemoglobinopatias, hemocromatose e policitemia vera.
48) Vantagens e desvantagens da troca eritrocitária terapêutica em relação a transfusão de CH? Vantagens --> aumenta rapidamente ht, diminui HbS para < 30%, evita sobrecarga de Fe, evita sobrecarga volêmica Desvantagens --> maior risco de aloimunização
49) O que é granulocitaférese? Quais são os tipos? É a retirada de granulócitos do sangue do paciente/doador. Pode ser terapêutica (ex. leucemia com hiperleucocitose) ou transfusional (coleta de granulócitos de doadores sadios previamente estimulados com G-CSF).
50) Principal indicação de CG? Pacientes granulopênicos severos com infecção grave, fúngica ou bacteriana, não responsiva a terapia antimicrobiana de largo espectro sem perspectiva de cura a curto prazo.
51) O que são CPSP? Qual sua utilidade na clínica? As células progenitoras do sangue periférico são céls. pluripotentes com capacidade de autorrenovação e diferenciação em precursores hematopoéticos. É um procedimento transfusional útil no TMO.
52) Como é realizado o esquema de mobilização de CPSP para TMO alogênico? Doadores são estimulado com G-CSF por 5 dias, sendo então realizada a leucaférese.
53) Como é realizado o esquema de mobilização de CPSP para TMO autólogo? Pacientes estimulados com QT + G-CSF / plerixafor, inicia-se dosagem por citometria de fluxo de células CD34+ no sangue, leucaférese é realizada quando céls CD34+ > 10/ul.
54) Menina de 9 meses AB- necessita receber transfusão de CP. Quais tipos podem ser utilizados. Apenas CP AB RhD-
55) A troca plasmática terapêutica pode ser realizada por equipamento de fluxo contínuo ou intermitente. Quais são as vantagens e desvantagens principais de cada um deles? Fluxo contínuo: - Vantagens: menor volume extracorpóreo, > estabilidade hemodinâmica, rapidez; - Desvantagens: duas punções. Fluxo intermitente: - Vantagens: punção única; - Desvantagens: > volume extracorpóreo e < rapidez.
56) Paciente com Hb de 7,2g/dl, portador de insuficiência cardíaca, será submetdo a cirurgia ortopédica. CH está indicado? Sim. A transfusão de CH nesse paciente é indicada devido nível de Hb, doença cardiovascular e porte da cirurgia.
57) Qual o gatilho transfusional na transfusão terapêutica de plaquetas (sangramento > grau 2)? E se houver sangramento em SNC e/ou oftálmico associado? 50000/ul e 100000/ul, respectivamente.
58) Defina refratariedade plaquetária. Quais suas principais causas imunes e não imunes? Como prevenir? É o incremento inadequado de plaquetas, após pelo menos 2 transfusões de CP, com plaquetas recentes e ABO compatíveis. Causa imune --> aloimunização HLA Causa não imune --> esplenomegalia, CIVD, febre, hemorragias, drogas, doenças veno-oclusivas. Prevenção --> leucorredução e transfusão de CP HLA compatíveis.

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