Question 1
Question
Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia
regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para
descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso
conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto.
Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se
resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que
os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).
O trecho em questão é uma referência ao que ficou
conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele,
confrontam-se duas posições filosóficas que
Answer
-
assumem pontos de vista opostos acerca da natureza
do conhecimento.
-
defendem que o conhecimento é impossível,
restando-nos somente o ceticismo.
-
revelam a relação de interdependência entre os dados
da experiência e a reflexão filosófica
-
apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia,
na primazia das ideias em relação aos objetos.
-
refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso
conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
Question 2
Question
Os produtos e seu consumo constituem a meta
declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta
foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade,
como expectativa de que o homem poderia dominar a
natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em
programa anunciado por pensadores como Descartes e
Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de
um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”,
mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer
sua vida, física e culturalmente.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques.
Scientiae Studia, São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e
Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como
uma forma de saber que almeja libertar o homem das
intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação
científica consiste em
Answer
-
expor a essência da verdade e resolver definitivamente
as disputas teóricas ainda existentes.
-
oferecer a última palavra acerca das coisas que
existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
-
ser a expressão da razão e servir de modelo para
outras áreas do saber que almejam o progresso
-
explicitar as leis gerais que permitem interpretar a
natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
-
explicar a dinâmica presente entre os fenômenos
naturais e impor limites aos debates acadêmicos
Question 3
Question
TEXTO I
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde
meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões
como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei
em princípios tão mal assegurados não podia ser senão
mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente,
uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões
a que até então dera crédito, e começar tudo novamente
a fim de estabelecer um saber firme e inabalável.
DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia.
São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
TEXTO II
É o caráter radical do que se procura que exige a
radicalização do próprio processo de busca. Se todo o
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que
aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada
pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma
daquelas que foram anteriormente varridas por essa
mesma dúvida.
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que,
para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento,
deve-se
Answer
-
retomar o método da tradição para edificar a ciência
com legitimidade.
-
questionar de forma ampla e profunda as antigas
ideias e concepções.
-
investigar os conteúdos da consciência dos homens
menos esclarecidos.
-
buscar uma via para eliminar da memória saberes
antigos e ultrapassados
-
encontrar ideias e pensamentos evidentes que
dispensam ser questionados
Question 4
Question
Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides
era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e
não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação
entre objeto racional e objeto sensível ou material que
privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta,
mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se
em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia.
São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).
O texto faz referência à relação entre razão e sensação,
um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão
(427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão
se situa diante dessa relação?
Answer
-
Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
-
Privilegiando os sentidos e subordinando o
conhecimento a eles.
-
Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e
sensação são inseparáveis
-
Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento,
mas a sensação não
-
Rejeitando a posição de Parmênides de que a
sensação é superior à razão
Question 5
Question
Esclarecimento é a saída do homem de sua
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade
é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a
direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado
dessa menoridade se a causa dela não se encontra na
falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem
de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é
o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as
causas pelas quais uma tão grande parte dos homens,
depois que a natureza de há muito os libertou de uma
condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado
menores durante toda a vida.
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento,
fundamental para a compreensão do contexto filosófico
da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado
por Kant, representa
Answer
-
a reivindicação de autonomia da capacidade racional
como expressão da maioridade
-
o exercício da racionalidade como pressuposto menor
diante das verdades eternas.
-
a imposição de verdades matemáticas, com caráter
objetivo, de forma heterônoma
-
a compreensão de verdades religiosas que libertam o
homem da falta de entendimento.
-
a emancipação da subjetividade humana de ideologias
produzidas pela própria razão.
Question 6
Question
Texto I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram
enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente
em quem já nos enganou uma vez.
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
Texto II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de
que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum
significado, precisaremos apenas indagar: de que
impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível
atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá
para confirmar nossa suspeita.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a
natureza do conhecimento humano. A comparação dos
excertos permite assumir que Descartes e Hume
Answer
-
defendem os sentidos como critério originário para
considerar um conhecimento legítimo.
-
entendem que é desnecessário suspeitar do significado
de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
-
são legítimos representantes do criticismo quanto à
gênese do conhecimento.
-
concordam que conhecimento humano é impossível
em relação às ideias e aos sentidos
-
atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no
processo de obtenção do conhecimento.