Realismo no Brasil
A estética do Realismo começa a se configurar no Brasil na década de 1880, quando a sociedade brasileira passa por uma série de transformações político-sociais, com a abolição da escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889).
Literariamente, o Realismo começa em 1881, com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O mulato, de Aluísio Azevedo.
O Naturalismo foi uma vertente do Realismo que radicalizou os princípios dessa escola literária. O Naturalismo adota uma postura determinista e mecanicista para explicar o mundo. Os escritores naturalistas tiveram predileção por temas até então não explorados na literatura, como a miséria, os desvios patológicos, a loucura, o incesto e a homossexualidade. A linguagem empregada por eles não evita termos escabrosos, indecorosos, perfeitamente adequados à maneira como viam o mundo.
Aluísio Azevedo é o grande nome do Naturalismo no Brasil, autor de obras como Casa de pensão, O homem e O cortiço, seu romance mais importante, publicado em 1890.
O escritor mais importante de toda a literatura realista no Brasil, e seguramente o maior nome da literatura brasileira de todos os tempos, é Machado de Assis, escritor polígrafo, que se dedicou a vários gêneros literários, mas que se destacou com sua prosa de ficção, que inclui seus contos e seus romances.
A obra machadiana costuma ser dividida em duas fases. Na primeira, considerada “imatura”, mais próxima do Romantismo, Machado publica quatro romances: Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia(1878). Na segunda, chamada de “madura”, ele incorpora em sua obra as principais características do Realismo, sem deixar de receber influências de outras escolas literárias, em romances como Memórias póstumas de Brás de Cubas(1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).
O estilo machadiano, perceptível em suas obras da fase “madura”, caracteriza-se pela digressão, pela ousadia artística, pelo diálogo com o leitor, pelo pessimismo, pela ironia e pelo humor fino. Sem deixar de guiar-se pelos modelos consagrados da prosa em língua portuguesa, Machado soube ser inovador na medida certa.