ASSÉDIO MORAL E
ASSÉDIO SEXUAL:
faces do poder
perverso nas
organizações
Assédio moral: Está ligado
a um esforço repetitivo de
desqualificação de uma
pessoa por outra,
podendo conduzir ou não
ao assédio sexual.
O agressor pode
engrandecer-se rebaixando o
outro, sem culpa e sem
sofrimento; trata-se da
perversão moral.
Geralmente, o assédio moral
começa pelo abuso de um poder
(qualquer que seja a sua base de
sustenta ção), segue por um
abuso narcísico no qual o outro
perde a auto-estima e pode
chegar, às vezes, ao abuso
sexual.
A violência privada: Às vezes, os próprios
filhos não são poupados e tornam- se
também vítimas de maus tratos
psicológicos, que podem assumir vários
aspectos: violência verbal, comportamento
sádico e desqualificativo, rejeição afetiva,
exigências excessivas e desproporcionais
em relação à idade, ordens e cobranças
educativas contraditórias ou impossíveis.
No mundo do trabalho, nas universidades e
nas instituições em geral, as práticas de
assédio são muito mais estereotipadas que
na esfera privada e são também onde elas
têm sido mais denunciadas por suas vítimas.
O assédio moral nas organiza ções, geralmente,
nasce de forma insignificante e propaga-se pelo
fato de as pessoas envolvidas (vítimas) não
quererem formalizar a denúncia e encararemna
de maneira superficial, deixando passar as
insinua- ções e as chacotas; em seguida, os
ataques multiplicam- se, e a vítima é
regularmente acuada, colocada em estado de
inferioridade, submetida a manobras hostis e
degradantes por longo período.
Essas agressões, não infligidas diretamente,
provocam uma queda de autoestima, e, cada vez
mais, a pessoa sente-se humilhada, usada, suja.
Exemplos de chefes medíocres, sádicos, histéricos,
que gritam, jogam coisas, invertem os papéis
acusando o outro por perda de documentos,
esquecimento de agenda, criam armadilhas para
ver o outro fracassar e depois poderem dizer: eu
não disse que você não daria conta do recado?,
viu como eu tinha razão em pensar que você é
um incompetente?, não sei como posso suportar
trabalhar com alguém como você
Assédio sexual: Conforme
aumenta a participação da
mulher no mercado de
trabalho, cresce também a
sua exposição ao risco.
Se uma proposta não aceita uma
negativa, ela é qualquer outra coisa,
exceto um convite. É como se estiv
éssemos diante de uma situação que só
apresenta duas alternativas: a cruz ou a
espada.
As organizações podem desenvolver
políticas capazes de inibir esse tipo de
prática, não apenas por uma questão de
respeito humano (o que em si já é um bom
motivo), mas porque esse tipo de
comportamento produz resultados nocivos
palpá- veis para si próprias.
As organizações são intrinsecamente
espaços de comportamento controlado e
é do seu absoluto interesse coibir
atitudes que possam prejudicar o seu
melhor rendimento e a sua imagem.
Logo, a questão do assédio sexual é, sem
sombra de dúvida, um problema
organizacional.
A mulher brasileira, em geral, sabe fazer a
diferença entre o que é uma cantada e uma
proposta imoral, além de saber usar o
humor para sair da cantada indesejada;
aliás, essa capacidade humorística é uma
das características admiráveis dos
brasileiros, segundo o olhar de estrangeiros.
A mulher não precisa mais que algum dos homens da
família venha em seu socorro para defenderlhe a
honra ofendida por uma proposta indecente, ela
mesma costuma dar a resposta afiada, ferina,
dissimulada ou graciosa. Também aí os homens hoje
reconhecem e apreciam a valentia ou a
espirituosidade nacional.
O brasileiro adora falar sobre sexo, mas
não do sexo conflitual e daí à tendência de
banalizar a questão, é só um passo. Mais
uma vez, o nosso lado cultural escapista
surge em socorro de um perverso
Como o assédio ainda não aparece na CLT
nem no Código Penal, as raras ocorrências são
registradas nas delegacias como perturbação
da tranqüilidade ou constrangimento ilegal.
Existem meios dentro das organizações para
disseminar políticas contra esse tipo de prática,
apenas é necessário que pessoas e organiza
ções se conscientizem que o assédio sexual não
é definitivamente uma brincadeira de mau
gosto, nem uma birra pessoal, nem uma tara
incontrolável, nem um ato inconseqüente,
muito menos uma cantada infeliz.
Não negamos, absolutamente, o papel dos
tribunais, mas pensamos que as
organizações de hoje estão mais preparadas
para lidar com essa questão que suas
antecessoras dos anos 60, 70 e 80.
Existe uma evidente preocupação com a
qualidade do ambiente, dos relacionamentos,
até porque as empresas têm hoje uma
necessidade vital de ganhos de
produtividade e de eleva- ção do nível de
comprometimento de seus colaboradores .
A cantada é do signo da sedução e o
assédio da ordem autorit ária, perversa; a
primeira promete um acréscimo, a
vivência de uma experiência luminosa; o
segundo promete um castigo se não for
atendido em suas investidas.