A norma CNEN-NE-3.05 estabelece as dependências mínimas para um serviço de
medicina nuclear. A área específica para cada dependência deve ser projetada
levando-se em conta as características particulares de cada serviço, como tipo de
procedimento, número de pacientes, recursos humanos e financeiros, de modo que o
princípio da otimização seja atendido de maneira satisfatória.
Classificação das
Áreas
O controle da exposição ocupacional pode ser feito dividindo as áreas em três tipos:
Área livre, controlada e supervisionada.
Na área supervisionada as condições de exposição ocupacional são mantidas sob
supervisão, mesmo que medidas de proteção e segurança específicas não sejam
normalmente necessárias.
Na área livre, o risco de exposição deve ser baixo o suficiente para assegurar que o
nível de proteção dessa área seja comparado ao nível de proteção de indivíduos do
público.
A área controlada está sujeita a regras especiais de proteção e segurança, com a
finalidade de controlar as exposições normais, prevenir a disseminação de contaminação
radioativa e prevenir ou limitar a amplitude das exposições potenciais.
Equipamentos
O serviço de Medicina Nuclear deve possuir no local, em plenas condições de funcionamento, no mínimo os
seguintes equipamentos e materiais:
Um sistema de aquisição de imagem, para serviços que realizem procedimentos
diagnósticos;
Calibrador de dose;
Monitor de contaminação de superfície;
Monitor de taxa de exposição;
Equipamentos e materiais de proteção individual;
Fontes radioativas de referência para testes
periódicos;
Fatores de
Radioproteção
Existem três fatores básicos que podem ser usados para minimizar a dose de
radiação: tempo, blindagem e distância
O tempo de exposição pode ser diminuído trabalhando-se o mais rápido possível
próximo a fontes de radiação e na manipulação das mesmas, o que pode ser
conseguido com treinamento adequado na manipulação dos radioisótopos, planejando e
discutindo a tarefa a ser realizada antes de entrar na área e usando apenas o
número de trabalhadores necessários para a tarefa.
As blindagens devem ser usadas sempre que possível, devendo sempre manipular
material radioativo atrás da blindagem em “L”, usar avental de chumbo, acondicionar os
geradores de Mo/Tc dentro de blindagens específicas a fim de blindar as altas energias
provenientes do decaimento do Mo-99, usar castelos para eluição dos geradores, e
manter os frascos contendo material radioativo sempre blindados. Devem-se usar
transportadores de seringa sempre que for feito o transporte de doses e usar o
protetor de seringa para injeção do radiofármaco no paciente. A maioria dos aventais
plumbíferos comerciais têm espessura de 0,25mm e 0,5mm, oferecendo proteção
satisfatória para isótopos de baixas energias (Tc-99m, Tl-201), mas possui eficiência
questionável para isótopos de altas energias (I-131, F-18). Ao manipular radionuclídeos
emissores de radiação β, é requerido cuidado para não utilizar blindagens com material
de alto número atômico, como o chumbo, pois nestes casos pode haver formação de
radiação
A distância tem um forte efeito na redução da dose, pois a taxa de dose é
inversamente proporcional ao quadrado da distância. Para tanto, é importante o uso de
pinças para o manuseio de frascos. O projeto da sala de exames deve permitir o
acompanhamento do paciente a distâncias razoáveis (2m).
Fontes Radioativas e
Manipulação
As fontes seladas apresentam apenas o risco de exposição, uma vez que o material
radioativo contido no recipiente não pode ser extraído. Devem ser armazenadas em local
específico com as blindagens necessárias e quando utilizadas deve-se seguir boas
práticas de radioproteção. As fontes não seladas apresentam também o risco de
contaminação, visto que podem ser manipuladas pelo trabalhador. Por isso, o local de
manipulação de radioisótopos deve ser forrado com material impermeável e com papel
absorvente para, em caso de ocorrência de derramamento de material radioativo, sua
remoção seja facilitada.
Armazenamento de
Rejeitos
Qualquer material resultante de atividades com radionuclídeos em quantidades superiores
aos limites de isenção e para o qual a reutilização é imprópria ou não prevista, é
considerado rejeito radioativo. Os rejeitos devem ser segregados de acordo com suas
características físicas, químicas, biológicas e radiológicas, de modo a facilitar a gerência.
Após a segregação e acondicionamento em recipientes adequados, os rejeitos devem ser
identificados e, após eliminados, devem ser registrados em formulário próprio
Controle de Qualidade
A legislação nacional já prevê um conjunto de testes periódicos de controle de qualidade
nos equipamentos de medicina nuclear, mas ainda carece na inclusão de outros
equipamentos de medicina nuclear, na inclusão de testes mais específicos e valores de
referência.
As boas condições dos equipamentos usados na medicina nuclear garantem não só uma
melhor acurácia dos procedimentos, como também são fundamentais para o controle de
doses em pacientes, indivíduos ocupacionalmente expostos e indivíduos do público.
Monitoração
Devem ser realizadas monitorações periódicas para assegurar que as rotinas estejam
sendo executadas de forma satisfatória. Devem ser realizadas medidas de
levantamento radiométrico nas áreas restritas quinzenalmente e medida de
contaminação de superfície ao término da jornada de trabalho ou sempre que houver
suspeita de contaminação. Qualquer indivíduo ocupacionalmente exposto que possa
receber uma exposição ocupacional sujeita a controle deve ser submetido à
monitoração individual, por meio de dosímetro
*** Os dosímetros são individuais e não podem ser usados por outro trabalhador em
qualquer hipótese. Cada trabalhador deve usar o dosímetro apenas dentro do serviço e
ao término da jornada de trabalho deve guardar no local apropriado.
Cuidados
Gerais
As fontes radioativas devem ser armazenadas nos locais designados para seu
armazenamento. Sempre que feito uso de uma fonte, esta deve ser descartada ou
guardada em local apropriado.
O uso de luvas é obrigatório sempre quando for manipular material radioativo, devendo
ser desprezada logo após esta tarefa. Ao transportar o material manipulado,
devem-se vestir luvas novas, evitando que uma possível contaminação seja espalhada
por outras áreas do setor.
Todo trabalhador envolvido com o uso de material radioativo deve participar de
treinamentos periódicos, realizado pelo supervisor de radioproteção, para assegurar que
os procedimentos sejam executados conforme as melhores práticas.