Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu a 6 de novembro 1919 no Porto, onde passou a infância. Estudou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa. Publicou os primeiros versos em 1940, nos Cadernos de Poesia.
Casou com o jornalista, político e advogado Francisco Sousa Tavares e foi mãe de cinco filhos, para quem começou a escrever contos infantis. Além da literatura infantil, Sophia escreveu também contos, artigos, ensaios e teatro.
A sua obra está traduzida em várias línguas e foi várias vezes premiada, tendo recebido, entre outros, o Prémio Camões 1999, o Prémio Poesia Max Jacob 2001 e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana – a primeira vez que um português venceu este prestigiado galardão. Com uma linguagem poética quase transparente e íntima, Sophia evoca nos seus versos os objetos, as coisas, os seres, os tempos, os mares, os dias.
Faleceu a 2 de julho de 2004, em Lisboa. Dez anos depois, em 2014, foram-lhe concedidas honras de Estado e os seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional.
O mar sempre exerceu um fascínio muito especial e alimentou imensas fantasias entre os poetas, os escritores e todos os sonhadores.
A ação da "Menina do Mar" decorre entre uma praia de imenso areal com rochas que aparecem, principalmente, na maré baixa, e o mar, desde as que se desfazem em espuma até às infindáveis e misteriosas paisagens do seu fundo.
Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar. tinha uma porta, sete janelas e uma varanda de madeira pintada de verde. Em roda da casa havia um jardim de areia onde cresciam lírios brancos e uma planta que dava flores brancas, amarelas e roxas.
Nessa casa morava um rapazito que passava os dias a brincar na praia.
Em setembro veio o equinócio. Vieram marés vivas, ventanias, nevoeiros, chuvas, temporais. (...) Certa noite, as ondas gritaram tanto, uivaram tanto, bateram e quebraram-se com tanta força na praia, que, no seu quarto caiado da casa braca, o rapazinho esteve altas horas sem dormir (...) pensava que, lá fora na escuridão da noite, se travava uma imensa batalha em que o mar, o céu e o vento se combatiam.
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No dia a seguir à tempestade estava um lindo dia e o rapazinho foi para a praia brincar. Correu, nadou e depois deitou-se num rochedo a descansar.
De repente ouviu umas gargalhadas estranhas, aproximou-se para espreitar e viu um grande polvo, um caranguejo e um peixe, todos a rirem-se. Mas o mais extraordinário foi ver, junto deles, uma menina muito pequenina, que devia medir um palmo de altura, com cabelos verdes, olhos roxos e um vestido feito de algas encarnadas.