Cicatrização →perfeita e coordenada cascata de eventos
que culminam com a reconstrução tecidual
O processo cicatricial é comum a todas as feridas independente do agente que a causou, seja ele
químico, biológico, uma cirurgia eletiva ou de urgência → a cicatriz é igual para todos os tipos de ferida
Funções da pele: maior órgão do corpo, proteção das estrut. int.,
percepção sensorial, termorregulação, excreção, metabolismo e absorção
Anatomia da pele
Corpúsculos de Meissner: sensibil. pela sua camada queratinizada
Células de Langerhans: proteção da epiderme
Células de Merkel: partes da sensação da pele → tato
Fisiologia da cicatrização
3 fases
Fase inflamatória (hemostasia)
Acontece imediatamente após a lesão → ativ. plaquetária → cascata de coag.
→ atv. neutrófilos → macrófagos e mastócitos → ↑ permeab. vascular
Atv. plaq com a lesão → fator de Von Willebrand exposto → ponte entre colágeno endotelial
e os recept. plaq de superfície (GPIb-IX-V) → adesão plaq. (1ª parte da fase inflam.)
NEUTRÓFILOSs: 1ª céls. a chegar na ferida → maior [ ] após 24h da lesão
Atraídos por subst. quimiotáticas liberadas por plaq. (TGF-beta) → aderem à parede
do endotélio pelas selectinas (recept. de membrana) → prod. radicais livres q ajudam
na destruição bacteriana e são gradativamente substituídos por macrófagos
MACRÓFAGOS: migram para a ferida depois de 48-96h → princip. céls. antes dos fibroblastos
migrarem e iniciarem a replicação → fundamentais no desbravamento iniciado pelos neutrófilos →
maior contribuição é a secreção de citocinas e fatores de cresc.→ contribuem tbm. na angiogênese,
fibroplasia e síntese de matriz extracelular, fundamentais para a transição para a fase proliferativa
MASTÓCITOS: são como sentinelas → reconhecem produtos microbianos e produzem citocinas e outros mediadores que
induzem a inflam. → histamina (vasodilatação) e heparina (anticoag.) → responsáveis pelos sint. das doenças alérgicas
Fase de proliferação (granulação)
→ 4º dia até 2ª semana
Dividida em 4 etapas fundamentais:
1. Epitelização: ocorre precocemente
se memb. basal intacta: camadas normais da
epiderme são restauradas em 3 dias
se memb. banal for lesada: céls. epiteliais das
bordas da ferida começam a proliferar na
tentativa de restabelecer a barreira protetora
2. Angiogênese: estimulada pelo TNF-alfa → migração de céls. endoteliais e
formação de capilares, essencial para a cicatrização adequada
3. Formação de tecido de granulação: os fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para
a ferida (ativados pelo PDGF das plaq.) → liberam TGF-beta → estímulo aos
fibroblastos a prod. colágeno tipo I e a se transf em miofibroblasto, que fazem
contração da ferida
4. Deposição de colágeno
Fatores de cresc. envolvidos no processo cicatrizar
PGDF: induz prolif. cel.,
quimiotaxia e síntese matricial
EGFR: estimula epitelização
TGF-alfa: angiogênese e epitelização
TGF-beta: ↑ da síntese matricial
FGF: estimula prolif. cel. e angiogênese
Fase de remodelamento (maturação)
Meses, anos...
+ importante clinicamente
Caract: deposição de colágeno de maneira organizada
Colágeno é prod. + fino do que o presente na
pele normal, e tem orientação paralela à pele
Com o tempo, o colágeno inicial (tipo III) é reabsorvido e um colágeno +
espesso é prod. e organizado ao longo das linhas de tensão, que vai ↑força
tênsil da ferida → por isso na cicatrização a pele formada é + firme
Reorganização da nova matriz é um processo importante da cicatrização
Fibroblastos e leucócitos secretam colagenases → lise da matriz antiga
Cicatrização tem sucesso → equilíbrio entre a síntese de nova matriz e a Lise da matriz antiga
Mesmo após um ano, a ferida apresentará um colágeno menos organizado do que o da pele sã
A força tênsil jamaiss retornará a 100%, atingindo em torno de 80% depois de 3 meses
Importância do colágeno
O colágeno é a proteína mais abundante do tecido conectivo em fase de cicatrização
Foram descritas até hoje 19 isoformas de colágeno, codificadas por um único gene
Os tipos de fibra colágenas do tecido conjuntivo são helicoidais, tripla hélice → o colágeno tipo I é o mais frequente em ossos e
tendões e é sintetizado pelos fibroblastos → e o colágeno tipo III é mais comum em tecidos moles, vasos sanguíneos, derme e fáscia
A derme sã contém 80% do colágeno tipo I e 20% do tipo III → o tecido de granulação
expressa 30-40% do colágeno tipo III, sendo considerado colágeno imaturo
A degradação do colágeno se inicia precocemente e é muito ativa durante todo o processo inflamatório
→ a digestão do mesmo ocorre em ambiente extracelular e é mediada por colagenases especificas,
como colagenases séricas (elastase, catepsina C e proteína neutra) e as metaloproteinases
A atividade das colagenases é controlada por citocinas liberadas principalmente por células
inflamatórias, endoteliais, fibroblastos e queratinócitos
A formação da matriz extracelular que é muito importante para a cicatrização é resultado do
balanço entre a deposição (síntese) e a degradação do colágeno
O colágeno é o principal componente da MEC dos tecidos
A quantidade de colágeno modifica-se no cólon (intestino), durante o pós- operatório de anastomoses (como enterectomias) e colônicas,
principalmente na região peri-anastomótica, então quando a gente for fazer uma enterctomia segmentar o paciente tem que estar bem
nutrido, pois se não estiver pode não ocorrer a anastomose e pode ocorrer uma deiscência, complicação pós- operatória
Fatores que influenciam a cicatrização
Locais ➙ negativamente: isquemia, infecções, cirurgias, corpo
estranho e edema/ aumento de pressão tecidual
Queloides: ultrapassam os limites da
incisão cirúrgica → perdem a forma
Cicatrizes hipertrofias: confinadas aos limites da incisão
Decorrentes de resp. inflam. excessiva durante a cicatrização
→ perda do controle normal entre síntese e degradação
Fatores: trauma, disfunção de fibroblastos, níveis ↑ de fat. cresc. e ↓ da apoptose
+ comuns em negros e orientais
Não existem diferenças histológicas entre eles, porém à microscopia eletrônica observa-se subst. amorfa
ao redor dos fibroblastos e ↑ da atv. metabólica e presença de anticorpos antinucleares nos queloides
Melhor tratamento é a prevenção → não possui cura
Nesse sentindo, as feridas devem ser fechadas sob mínima tensão, ou seja,
na finalização da sutura não pode ser deixada nenhuma tensão entre as
partes que foram unidas, pois caso contrário pode ocorrer o aumento da
cicatriz
Os cuidados locais exigem bastante atenção, primeiramente deve ser feita uma rápida hemostasia para que não ocorra o vazamento de
nenhum vaso, o manuseio adequado dos tecidos (fechamento da subcutânea e peritônio), uso de fios monofilamentares (nylon),
desbridamento de tecidos desvitalizados, por exemplo, se no procedimento de uma anastomose ou sutura em pele, algum tecido estiver
desvitalizado deve ser feita a retirada do mesmo para reavivar as bordas dos tecidos e, no final, ter como resultado uma cicatrização ideal
Tratamento: ressecção cirúrgica, infiltração de corticoide, laser, uso de lâminas de silicone e betaterapia
A grande quantidade de tratamentos disponíveis sinaliza a dificuldade de tratar destas condições patológicas
A ressecção cirúrgica, é frequentemente associada a algum método adjuvante, como infiltração de
corticóides e fitas de silicone, esse procedimento é caro e não tem provisão pelo SUS
Feridas crônicas não cicatrizantes (feridas)
Conceito: Qualquer ruptura da pele provocada por agentes físicos (queda de bicicleta, por exemplo),
agentes químicos (queimadura com ácidos) e biológicos (fungos, bactérias, vírus, herpes); bem como a
distúrbios clínicos e patológicos envolvendo estruturas superficiais ou mais profunda
Classificação de feridas
Tempo
Ferida aguda: resultado de cirurgia ou lesões ocorridas através de acidentes
Ferida crônica: tempo de cicatrização maior que o esperado devido a sua etiologia
Feridas que não apresentam a fase de
regeneração no tempo esperado, tendo um
retardo na cicatrização
Insuficiência venosa: falha do mecanismo valvular perif., desencadeia
hipertensão venosa em deambulação → acúmulo de líq. e fibrinogênio no tec.
subcutâneo → resulta no edema e em lipodermatosclerose → úlcera venosa
Insuficiência arterial → úlcera arterial → processo degenerativo, afeta
os vasos por acúmulo de gordura, levando à obstrução progressiva
Ferida limpa
Ferida potencialmente contaminada
ou limpa contaminada
Ferida contaminada
Ferida infectada
Ferida operátorias
Etiologia
Cirúrgicas: provocadas por instrumentos
cirúrgicos, com finalidade terapêutica
Excisivas: remoção de áreas de pele
Incisivas: perda mínima de tecido
Traumáticas
Provocada acidentalmente
por agentes
Mecânicos: prego, espinho...
Físicos: temp., pressão, elétric...
Químicos: ácidos, soda cáustica...
Biológicos: contato com animais, penetração de parasitas...
Laceração: tecido é esmagado por um excesso de pressão
Escoriação: lesão na epiderme, em que o tecido é retirado
Corte ou incisão; causada por lâmina (as tesouras entram aqui também)
Contusão: esquimoses, fraturas ou luxações, objetos que causam trauma ou choque nos tecidos
Perfuração: feridas causadas pela perfusão em um ou em vários tecidos, como a causada por armas de fogo
Transudato e exsudato
Transudato: substância fluída que passa
através dos vasos e com baixíssimo conteúdo
de proteínas, células e derivados celulares
Exsudato: material fluido, composto por células que escapam de
um vaso sanguíneo e se depositam nos tecidos como resultado
de um processo inflamatório → alto conteúdo de proteínas,
células e materiais sólidos derivados das células
Seroso: reações inflam. agudas
Sanguinolento: ruptura de vasos ou de hemácias
Purulento: microrg. prod. supuração local → prod. de pus)
Fibrinoso: extravasamento de grande qntd. de proteínas plasmáticas (fibrinogênio e fibrina)
Morfologia
Localização
Dimensões: peq. (<50), média (50-150),
grande (150-250), extensa (>250)
Nº de feridas (distância de 2 cm)
Profundidade
Plana ou superficiais: epiderme, derme, subcutâneo
Profundas: fáscia e músculos
Cavitárias: perda de tecido e formação de uma cavidade com envolvimento de órgãos ou espaços
Necrose de coagulação: (escara) caracter. pela presença de crosta preta e/ou bem escura
Necrose de liquefação: (amolecida) caracter. pelo tec. amarelo/esverdeado e/ou
quando a lesão apresentar infecção e/ou presença de secreção purulenta
Desvitalizado ou fibrinoso: tec. de coloração amarela ou branca, que adere ao leito da
ferida e se apresenta como cordões ou crostas grossas, podendo ainda ser mucinoso
Tipos de cicatrização das feridas
1ª intenção ou primária: envolve a reepitelização
Camada externa da pele cresce fechada → as células crescem a partir das margens da ferida e de
fora das células epiteliais alinhadas aos folículos e ás glândulas sudoríparas
Esse tipo de cicatrização é mais comum em feridas superficiais, agudas, que não tem perda de tecido
e queimaduras de 1o grau e cirúrgicas em cicatriz mínima, podem levar de 4 a 14 dias para fechar
Classificadas pela forma como se fecham
2ª intenção ou secundária: envolve algum grau de perda de tecido
Pode envolver o tecido subcutâneo, musculo ou osso → as bordas dessa ferida não podem ser
aproximadas, porque geralmente são feridas crônicas, como as úlceras → existe um aumento do
risco de infecção e demora a cicatrização que é de dentro para fora → apresentam mais
complicações do que as férias que se cicatrizam por 1ª intenção, pois a ferida foi realmente fechada
3ª intenção ou terciária
É intencionalmente deixada aberta para permitir a diminuição ou redução de edema ou infecção ou para
permitir a remoção de algum exsudato de drenagem → ex: feridas cirúrgicas, abertas e infectadas com drenos
Complicações + comuns
Hemorragia interna (hematoma) e
externa, podendo ser arterial ou venosa
Deiscência: separação das camadas da
pele e tecidos → comum entre 3º e 11º
dias após o surgimento da lesão
Evisceração: profusão dos órgão viscerais,
através da abertura da ferida
Infecção: drenagem de material purulento ou inflam.
das bordas da ferida → quando não combatida, pode
gerar osteomielite, bacteremia e septicemia
Fístulas: comunicação anormal entre dois
órgãos ou entre um órgão e a superfície do
corpo
Cicatrização retrátil → encurtamento do tecido
cicatricial → alterações anatômicas e funcionais
Curativos
Tipos de acordo com natureza, localização e tamanho da ferida