Preocupações com o meio ambiente adquirem suprema importância
São problemas sistêmicos (interligados e interdependentes)
Há uma uma crise de percepção - Devem ser vistos como diferentes facetas de uma única crise
É necessário uma mudança radical em nossas percepções, pensamentos e valores: uma mudança de paradigma bem radical
Porém, essa compreensão ainda não despontou entre a maioria dos líderes
políticos, dos administradores e dos professores
"Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuir as
perspectivas das gerações futuras." Lester Brown
O grande desafio do nosso tempo: criar comunidades sustentáveis — isto é,
ambientes sociais e culturais onde podemos satisfazer as nossas necessidades e aspirações sem
diminuir as chances das gerações futuras
A Mudança de Paradigma
Houve uma mudança em nossas visões de mundo: da visão de mundo
mecanicista de Descartes e de Newton para uma visão holística, ecológica.
Mudanças de paradigmas, de acordo com Kuhn, ocorrem sob a forma de rupturas
descontínuas e revolucionárias denominadas "mudanças de paradigma"
Hoje, há o reconhecimento de que a mudança de paradigma científico
é parte integral de uma transformação cultural muito mais ampla
Paráfrase da definição de Kuhn: "uma constelação de concepções, de valores, de percepções
e de práticas compartilhados por uma comunidade, que dá forma a uma visão particular da
realidade, a qual constitui a base da maneira como a comunidade se organiza"
Ecologia Profunda
Visão holística: concebe o mundo como um todo integrado, e não como uma coleção de partes dissociadas.
Visão ecológica: os fenômenos são interdependentes e , enquanto indivíduos e sociedades, estamos todos
encaixados nos processos cíclicos da natureza
"Holístico" é um pouco menos apropriado para descrever o novo paradigma
"Ecologia rasa" X "Ecologia profunda"
A ecologia rasa é antropocêntrica, ou centralizada no ser humano. Ela vê os seres humanos como situados
acima ou fora da natureza, como a fonte de todos os valores, e atribui apenas um valor instrumental, ou de
"uso", à natureza. A ecologia profunda não separa seres humanos — ou qualquer outra coisa — do meio
ambiente natural. O mundo não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos
que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor
intrínseco de todos os seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida.
Quando a concepção de espírito humano é entendida como o modo de consciência no qual o
indivíduo tem uma sensação de pertinência, de conexidade, com o cosmos como um todo,
torna-se claro que a percepção ecológica é espiritual na sua essência mais profunda
Ecologia Social e Ecofeminismo
Ecologia profunda X ecofeminismo X ecologia social
A percepção ecológica profunda parece fornecer a base filosófica e espiritual ideal para um estilo
de vida ecológico e para o ativismo ambientalista. No entanto, não nos diz muito a respeito das
características e dos padrões culturais de organização social que produziram a atual crise ecológica
Os ecofeministas mostram que a exploração da natureza tem marchado de mãos dadas com a das
mulheres, que têm sido identificadas com a natureza através dos séculos. Essa antiga associação entre
mulher e natureza liga a história das mulheres com a história do meio ambiente, e é a fonte de um
parentesco natural entre feminismo e ecologia. Conseqüentemente, os ecofeministas vêem o
conhecimento vivencial feminino como uma das fontes principais de uma visão ecológica da realidade
O solo comum das várias escolas de ecologia social é o reconhecimento de que a natureza
fundamentalmente antiecológica de muitas de nossas estruturas sociais e econômicas está arraigada
naquilo que Riane Eisler chamou de "sistema do dominador" de organização social, como exemplo o
patriarcado, o imperialismo, o capitalismo e o racismo
Novos valores
A mudança de paradigmas requer uma expansão não apenas, de nossas
percepções e maneiras de pensar, mas também de nossos valores
As duas tendências — a auto-afirmativa e a integrativa — são, ambas,
aspectos essenciais de todos os sistemas vivos. Nenhuma delas é,
intrinsecamente, boa ou má. O que é bom, ou saudável, é um equilíbrio
dinâmico; o que é mau, ou insalubre, é o desequilíbrio — a ênfase
excessiva em uma das tendências em detrimento da outra
#Pensamento auto-afirmativo: racional, análise, reducionista e linear
#Pensamento integrativo: intuitivo, síntese, holístico e não linear #Valores
auto-afirmativos : expansão, competição, quantidade e dominação #Valores
integrativos: conservação, cooperação, qualidade e parceria
Mudança da Física para as Ciências da Vida
No velho paradigma, a física foi o modelo e a fonte de metáforas para
todas as outras ciências
A ecologia profunda superou a metáfora cartesiana. Hoje, a
mudança de paradigma na ciência implica uma mudança da
física para as ciências da vida
Ética
A ecologia profunda está alicerçada em valores ecocêntricos (centralizados na
Terra). É uma visão de mundo que reconhece o valor inerente da vida
não-humana. Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas
ligadas umas às outras numa rede de interdependências
A ética ecológica profunda é urgentemente necessária nos dias de hoje, e
especialmente na ciência, uma vez que a maior parte daquilo que os cientistas
fazem não atua no sentido de promover a vida nem de preservar a vida, mas
sim no sentido de destruir a vida
Os fatos científicos emergem de um paradigma. Portanto, os
cientistas são responsáveis pelas suas pesquisas não apenas
intelectual, mas também moralmente.
O vínculo entre uma percepção ecológica do mundo e o comportamento
correspondente não é uma conexão lógica, mas psicológica. A lógica não nos
persuade de que deveríamos viver respeitando certas normas, uma vez que
somos parte integral da teia da vida. No entanto, se temos a percepção, ou a
experiência, ecológica profunda de sermos parte da teia da vida, então
estaremos inclinados a cuidar de toda a natureza viva.