A leitura é essencial para o aprendizado do aluno e tem implicações na
sua formação acadêmica e desempenho como futuro profissional.
Identificar as habilidades e estratégias envolvidas na leitura é decisivo
para se realizar um bom trabalho, uma vez que essa ação leva o aluno à
produção de novos conhecimentos, sem perder o conhecimento já
obtido. O ato de ler e o de aprender são duas realidades muito
próximas e, dominar a leitura sendo um leitor proficiente, leva o aluno a
ter cada vez mais uma atitude ativa, dinâmica e crítica com relação ao
conhecimento.
A leitura tem sido objeto de estudo por educadores e pesquisadores. Muitos
desses estudos destacam a importância desta como um dos caminhos que
levam o aluno ao acesso ao conhecimento, enfatizando a leitura crítica como
forma de recuperar todas as informações já estudadas e reutilizá-las .
Entretanto, estes mesmos estudos apontam que os alunos ingressam no
curso superior apresentando grandes dificuldades com relação à leitura, que
é imprescindível para sua formação acadêmica. Assim, é preciso oferecer
condições para que o aluno tenha oportunidades para sanar suas dúvidas.
O "aprender a aprender" já se tornou um ponto fundamental e indiscutível
nos esquemas de educação, mas para tanto é imprescindível um leitor que
seja capaz de compreender um texto escrito, se posicionar diante dele com
criticidade e ter autonomia intelectual. Refletir sobre a dimensão da
importância da leitura no contexto universitário se torna indispensável.
A ação deve pautar-se pelos quatro pilares da educação superior contemporânea: Aprender
a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Isso implica oferecer a
condição de refletir, analisar e tomar consciência do que sabem para mudar os atuais conceitos. Os
resultados obtidos das práticas empregadas conduzem o aluno à reprodução e à
memorização, não ocorrendo em si a aprendizagem significativa. Sendo assim, se o aluno ainda não
desenvolveu as habilidades necessárias e não sabe utilizar estratégias para a compreensão de
textos, o professor deve criar oportunidades em sala de aula para que isso ocorra.
Os diversos conceitos de leitura podem ser agrupados em duas grandes vertentes: A primeira
prioriza o texto e a leitura é vista como produto. Essa vertente não considera a importância do leitor
e toma a noção de texto como objeto autônomo e fechado com relação aos sentidos. A segunda
prioriza o leitor, que é visto como a fonte dos sentidos, estando fundamentada na psicologia
cognitivista. Contudo, essas duas tendências têm se mostrado incapazes de
produzir um leitor crítico, apesar de tudo.
É importante ainda refletir a respeito de uma terceira visão, intermediária com relação às outras duas
tendências e que supera a dicotomia texto-leitor, denominada "sociointeracionista" desenvolvida
a partir do conceito Vygotskyano de interação na aprendizagem. Essa tendência aponta que a
construção de sentidos se dá através de um processo ativo e dinâmico de negociação entre autor e
leitor no espaço compartilhado do texto. Entende-se, portanto, que a leitura se processa na
interação autor-texto-leitor. Uma outra ideia é a do ato de "ler com engajamento", em
oposição à recepção passiva que caracteriza a leitura no contexto escolar. Essas noções são
fundamentais para reconfigurar uma leitura crítica pois são igualmente necessárias.
O leitor, durante a leitura, utiliza-se do conhecimento que ele já tem, como o conhecimento
linguístico, textual e o conhecimento de mundo para construir o significado de um texto. Dessa
forma, a compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização do
conhecimento já adquirido pelo leitor, pois sem esse conhecimento não
haveria compreensão, e sim um comprometimento com relação ao seu significado.
Entendendo a leitura como um ato individual de construção de significado, considera-se necessário o ensino de
“estratégias de leitura” como “operações regulares para abordar o texto”. Estas, por sua vez,
classificam-se em “estratégias metacognitivas” e “estratégias cognitivas”: As estratégias metacognitivas são
definidas como “operações" realizadas com algum objetivo em mente, sobre as quais temos controle consciente. Já
as estratégias cognitivas da leitura regem os comportamentos automáticos, inconscientes do leitor.
Para o seu processamento, contribuem três grandes sistemas de
conhecimento: o linguístico, o enciclopédico e o interacional. As estratégias
de processamento textual podem ser divididas em três tipos: estratégias
cognitivas, sócio-interativas e textuais. Para tanto, o indivíduo deve ser
capaz de "ler o mundo" de forma crítica a partir de ideologias e
discursos já estudados.
Em suma, o domínio da capacidade de ler é a condição para
a aprendizagem do “aprender a aprender” ocorrer de fato. O aluno que
aprende a aprender é aquele que é leitor, e o leitor que aprende a
aprender é aquele que primeiro domina uma técnica de leitura
tendo, diante do texto, uma posição de aprendizagem, busca e
postura crítica que traça uma linha conectando as realidades do
ler e do aprender em uma só.