A Nau Catrineta Almeida Garrett

Descrição

Um poema de Almeida Garrett
Giovani Oliveira
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Giovani Oliveira
Criado por Giovani Oliveira mais de 7 anos atrás
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Resumo de Recurso

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Lá vem a Nau Catrineta, que tem muito que contar! Ouvide, agora, senhores, Uma história de pasmar." Passava mais de ano e dia, que iam na volta do mar. Já não tinham que comer, nem tão pouco que manjar. Já mataram o seu galo, que tinham para cantar. Já mataram o seu cão, que tinham para ladrar." "Já não tinham que comer, nem tão pouco que manjar. Deitaram sola de molho, para o outro dia jantar. Mas a sola era tão rija, que a não puderam tragar." "Deitaram sortes ao fundo, qual se havia de matar. Logo a sorte foi cair no capitão general" - "Sobe, sobe, marujinho, àquele mastro real, vê se vês terras de Espanha, ou praias de Portugal." - "Não vejo terras de Espanha, nem praias de Portugal. Vejo sete espadas nuas, que estão para te matar." - "Acima, acima, gajeiro, acima ao tope real! Olha se vês minhas terras, ou reinos de Portugal." - "Alvíssaras, senhor alvissaras, meu capitão general! Que eu já vejo tuas terras, e reinos de Portugal. Se não nos faltar o vento, a terra iremos jantar. Lá vejo muitas ribeiras, lavadeiras a lavar; vejo muito forno aceso, padeiras a padejar, e vejo muitos açougues, carniceiros a matar. Também vejo três meninas, debaixo de um laranjal. Uma sentada a coser, outra na roca a fiar, A mais formosa de todas, está no meio a chorar." - "Todas três são minhas filhas, Oh! quem mas dera abraçar! A mais formosa de todas Contigo a hei-de casar" - "A vossa filha não quero, Que vos custou a criar. Que eu tenho mulher em França, filhinhos de sustentar. Quero a Nau Catrineta, para nela navegar." - "A Nau Catrineta, amigo, eu não te posso dar; assim que chegar a terra, logo ela vai a queimar. - "Dou-te o meu cavalo branco, Que nunca houve outro igual." - "Guardai o vosso cavalo, Que vos custou a ensinar." - "Dar-te-ei tanto dinheiro Que o não possas contar" - "Não quero o vosso dinheiro Pois vos custou a ganhar. Quero a Nau Catrineta, para nela navegar. Que assim como escapou desta, doutra ainda há-de escapar" Lá vai a Nau Catrineta, leva muito que contar. Estava a noite a cair, e ela em terra a varar.

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