Introdução:
É o
primeiro aparecimento do termo “compulsão à repetição” e de
“elaboração”.
Freud
inicia pontuando as alterações técnicas que a psicanálise sofreu
em seu método.
Primeiro
momento: método catártico que consista em recordar e ab-reagir
com o auxílio da hipnose.
Segundo
momento: com o abandono da hipnose. Através da associação livre, a
tarefa consistia em descobrir o que o paciente deixava de recordar. A
resistência ao recordar deveria ser “contornada” pela
interpretação – comunicando ao paciente seus resultados.
Neste
contexto a ideia da ab-reação foi abandonada, mas a hipótese de
que era preciso voltar à origem da situação que formou o sintoma
permaneceu em vigor.
Até
se chegar ao modelo que Freud propõe neste texto, “no qual o
analista abandona a ideia de se colocar em foco um momento do
problema específico” (Freud, 1914, p. 163); o
analista deve: “se contentar em estudar tudo o que se ache
presente, de momento, na superfície da mente do paciente”, ou
seja, “tudo que está presente na consciência”.
Há
neste momento uma proposta de mudança do uso que o analista faz da
interpretação. Freud indica que “ a arte da interpretação”
deve ser utilizada principalmente para “identificar as
resistências”. Disto resulta um “novo tipo de divisão de
trabalho”.
O
objetivo da técnica: consiste em “preencher lacunas de memórias”
produzindo a reminiscência e superar resistências devido à
repressão.
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Repressão e esquecimento
Repressão
(verdrangung) ou Recalque, o verbo em Alemão segundo Hanns
(1996, p.355), significa “empurrar para o lado, desalojar,
deslocar, afastar (concreta ou figurativamente).
Essa
ideia pode ser observada no texto de 1915 “A repressão”: “(…)
e que a essência da repressão consiste simplesmente em afastar
determinada coisa do consciente, mantendo-a a distância.”
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Recordar ... esquecer
Freud retoma a questão da hipnose: “a hipnose deu coragem para criar situações mais complicadas no tratamento analítico e mantê-las claras diante de nós” (p.163).No tratamento hipnótico o recordar assumia uma forma mais simples, o paciente volta àquela situação relata os processos mentais que pertenciam àquela situação vivenciada – o analista- acrescenta a isso a informação, de que o que surgiu na situação atual era resultado de uma “transformação dos processos” de inconsciente para consciente.Freud fala que o esquecimento de cenas, impressoes e experiências - “quase sempre se reduz à interceptá-las . (como um trabalho da ação do recalque embora aqui ainda este conceito não seja melhor explicitado).O exemplo dado por Freud é de que: quando o paciente fala de coisas esquecidas – não sabe – que sempre soube, apenas nunca pensou nisso – e sempre – se apresenta “desapontado”, “por não lhe vir à cabeça, coisas que se chamam de esqucecidas, e porque nunca pensa nas coisas que aconteceram.No entanto, Freud aborda que principalmente nos casos de histeria de conversão – há um desejo realizado – (no esquecimento seus efeitos permanecem).O esquecer é mais restrito quando avaliamos o “valor” das lembranças encobridoras que se acham presente.Freud fala da impressão em certos casos de que a 'amnésia infantil' é contrabalanceada pelas lembranças encobridoras, onde a totalidade do que é essencial na infância foi retido – fixado nas lembranças encobridoras. (formação secundária fruto do recalque).Lembranças encobridoras = amnésia infantil
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Freud vai se deter em um segundo grupo de processos psíquicos: que
são as fantasias, processos de referência, impulsos emocionais,
vinculação de pensamento. (são atos internos) não podemo ser
conectado com impressões e experiências do analista;
Esse grupo possui uma particular relação com o esquecer e o
recordar . Que devemos considerar separadamente.
Neste
grupo de processos (atos internos): existem recordações de diversos
tipos:
1)
as que nunca foram consciente;
2)
recordações do inconsciente;
3)
àquelas que não faz diferença se um dia foram consciente e foram
esquecidas ou se nunca foram.
Aqui Freud é fiel à clínica. ( a realidade é
psíquica).
Qual a relação entre o esquecer e o recordar?
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Resistência e acting
Há
ainda um Terceiro grupo: caos que se comportam de forma diferente
sobre a técnica desde o início. (não aderem à associação
livre).
“onde
o recordar nunca está presente em vez disso o paciente expressa-o
pela atuação ou atua-o (acts it out).”
“Ele
o reproduz não como lembrança, mas como ação; repete-o, sem,
naturalmente, saber o que está repetindo” (p. 165).
Aí
Freud introduz a questão da transferência: onde o “paciente não
diz que recorda que costumava ser desafiados e crítico em relação
à autoridade dos pais; e no lugar disso – comporta-se dessa
maneira com o médico.” (p.165).
O
paciente não se recorda de “como chegou a um impotente e
desesperado impasse em suas pesquisas sexuais infantis. (sob esse
tema ver 1905 três ensaios sobre a sexualidade.)
Que
produz uma 'massa de sonhos e associações confunsas”.
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Compulsão à repetição, transferência e resistência
Inicio
do tratamento: Se dá por uma repetição (de não ter nada a dizer –
silêncio – impossível de nomear). Ou ainda repetição de uma
atividade homossexual (porque é autoerótica), que se evidencia como
uma resistência contra o recordar”.
No
curso do tratamento o paciente não pode fugir à essa “compulsão
à repetição.”
acima
de tudo o que interessa é a relação entre: a compulsão à
repetição à transferência e a resistência.
Freud
define Repetição: “é a transferência do passado
esquecido, não apenas para o médico, mas também para todos os
aspectos da situação atual” (p. 166).
O
paciente se submete à compulsão à repetição, que subtituirá o
recordar, não somente com o analista, mas também nas diferentes
atividades relacionadas de sua vida atual.
Resistência:
“Quanto mais a resistência, maior a atuação (acting out), a
repetição substituirá o recordar. (a hipnose neutralizava a
resistência pois operava sem a consciência).
Transferência:
Quando o início do tratamento se dá sob égide de uma
“transferência positiva branda” ela lhe torna possível
“desenterrar as lembranças” (tal como na hipnose). Mas aí não
há a manifestação dos sintomas patológicos. (certamente porque o
amor transferencial substitui isso).