Psicologia: Matrizes Teóricas

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Mapa Mental sobre Psicologia: Matrizes Teóricas, criado por Naiara Carolina Cruz em 12-12-2017.
Naiara Carolina Cruz
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Resumo de Recurso

Psicologia: Matrizes Teóricas
  1. Nascimento da Psicologia como ciência
    1. Wilhelm Wundt (1832-1920)

      Anotações:

      • Fundador do Laboratório de Psicologia na Universidade de Leipzig na Alemanha em 1879
      • Wundt é antes de tudo, um filósofo que formulou um sistema de filosofia incluindo uma lógica, uma teoria do conhecimento, uma ética e uma metafisica
      • O que é psicologia para Wundt? "Uma ciência empírica cujo objeto de estudo é a experiência imediata" Wundt entende por experiência em geral um todo unitário e coerente que pode ser concebido e elaborado cientificamente a partir de dois pontos de vistas distintos, porém complementares
      • Ao investigarmos detalhadamente a vida acadêmica de Wundt, percebemos claramente aonde reside a verdadeira justificativa, da sua eleição como fundador da psicologia científica. Não se trata da função do laboratório em si, mas daquilo que ele passou a representar a partir de então.
      1. ESTRUTURALISMO

        Anotações:

        • Um dos equívocos cometidos com mais frequência nos manuais de história da psicologia é a afirmação de que Wundt seria, ao lado de Titchener, um dos principais representantes do estruturalismo.
        1. Wundt

          Anotações:

          • Wundt pretendi fundar um novo campo de investigação científica, sem a influência deletéria das especulações metafisicas. Wundt sempre reivindicou para si o ato de fundação de uma nova psicologia, restrita ao campo da experiência possível. Foi ele, mais do que qualquer outra pessoa que lutou para fixar o significado de "psicologia" em conformidade com a tradição científica do século XIX na Alemanha
          • Para Wundt, a análise era apenas um meio de se alcançar a meta principal da psicologia, que era a descoberta das leis universais da vida psíquica em todas as suas manifestações. Além disso, quando rotulou seu sistema psicológico de voluntarismo,uma de suas maiores preocupações era manifestar sua insatisfação com a psicologia associacionista, que segundo ele era incapaz de explicar a dimensão afetiva (sentimentos) e volitiva (vontade) da vida mental.
          1. VOLUNTARISMO

            Anotações:

            • Influências: para inaugurar uma nova psicologia, autônoma e independente de teorias metafísicas, propôs uma psicologia que se atém somente à experiência psicológica propriamente dita, ou seja, só há a experiência, vista como um conjunto de processos interligados, e nada mais. Métodos de Investigação: experimento e a investigação Objeto: experiência imediata, ou seja, os processos psíquicos revelados na experiência. Que podem ser conhecida a partir de dois pontos de vistas distintos, porém complementares: objetivo  (experiência mediata) e subjetivo (experiência imediata) Problemas-chave: Psicologia individual ou experimental  e Psicologia dos povos (a linguagem, a religião, os mitos e os costumes)
          2. Titchener

            Anotações:

            • Para Titchener, a psicologia é fundamentalmente o estudo dos elementos da consciência através da introspecção. E tudo o que não puder ser relacionado com os elementos estruturais da consciência deve ser considerado da psicologia.
            • Titchener, mesmo considerando apenas a psicologia individual, acabou por se distanciar metodologicamente de Wundt, ao utilizar amplamente a introspecção criticada por ele. Outra divergência importante entre Wundt e Titchener, é que o último foi reconhecidamente um defensor do elementarismo e do associacionismo.
            • A análise ou decomposição dos processos psíquicos conscientes em seus elementos mais básicos ( estruturas fundamentais) e a descoberta dos seus mecanismos associativos subjacentes eram os objetivos últimos de sua psicologia estruturalista.
      2. FUNCIONALISMO - William James ( 1842 -1910)

        Anotações:

        • Nasceu em Nova York e falecei na cidade de Chocorua em sua casa de campo
        • Principais trabalhos: 1890: Os princípios da Psicologia 1892: Psicologia 1897: A vontade de crer
        • O termo "consciência" é geralmente usado para se referir á percepções que um individuo tem dos seus próprios pensamentos, sensações, sentimentos e memórias. O psicólogo americano William James comparou essas experiências diárias de consciência a um rio que flui continuamente, a despeito de ocasionais interrupções e mudanças de direção. As metáforas mais naturais para descrever o fenômeno são: "rio" ou "fluxo"
        • Em suma os conceitos de self, fluxo do pensamento e hábito fornecem indicações teóricas suficientes para a sustentação da importância de James para o funcionalismo
        1. Sabemos os significado de "Consciência" contanto que ninguém nos peça para defini-lo (William James)
          1. Abordagem: Análise da Consciência

            Anotações:

            • INFLUÊNCIAS: Empirismo Metáforas NaturalistasTeoria DarwinianaFisiologia Suas intenções funcionalistas se expressam na adoção parcial da máxima oriunda de Herbert Spencer
            1. Momento Psicológico ( 1870- 1890)

              Anotações:

              • O primeiro período tem como marco inicial a criação de um pequeno laboratório de psicologia em 1875, na Universidade de Harvard ( ao qual James nunca devotou muito interesse) O ponto culminante nesta época foi a publicação em 1890, de sua publicação teórica após 12 anos de elaboração minuciosa, nomeada "Os princípios de Psicologia". Um tratado de mais de mil paginas, aonde encontra-se as principais ideias de James sobre tópicos com: "hábito", "atenção", "fluxo do pensamento e "self"
              • SELF:  Em sua concepção, o self não é algo como uma esfera polida, com um espaço interior no qual cabem coisas, e mergulhada em um mundo que a delimita externamente. O eu, afirmou James, é apenas "o nome de uma posição"; uma espécie de perspectiva individual privilegiada a partir da qual o mundo é medido em suas distâncias.
              • James constrói uma noção de self caracterizada por certa fluidez: sem limites estabelecidos previamente e com as referências básicas de tempo e espaço definidas em função das ações das quais esse mesmo self é o autor. Nestes termos, a consciência teria como propriedades básicas: 1 )personalidade 2) o seu aspecto mutante 3) a continuidade 4) a referência aos objetos 5) o seu aspecto seletivo
              • CONCEITO DE HÁBITO:Sobre hábito, há três tópicos principais: 1º O destaque dado á sua base física ou neurofisiológica e sua participação tanto nos limites do aprendizado de novos hábitos como na modificação de hábitos antigos2º A apresentação do hábito como uma versão possível das ações adaptativas de um organismo em referência a um meio, ou seja, a ênfase sobre os aspectos funcionais do hábito.3º A possibilidade de alteração dos hábitos pela ação voluntária e os efeitos ético-morais a ela correspondentes " Um hábito adquirido, do ponto de vista fisiológico é nada mais que uma nova via de descarga formada no cérebro pela qual, desde então, certas correntes aferentes tendem a seguir" No segundo tópico, James revela a posição darwiniana ao destacar a utilidade adaptativa do hábito: "Primeiro, o hábito simplifica nossos movimentos, os faz acurados e diminui a fadiga, segundo o hábito diminui a atenção consciente com a qual a realizamos nossos atos" James enuncia sua segunda metáfora naturalista: "Hábitos dependem de sensações não atendidas" (James 1892, 143) Deixando a cargo do hábito toda uma série de atividades mais ou menos cotidianas ou banais, embora fundamentais á conservação da vida diária, o organismo reserva á vida mental plenamente consciente outras tarefas e esforços.
              1. Momento Filosófico (década de 1880)

                Anotações:

                • Mais por meio especificamente do seu pragmatismo que a orientação funcionalista ganha força.  Para o autor o pragmatismo seria: Primeiramente um método e em segundo lugar uma teoria genética do que se entende por verdade. (James, 1907, 25)
                • Em seu primeiro sentido significa: " A atitude de olhar além das primeiras coisas, dos princípios, das "categorias" das supostas necessidades; e de procurar pelas últimas coisas, frutos, consequências, fatos" ( James 1907, 21)
                • INFLUÊNCIA: O método pragmatista aqui exposto é originário do filósofo CHARLES SANDERS PEIRCE (1839-1914) Contudo, na sua apropriação há um deslocamento, pois, se para Peirce este visava apenas extrair as "regras de conduta" ou ações presentes nos diversos conceitos, para James este representava o estudo das modificações na experiência trazidas pelas teorias, em especial as metafísicas e religiosas 
                1. O PRAGMATISMO

                  Anotações:

                  • Para James a teoria da verdade, ou o segundo sentido par o termo pragmatismo é tida como consequência natural do seu primeiro sentido, enquanto  método. Se o método pragmático une o significado á conduta, a teoria pragmática da verdade implica a boa conduta em seu sentido adaptativo.
                  • O pragmatismo , deve-se em seguida: quais são as relações dessa forma de pensar o conhecimento com o movimento funcionalista?
                  • INFLUENCIADORES DO PENSAMENTO PRAGMÁTICO: Charles S. Peirce Jhon Dewey
                  1. Que implicação o pragmatismo tem para a constituição dos funcionalismos?

                    Anotações:

                    • A tese defendida é que dentro desses novos referenciais, a consciência e a experiência não são mais abordáveis no afã analítico de decompô-las em seus elementos mínimos, a fim de distinguir a verdade das ilusões. É desta maneira que ela passa a ser considerada a partir da sua função em um duplo sentido: enquanto um processo dinâmico (um ato) e como processo orgânico dotado de finalidade adaptativa. Aqui, a experiência consciente se coloca conforme uma nova questão: para que serve? Como opera? Qual é a sua função biológica?
            2. "A consciência não se apresenta a si mesma em pedaços...A Consciência não é feita de remendos, ela flui" (William James)
              1. "Na perspectiva jamesiana, o que um organismo é, ou deixa de ser, decorre das funções que exerce e das interações com um dado ambiente "
              2. BEHAVIORISMO
                1. James Mark Baldwin

                  Anotações:

                  • 1861-1934  Seus principais estudos de Psicologia foram realizados a partir da última década do século XIX. Baldwin, foi uma figura importante no estudo do desenvolvimento mental de crianças, tendo realizado ele mesmo pela primeira vez na história da psicologia, experimentos usando crianças como sujeitos.
                  1. Edward Lee Thorndike

                    Anotações:

                    • 1874-1949 Um dos estudiosos mais destacados da época. Ele foi um dos pioneiros na realização de experimentos controlados com descrição detalhada das atividades dos animais sem se deter na introspecção como abordagem, formulando assim: "A lei do efeito" Apesar de fazer uso de experimentos controlados e de trabalhar com dados empíricos Thorndike foi criticado, posteriormente por utilizar termos ainda mentalistas como " satisfação" e "desconforto" em suas explicações. Tais explicações, contudo eram cada vez menos aceitas por um grupo de autores que buscava alternativas para modelos mentalistas e introspeccionistas. Essa busca culminou no surgimento de uma nova maneira de pensar e se trabalhar a psicologia: O BEHAVIORISMO
                    1. "O que precisamos fazer é começar a trabalhar na psicologia fazendo do comportamento, e não da consciência, o ponto objetivo do nosso ataque " JOHN BROADUS WATSON

                      Anotações:

                      • Jhon Watson - (1878-1958) Ele propõe que a psicologia seja uma ciência empírica e que leve a generalizações amplas sobre o comportamento humano, mantendo-se a uniformidade do procedimento experimental, para que os experimentos dos psicólogos possam, assim como os dos físicos e químicos, ser replicados em qualquel laboratório.
                      •  Os experimentos desenvolvidos nos tradicionais laboratórios de psicologia tinham como função detectar processos e conteúdos mentais que estivessem envolvidos na percepção, na memória, etc, e não verificar o modo como o ser humano responde a situações em um ambiente complexo.  Para Watson, conceitos como imaginação, julgamento e raciocínio não deveriam ser tomados como objetos de estudo pela ciência da psicologia.
                      1. WATSON

                        Anotações:

                        • A primeira fases do trabalho de Watson é marcada por grande interesse na psicologia animal. Porém,preocupado em dar ao Behaviorismo um valor prático que ultrapassasse as barreiras dos laboratórios acadêmicos, Watson estende seus estudos aos sujeitos humanos.
                        • Mais tarde, na década de 1920, o interesse do autor muda para o estudo de crianças. Watson propôs que ao nascer, a criança conta com apenas três reações básicas: amor, raiva e medo. Por meio dessas reações o ambiente seria responsável pela formação dos hábitos. Segundo o autor as pessoas, ao entrarem em contato com o ambiente que as cerca - tanto o ambiente interno (músculos, glândulas, etc) quanto ao externo (os objetos do mundo exterior) aprendem a responder aos estímulos particulares do mesmo. Quando exposta a mesma situação novamente, a pessoa realiza as mesmas ações de forma mais rápida e com a necessidade de menos movimentos, diz-se que a pessoa formou um hábito para lidar com essa situação.
                        • Watson considerava o comportamento como um campo de estudo muito novo, e que concepções como "mente" e " consciência", ainda não haviam sido abolidas de outros campos do saber, como a filosofia, poe exemplo. Além disso apresenta conceitos como "estímulo" e "resposta" mostrando como uma resposta pode ser condicionada a um estímulo específico, que tipo de resposta podemos apresentar, e trata dos reflexos  condicionados estudados por Ivan P. Pavlov.
                        1. Influênciadores:

                          Anotações:

                          • IVAN PETROVIC PAVLOV: A proposição do reflexo condicionado. Ivan Pavlov nasceu em Ryazan, na Rússia. Como filho de um sacerdote, foi educado até os 11 anos de idade pelo pai, seguindo para um seminário onde estudou teologia. Aos 21 anos preferiu explorar novas possibilidades. Influenciado pelas idéias de Charles Darwin. Optou por estudar medicina, especializando-se em fisiologia animal.  Num primeiro momento, Pavlov focalizou esforços no estudo da atividade do sistema nervoso sobre o músculo cardíaco. Em seguida passou ao estudo do sistema endócrino, campo que lhe rendeu a publicação, em 1897, de O trabalho das glândulas digestivas, que foi agraciado com o Prêmio Nobel de Fisiologia em 1904.
                          • A partir das investigações acerca das glândulas digestivas, por volta de 1900, Pavlov constatava as diferenças na composição salivar de cães. Estava convencido que isso decorria do tipo de estimulação efetuada na cavidade bucal (no caso, as estimulações mecânica, térmica e química dos receptores sensoriais) e tinha à mão uma explicação tipicamente biológica para o fenômeno. Contudo, observava que os sujeitos, às vezes, salivavam em circunstâncias que não poderiam ser descritas nos termos da teoria do arco-reflexo. Os cães salivavam antes de entrarem em contato direto com FÍSTULA: técnica desenvolvida por D. D. Glinsky em 1895, que consistia em fazer aberturas cirúrgicas em tecidos do organismo para facilitar a observação de processos fisiológicos. 172 173 o alimento (ou seja, a presença do alimento na boca). Para tal bastava que os sujeitos vissem, ouvissem, cheirassem quaisquer elementos do ambiente experimental que se relacionassem de alguma forma com o alimento. Esse não era um processo de estimulação fisiológica típico, ou seja, um processo no qual haveria um contato direto entre as propriedades físicas dos elementos e os órgãos receptores sensoriais. Assim, as secreções observadas por Pavlov derivavam de alguma forma de estimulação não fisiológica. Eram conhecidas como secreções psíquicas. 
                          • REFLEXO CONDICIONADO Pavlov descobriu que qualquer estímulo não aversivo poderia provocar respostas reflexas em seus sujeitos, desde que condicionadas corretamente. Por exemplo: um som (até então um estímulo neutro) é apresentado ao sujeito. Poucos instantes depois (digamos, 5 segundos), é apresentado o alimento (estímulo incondicionado). É óbvio que o sujeito salivará apenas diante do estímulo incondicionado num momento inicial. Repetindo-se os emparelhamentos entre o estímulo neutro e o estímulo incondicionado, o estímulo neutro será capaz de eliciar a salivação. Quando isto ocorre, o estímulo neutro se torna um estímulo condicionado, passando então a produzir respostas condicionadas. O desafio, a partir daí, passou a ser a determinação e a identificação dos limites dentro dos quais operava o condicionamento, tais como a intensidade e outras propriedades dos estímulos, as relações temporais entre o estímulo original e o novo que adquiria condicionalmente o poder de eliciar a resposta etc. O trabalho de Pavlov ocasionou mudanças na psicologia moderna ao estabelecer medidas mais exatas, com a utilização de uma unidade mínima de análise; uma terminologia mais precisa para se referir ao que denominava fenômenos psicológicos, como por exemplo estímulo, resposta e ambiente; uma maior clareza na delimitação do objeto de estudo; e, por fim, uma metodologia indispensável para a expansão posterior das teorias behavioristas
                          1. B. F SKINNER

                            Anotações:

                            • B. F. SKINNER (1904-1990) graduou-se em inglês no Hamilton College e decidiu seguir a carreira de escritor. Após algumas tentativas frustradas, a escrita, como atividade profissional, foi deixada de lado. Skinner ingressou no curso de psicologia da Universidade de Harvard em 1928 e doutorou-se em 1931
                            • Os resultados de Skinner em suas pesquisas sobre o comportamento reordenavam as considerações feitas sobre esse objeto de estudo até então. O comportamento dos organismos não seria influenciado apenas por alterações ambientais antecedentes, como proposto pela psicologia estímuloresposta, baseada no paradigma reflexo. Grande parte do comportamento seria influenciada por suas conseqüências. Um organismo, ao comportar-se, produz modificações no ambiente que, por sua vez, alteram a forma como o indivíduo se comporta. É neste sentido que, na perspectiva skinneriana, podese dizer que o organismo produz o meio que o determina. 
                            • A noção de comportamento operante descreve a ação do organismo sobre o meio do qual emergem as conseqüências últimas de seu comportamento. No entanto, quando se trata de sujeitos humanos, deve-se considerar uma forma de comportamento operante distintiva, que age indiretamente sobre o meio, ou seja, que age inicialmente sobre outros seres humanos. Denomina-se esse tipo de operante COMPORTAMENTO VERBAL.
                            • Segundo Skinner, o comportamento humano é selecionado não apenas para atender a necessidades de sobrevivência imediata – sendo esta apenas um tipo de conseqüência seletiva – como também para se adaptar a situações futuras. Os diversos tipos de ambientes com os quais nos deparamos ao longo da vida exigiriam que nosso comportamento também esteja em constante mutação, fazendo com que cada pessoa, entrando em contato com CONTINGÊNCIAS específicas, se torne única, comportando-se de forma distinta das outras pessoas. Duas pessoas, mesmo que possuam idêntico dote genético, não teriam a mesma história de relação com o ambiente, simplesmente pelo fato de ocuparem locais diferentes no ESPAÇO. 
                            1. Os homens agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez, são modificados pelas conseqüências de suas ações. Skinner, 1957: 15
                        2. GESTALT

                          Anotações:

                          • No final do século XIX, iniciou-se na psicologia um movimento centrado na tese de que o estudo da experiência deveria incidir sobre algo mais do que as sensações. É certo que esta tese já estava presente nos trabalhos de Wundt, em particular naqueles dedicados à psicologia dos povos. No entanto, no final do século XIX e início do século XX, uma polêmica marca o campo da psicologia: aquela que consistia na distinção entre atos e conteúdos da experiência. Ainda que reconhecendo os limites da sensação para a definição da experiência psicológica, Wundt admitia ser a sensação um conteúdo da experiência. 
                          • Diferentemente da Escola de Graz e das afirmações de Ehrenfels, a Escola de Berlim, ou o gestaltismo propriamente dito, investiga a experiência psicológica tomando como referência não a noção de sensação, mas sim aquilo que aparece tal e qual aparece na experiência perceptiva do sujeito ingênuo. O que significa esta afirmativa? Significa que para os integrantes da Escola de Berlim a tarefa da psicologia é dar conta da percepção tal como é vivenciada por cada um de nós. Nossa experiência perceptiva é marcada por relações de sentido e de valor e não apenas por um acúmulo de sensações. Os principais integrantes da Escola de Berlim foram WOLFANG KOHLER, MAX WERTHEIMER e KURT KOFFKA.
                          • O aspecto significativo da experiência foi apontado por Max Wertheimer em 1912 quando estudava a percepção do movimento. Considere dois focos de luz (A) e (B) próximos no espaço. Se acendermos (A) e, após um intervalo de tempo de 30 a 200 milésimos de segundo, acendermos (B), perceberemos um movimento que “vai de (A) para (B)”. É o que ocorre, por exemplo, quando vamos ao cinema. Sabemos que o filme é composto por fotogramas separados que quando apresentados numa certa relação de proximidade temporal, resultam na percepção do movimento. Segundo Wertheimer, a percepção do movimento implica uma experiência interessante e instrutiva para as pesquisas psicológicas porque tal compreensão não se faz através da noção de sensação, já que, como vimos, as sensações são desprovidas de sentido, de ordem, e na percepção do movimento experimentamos naquilo que é percebido uma relação de sentido, de pertinência. Para Wertheimer, essa experiência perceptiva tampouco pode ser explicada através de uma atividade intelectual capaz de produzir relações entre as sensações. Isso porque, seguindo o ponto de vista do sujeito ingênuo, a ordem é experimentada como uma relação inerente ao percebido, sem que seja necessário recorrer a qualquer atividade intelectual para produzi-la. Desse modo, Wertheimer levanta o problema da organização da experiência psicológica sem fazer menção nem à noção de sensação, nem à hipótese da constância, nem à idéia de síntese, isto é, um tipo de vínculo entre as sensações que é produzido por uma atividade intelectual, tal como ocorre, por exemplo, na opinião dos integrantes da Escola de Graz. 
                          • Ao recusar a hipótese da constância como eixo explicativo para o problema da experiência, o gestaltismo afirma um novo léxico, no qual este problema deve ser traduzido. Já não se trata mais de referir o percebido a WOLFANG KOHLER (1887-1967). Obteve seu doutorado em Berlim com uma tese sobre psicoacústica orientada por Stumpf. Em Frankfurt Kohler conheceu Wertheimer e Koffka. Em 1913 foi para a África realizar pesquisas sobre a cognição dos chimpanzés. A Primeira Guerra Mundial retardou o retorno de Kohler à Alemanha, o que só ocorreu nos anos 1920. Em 1934 Kohler foi para os Estados Unidos e em 1959 foi eleito presidente da American Psychological Association. Com a morte de Wertheimer e de Koffka, Kohler tornou-se o principal porta-voz da Escola de Berlim. MAX WERTHEIMER (1880-1943) nasceu em Praga. Em 1904 concluiu seu doutorado em Wurzburgo. Conduziu diversos experimentos sobre percepção. Em 1933, com a ascensão do nazismo, Wertheimer deixou a Alemanha e foi para os Estados Unidos. Seu livro O pensamento produtivo foi publicado postumamente em 1945. KURT KOFFKA (1886-1941) nasceu em Berlim. Psicólogo, foi co-fundador, junto com Kohler e Wertheimer, do gestaltismo. Entre os anos de 1911 e 1924 esteve associado à Universidade de Giessen e serviu como sujeito dos experimentos nos trabalhos sobre percepção levados a cabo por Wertheimer. Em 1921 publicou Die Grundlagen der psychischen Entwicklung, livro que tratava de aplicar os princípios da psicologia da Gestalt ao problema da organização cognitiva das crianças. Em 1924 iniciou uma série de visitas aos Estados Unidos e em 1927 foi nomeado professor de psicologia do Smith College em Northampton, onde trabalhou até a sua morte. Em 1935 publicou Principles of Gestalt Psychology. Vale destacar que o fato de que os principais autores gestaltistas tenham emigrado para os Estados Unidos e, neste país, ido para diferentes lugares é apontado por alguns pesquisadores como uma das causas de uma certa dispersão e mesmo do declínio do gestaltismo no século XX. 308 309 um dado físico preconcebido como verdadeiro. Ao contrário, trata-se de ler no próprio percebido o sentido que ele intrinsecamente revela. O estudo da experiência nos parâmetros gestaltistas implica de saída não uma adequação a um dado físico, mas sim a explicitação do sentido intrínseco que o percebido assume na perspectiva do sujeito ingênuo. Mais do que puramente negativa, a recusa da hipótese da constância possui um caráter positivo: inaugura o mundo percebido como um espaço legítimo de conhecimento. 
                          • A psicologia da Gestalt, por oposição à orientação clássica em psicologia, caracteriza-se por promover uma integração entre ciência e experiência. Na perspectiva clássica, presente tanto nos trabalhos de Ehrenfels quanto nos da Escola de Graz, havia um distanciamento entre o universo científico e o universo percebido. Tal distanciamento seria responsável por um esvaziamento 308 309 dos conceitos científicos, isto é, estes ficariam restritos ao laboratório. Ao reverter a orientação metódica da psicologia propondo como seu primeiro passo a descrição das vivências, o gestaltismo propõe mais do que uma simples inversão metodológica. É a própria concepção de cientificidade da psicologia que é modificada. A ciência psicológica ergue-se a partir de questões propostas no âmbito mesmo das vivências psicológicas. Assim, a concepção de ciência proposta pelo gestaltismo, longe de ser importada de um modelo físico preconcebido, é abstraída de questões referidas intrinsecamente ao fenômeno psicológico. A novidade do gestaltismo reside nessa nova relação entre ciência e vida – e note-se que vida, neste caso, tem o mesmo sentido que vivência. 
                          1. FRANZ BRETANO 1838-1917

                            Anotações:

                            • Diferentemente deste enfoque, Franz BRENTANO afirmava uma distinção entre os atos e os conteúdos da experiência. Para ele os conteúdos não seriam psíquicos, mas físicos. A psicologia deveria investigar não o conteúdo da experiência, não as representações, mas sim o ato de representar. A distinção entre ato e conteúdo tornou-se fundamental para a compreensão da experiência psicológica. A Escola de Wurzburgo, no início do século XX, sob a influência de Brentano, afirmava a existência do pensamento A FÍSICA mecanicista do século XVII inaugura importante distinção, que será retomada pela psicologia dois séculos depois. Trata-se da distinção entre a verdadeira realidade e o conteúdo da percepção. Dito de outro modo, a verdadeira realidade não se identifica com o conteúdo da percepção, mas decorre do exercício de um cálculo. Assim, para se conhecer a verdadeira realidade é necessário reduzir as ilusões da experiência sensível usual a fim de se chegar ao conhecimento matemático, responsável pelo conhecimento da verdadeira realidade. A física de Galileu é considerada um marco epistemológico fundamental para o estabelecimento desta distinção. FRANZ BRENTANO (1838-1917), filósofo alemão dedicou parte da vida ao sacerdócio, o qual deixou no ano de 1873. No período de 1866 até 1873 foi professor de filosofia em Wurzburgo. Em 1874 tornou-se professor de filosofia em Viena. Nesse mesmo ano publicou seu famoso livro A psicologia do ponto de vista empírico. 302 303 sem imagem, passível de ser estudado através da introspecção experimental. Afirmar a existência de um pensamento sem imagem era ir de encontro a toda tradição da psicologia do conteúdo que acreditava que o pensamento, assim como a experiência psicológica, era em maior ou menor medida herdeiro da sensação. Foi no contexto dessa distinção entre ato e conteúdo que a noção de estrutura começou a se desenhar como uma chave para o estudo da experiência, promovendo um deslocamento no campo das pesquisas: já não se tratava de definir a experiência através das sensações, mas sim de sublinhar a importância das relações entre as sensações. Esse deslocamento do foco de atenção das pesquisas é fundamental para que possamos compreender o alcance das pesquisas propostas pelo gestaltismo.
                            1. WOLFGANG KOHLER (1887-1967)

                              Anotações:

                              • WOLFANG KOHLER (1887-1967). Obteve seu doutorado em Berlim com uma tese sobre psicoacústica orientada por Stumpf. Em Frankfurt Kohler conheceu Wertheimer e Koffka. Em 1913 foi para a África realizar pesquisas sobre a cognição dos chimpanzés. A Primeira Guerra Mundial retardou o retorno de Kohler à Alemanha, o que só ocorreu nos anos 1920. Em 1934 Kohler foi para os Estados Unidos e em 1959 foi eleito presidente da American Psychological Association. Com a morte de Wertheimer e de Koffka, Kohler tornou-se o principal porta-voz da Escola de Berlim.
                              • O sentido da palavra Gestalt adotada por Kohler (1980), e pelos outros representantes da Escola de Berlim, expressa o caráter imanente e autóctone da organização. Na língua alemã, a palavra Gestalt possui dois significados: “além do sentido de forma ou feitio como atributo de coisas, tem a significação de uma unidade concreta per se…” (Kohler, 1980: 104). Assim sendo, não há um primeiro momento a-significativo – arbitrariamente considerado como objetivo. As representações são de saída organizadas e significativas e se apresentam na perspectiva do leigo apenas deste modo. É neste ponto que podemos dizer que o gestaltismo rompe com as perspectivas anteriores que lidavam com a noção de forma ou estrutura numa dimensão adjetiva ou qualitativa, isto é, como relações que se sobrepõem ao plano das sensações. Para o gestaltismo, a experiência é imediatamente organizada. O que percebemos são relações e não sensações. Desse modo, podemos dizer que para o gestaltismo, a forma é substantiva e não adjetiva.
                              1. MAX WERTHEIMER (1880-1943)

                                Anotações:

                                • MAX WERTHEIMER (1880-1943) nasceu em Praga. Em 1904 concluiu seu doutorado em Wurzburgo. Conduziu diversos experimentos sobre percepção. Em 1933, com a ascensão do nazismo, Wertheimer deixou a Alemanha e foi para os Estados Unidos. Seu livro O pensamento produtivo foi publicado postumamente em 1945.
                                1. KURT KOFFKA (1886-1941)

                                  Anotações:

                                  • KURT KOFFKA (1886-1941) nasceu em Berlim. Psicólogo, foi co-fundador, junto com Kohler e Wertheimer, do gestaltismo. Entre os anos de 1911 e 1924 esteve associado à Universidade de Giessen e serviu como sujeito dos experimentos nos trabalhos sobre percepção levados a cabo por Wertheimer. Em 1921 publicou Die Grundlagen der psychischen Entwicklung, livro que tratava de aplicar os princípios da psicologia da Gestalt ao problema da organização cognitiva das crianças. Em 1924 iniciou uma série de visitas aos Estados Unidos e em 1927 foi nomeado professor de psicologia do Smith College em Northampton, onde trabalhou até a sua morte. Em 1935 publicou Principles of Gestalt Psychology. Vale destacar que o fato de que os principais autores gestaltistas tenham emigrado para os Estados Unidos e, neste país, ido para diferentes lugares é apontado por alguns pesquisadores como uma das causas de uma certa dispersão e mesmo do declínio do gestaltismo no século XX.
                                  •  ponto de vista explicativo. Koffka (1924) afirma que a proposta metodológica da teoria da forma consiste em derivar “fatos explicativos” dos “fatos descritivos”. Neste sentido, podemos dizer que o gestaltismo lança mão da hipótese do isomorfismo psicofísico para dar conta de explicar aquilo que ocorre no plano das vivências. Lembremos que o termo isomorfismo indica a idéia de uma “mesma” (iso-) “forma” (-morfismo). Assim sendo, do ponto de vista do isomorfismo, os processos psicofísicos são marcados por uma identidade de forma, isto é, há uma homogeneidade de estruturas entre o fenômeno psicológico e o acontecimento fisiológico. 
                            2. PSICANÁLISE

                              Anotações:

                              • É difícil abordar o solo cultural do qual provém a psicanálise sem mencionar a biografia de seu criador. Evidentemente, não se está sugerindo que Freud é uma criatura excepcional, um gênio capaz de criar uma teoria inteira a partir do nada (ex-nihilo) ou, o que dá no mesmo, unicamente a partir de si mesmo. Daí nosso esforço em retomar alguns elementos de seu contexto cultural para entender as condições de emergência do saber e da prática psicanalítica. No entanto, o recurso a algumas informações biográficas parece, nesse caso, indispensável, pois a teoria freudiana encontra-se indissociavelmente mesclada à trajetória pessoal de seu fundador. Em outras palavras, o arcabouço conceitual da psicanálise, assim como a prática clínica que lhe é correlata, tem parte importante de suas raízes nas experiências vividas por Freud e por ele tomadas como material de elaboração psíquica e reflexão teórica. Claro que a obra de Freud comporta, desde o início, conceitos formulados em um nível mais elevado de abstração, isto é, distanciados da experiência empírica; é o 372 373 que ele designa como “METAPSICOLOGIA” – a dimensão mais teórica da teoria. Porém, as noções e hipóteses metapsicológicas são forjadas e articuladas de maneira a constituir modelos para a compreensão de fenômenos psíquicos que povoam a clínica e a vida quotidiana
                              1. SIGMUND FREUD (1856-1939)

                                Anotações:

                                • Freud nasceu em Freiberg (atual Pribor, na República Tcheca), mas sua família mudou-se para Viena quando ele tinha três anos de idade. A capital austríaca foi, pois, seu lar durante praticamente a vida toda. Ele só deixa a cidade após a ocupação nazista, em 1938; já doente e idoso, instala-se em Londres, onde vem a falecer em setembro do ano seguinte
                                •  Freud nasceu em uma família judia. Embora fosse AGNÓSTICO e não observasse nenhuma prática religiosa ou festa tradicional, é certo que essa origem marcou fortemente a psicanálise. Na visão do próprio Freud, o fato de ser judeu lhe conferia algumas disposições psíquicas (como a tendência à crítica e à independência intelectual) imprescindíveis para sustentar a fundação de uma nova e polêmica ciência. Em termos mais sociológicos, a condição judaica é um dado relevante na medida em que explica certos movimentos da trajetória profissional de Freud (por exemplo, sua ascensão na carreira universitária foi bastante lenta por conta do anti-semitismo sempre presente, de forma mais ou menos velada, na sociedade vienense
                                • INFLUENCIADORES DE FREUD  A arte sempre atraiu Freud, esculturas, pinturas, além claro de ser um grande apreciador da literatura. A vertente humanística e literária da formação de Freud acaba se mesclando e servindo de contraponto a uma outra tendência que entra em cena quando do ingresso na Faculdade de Medicina, em 1873. Os estudos universitários introduzem o jovem Freud na fortíssima tradição da CIÊNCIA EXPERIMENTAL E POSITIVISTA hegemônica entre seus mestres. Se no início ainda teve interesse pelos estudos filosóficos (freqüentou os seminários do filósofo FRANZ BRENTANO durante cerca de três anos), aos poucos foi se convertendo ao materialismo que embasava as ciências naturais, inclusive as áreas de pesquisa por ele percorridas, como fisiologia, anatomia cerebral, neurologia e psiquiatria. O marco decisivo nesse trajeto é o estágio realizado entre 1876 e 1882 no Instituto de Fisiologia dirigido por Ernest Brücke (1819-1892). Esse médico e fisiologista é um dos grandes nomes do positivismo germânico, ardente defensor do FISICALISMO. Em seguida, Freud foi aluno de Theodor Meynert (1833-1892), líder de uma psiquiatria que hoje chamaríamos de “organicista”, pois tendia a reduzir os fenômenos psicológicos e psicopatológicos a seu substrato orgânico (no caso, cerebral). 
                                1. Diretrizes básicas do tratamento psicanalítico

                                  Anotações:

                                  • Assim, na última década do século XIX, Freud é um homem já maduro quando propõe as noções que constituirão os alicerces fundamentais da psicanálise; inconsciente, repressão, sexualidade infantil, relação entre sintomas neuróticos e fenômenos da vida psíquica “normal”, – tudo isso se encontra razoavelmente esboçado por volta de 1900. 
                                  • Os Estudos sobre a histeria (1895), publicação em co-autoria com o JOSEPH BREUER, trazem relatos sobre vários tratamentos conduzidos pelos autores, em geral com pacientes histéricas atormentadas por múltiplos sintomas, inclusive corporais (como paralisias). Deduz-se que tais sintomas são formados a partir da repressão de certas lembranças que, não podendo ser integradas na história dessas mulheres, “retornam” no corpo, simbolizadas nos e pelos sintomas. Nessa época, Freud e Breuer empregavam a hipnose para obter acesso a materiais que pudessem estar na origem dos sintomas. Durante o transe hipnótico surgiam lembranças que, uma vez relatadas e revividas afetivamente, auxiliavam na elucidação e mesmo na eliminação de certos sintomas. É o que se chama de “método catártico”: sob hipnose, o paciente recorda e revive um evento que lhe foi traumático, externalizando e descarregando afetos não manifestados por ocasião do trauma; tal descarga emocional é denominada ab-reação. 
                                  • Freud, porém, tinha algumas ressalvas em relação ao uso da hipnose: nem todos os pacientes eram hipnotizáveis e a eliminação dos sintomas revelara-se apenas provisória ou parcial. Mas o principal motivo que o leva a abandonar definitivamente esse método é o fato de considerá-lo um meio artificial de neutralizar a resistência. Ou seja, a hipnose encobre a existência de uma força/barreira que ativamente impede o acesso aos conteúdos reprimidos. Para Freud, é preciso encontrar um meio que permita a dissolução gradual das resistências, de maneira a que o conteúdo reprimido possa ir se tornando consciente sem suscitar o mesmo desprazer ou angústia que motivou sua repressão. Por isso, a partir de 1896, Freud passa a empregar o método da associação livre (ou livre associação), que será considerada a regra fundamental do tratamento psicanalítico: ele solicita a seus pacientes que, deitados em um divã e de costas para o psicanalista, digam livremente tudo o que lhes ocorrer à mente, sem qualquer tipo de censura ou inibição, mesmo que as idéias assim surgidas pareçam absurdas ou triviais. Freud verifica que tais idéias, na verdade, vão se encadeando e se remetendo umas às outras, de modo a ir formando cadeias associativas que tendem a se entrecruzar. Assim, iriam emergindo elementos que possibilitariam a constituição e reconstituição de múltiplas redes de sentido sob as ocorrências ou fenômenos mais (aparentemente) banais. No fundo, ele supõe que as associações livres não se dão ao acaso (não sendo, portanto, exatamente livres...); ao contrário, acredita em um “determinismo psíquico”, isto é, que no psiquismo tudo possui ou remete a um sentido latente. 
                                  • De todo modo, e aqui chegamos a outro aspecto crucial da teoria psicanalítica, a análise das neuroses e das demais formações do inconsciente vai apontando a Freud que o material reprimido tende a ser, sobretudo, de natureza sexual. Ao longo da década de 1890, Freud vinha investigando a etiologia sexual da histeria e demais psiconeuroses; também A interpretação dos sonhos mostrara que os desejos reprimidos que se realizavam de forma disfarçada nos sonhos eram primordialmente de caráter sexual e infantil. Mas é em 1905 que traz a público seus Três ensaios para uma teoria da sexualidade, texto em que definitivamente situa a sexualidade como base da vida psíquica humana. Freud afirma inúmeras vezes que entende a sexualidade em um sentido “amplo”, e não simplesmente como o conjunto de atividades ligadas à genitalidade e à finalidade procriativa – daí, inclusive, a possibilidade de reconhecer a existência de uma sexualidade infantil. A psicanálise efetua uma verdadeira ruptura naquilo mesmo que até então se considerava sexualidade, alvo de vários discursos normativos, como o da sexologia e o da criminologia. Ao contrário destes, que priorizavam a explicação dos desvios sexuais com base em teorias da hereditariedade e da degenerescência, a concepção psicanalítica da sexualidade embaralha as fronteiras entre normal/patológico, bem como prescinde da categoria de instinto sexual (impulso pré-formado, comum à espécie como um todo, dotado de objeto e finalidade fixos). A concepção freudiana da sexualidade opera deslocamentos importantes em vários níveis: da genitalidade para o corpo em geral, no qual se destacam algumas zonas erógenas (como a boca e o ânus); do adulto para a criança, em quem se identificam formas variadas de exercício do auto-erotismo; e, importantíssimo, do registro da necessidade para o registro do “prazer”. De início, o prazer surge como um acréscimo marginal à satisfação de uma função vital – ao mamar, por exemplo, o bebê tem saciada sua fome, mas o contato com o mamilo materno e o contato com o fluxo de leite morno acabam por lhe proporcionar um prazer a mais, que passa a ser buscado como fim em si mesmo
                              2. A PSICOLOGIA SOCIAL NA ATUALIDADE

                                Anotações:

                                • A psicologia é usualmente definida como ciência do comportamento humano e a psicologia social como aquele ramo dessa ciência que lida com a interação humana. Um dos maiores propósitos da ciência é o estabelecimento de leis gerais por meio da observação sistemática. Para o psicólogo social, tais leis gerais são desenvolvidas a fim de descrever e explicar a interação social. Essa visão tradicional da lei científica repete-se de uma ou outra forma em quase todas as pesquisas fundamentais do campo. 
                                • A psicologia social é principalmente um inquérito histórico. Diferentemente das ciências naturais, ela lida com fatos que são em grande medida irrepetíveis e notadamente instáveis. Os princípios da interação humana dificilmente podem ser desenvolvidos porque os fatos sobre os quais são baseados geralmente não permanecem estáveis. O conhecimento não pode ser acumulado, no sentido usual, porque tal conhecimento geralmente não transcende seus limites históricos.
                                1. Kurt Lewin

                                  Anotações:

                                  • O psicólogo defensor de uma mudança social positiva Kurt Lewin (1890-1947) nasceu em Mogilmo, Alemanha, doutorou-se em Psicologia pela Universidade de Berlim, onde também estudou Matemática e Física. Foi professor de Psicologia Infantil na Child Welfare Research Station, em Iowa, até 1944. Trabalhou no MIT, fundando o centro de pesquisa National Laboratories for Group Dynamics. Em seus 30 anos de atividade profissional, Lewin dedicou-se à área amplamente definida da motivação humana. Suas pesquisas enfatizam o estudo do comportamento em seu contexto físico e social total.Kurt Lewin foi o psicólogo que deixou a herança mais importante para o movimento das Ciências do Comportamento. Ele constituiu a passagem das Relações Humanas para o movimento seguinte, orientou e inspirou a maior parte dos pesquisadores dedicados à Administração e à Psicologia Industrial da década de 1960. Com Gordon Allport, Lewin foi a maior influência para a introdução da Psicologia Gestalt nas Universidades americanas. Postulou em seus escritos um estado de equilíbrio entre a pessoa e seu ambiente. Quando esse equilíbrio é perturbado, surge uma tensão que leva a algum movimento, numa tentativa de restaurar o equilíbrio. Lewin queria utilizar um modelo matemático para representar sua concepção teórica dos processos psicológicos. Ele escolheu uma forma de Geometria, chamada topologia, para mapear o espaço vital a fim de mostrar, a qualquer momento, os alvos possíveis da pessoa e os caminhos que levam a eles. Kurt Lewin é também citado como o "pai" da pesquisa-ação. Ele tinha muito interesse na relação da justiça social e a investigação rigorosa – especialmente após perder sua família na Alemanha. Desejava investigar algo que fosse relevante para a realidade e imediatamente aplicável e útil. Queria desenvolver modelos úteis de investigação – modelos úteis para fazer e responder perguntas. Baseado em seus interesses e trabalhos de investigação prévios, conduziu com seus estudantes (1946) o desenvolvimento de uma metodologia de investigação chamada pesquisa-ação. A pesquisa-ação tem seu foco na informação, interação, colaboração. Constitui-se de múltiplos passos para investigação e solução de problemas. É uma forma de comprovar as idéias na prática como meio de melhorar e incrementar o conhecimento acerca de um tema. Consiste em quatro passos: Planejamento, Ação, Observação e Reflexão. É um processo colaborativo no qual os membros de uma equipe de pesquisa-ação trabalham juntos para solucionar um problema refletindo criticamente sobre suas ações e suposições; recopilam a informação acerca de seus comportamentos, ações, resultados e julgamentos.
                                  1. Nós precisamos uns dos outros. Esse tipo de interdependência é o maior desafio imposto á maturidade do individuo e do funcionamento do grupo (Kurt Lewin
                                  2. Solomon Asch

                                    Anotações:

                                    • Solomon Asch, psicólogo americano, nasceu em 1907, no seio de uma família judia em Varsóvia – Polónia – . Emigrou para os Estados Unidos em 1920, aos 13 anos. Viveu com a sua família em Manhattan – East Side – e aprendeu a língua inglesa lendo Charles Dickens (1812 – 1870). Em 1928, Solomon Asch obteve a sua licenciatura em psicologia em Nova Iorque e doutorou-se na Universidade da Colômbia em 1932, com 25 anos. Foi influenciado por Max Wertheimer (1880 – 1943) para a Teoria da Gestalt. Essa influência marcou a sua vida como psicólogo social.   Como professor de psicologia deu aulas no Swarthmore College em 1947 e no Instituto tecnológico de Massachusetts. Na Universidade de Harvard, dirigiu a tese de doutoramento de Stanley Milgram, antes de passar à Universidade da Pensilvania.
                                    • Dos seus estudos e análise de grupos e como psicólogo social, Asch Solomon defendeu que o ser humano tem tendência para se conformar, quando a maioria das pessoas à sua volta têm uma opinião diferente daquela em que um individuo acredita e com a qual se identifica. Segundo Ash Solomon, o grupo no qual um individuo está inserido exerce uma forte influência sobre todos os seus membros. Um individuo por estar inserido em determinado grupo será fortemente impelido a pensar de forma contrária às suas convicções e a seguir em conformidade com a maioria do grupo, podendo mesmo convencer-se disso.   Asch Solomon ficou conhecido pelo seu trabalho em psicologia social, tendo sido galardoado por diversas vezes, tenho sido uma das mais importantes a distinção da comissão cientifica da Associação Americana de Psicologia. Faleceu aos 83 anos, em 1990.
                                    1. O grupo exerce efeitos sociais profundos em seus membros
                                      1. Um certo grau de conformidade colabora para funções sociais importantes
                                        1. As pessoas sentem-se obrigadas a se adequar para pertencer ao grupo
                                          1. São capazes de fingir até convencer a si mesmas que concordam com a maioria
                                            1. A tendência á conformidade pode ser mais forte do que os valores ou percepções básicas das pessoas

                                      Semelhante

                                      Sistema Único de Saúde- SUS
                                      eliana_belem
                                      lei 8112- parte 1
                                      michelegraca
                                      Vírus
                                      Alessandra S.
                                      Simulado ENEM
                                      Alessandra S.
                                      Tecnologia na Sala de aula
                                      Alessandra S.
                                      Provas anteriores de Vestibular - Unicamp 2014 - 1
                                      GoConqr suporte .
                                      Física: Mecânica - Cinemática
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                                      ELVIS GOMES CORREIA
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