Os anos 1970 e a Poesia Marginal
Atitude mais livre praticada por uma “sociedade alternativa”, que rompia com os tabus e os valores da sociedade convencional e moralizante. Essa postura libertadora, tanto no aspecto literário, quanto no sexual, no corporal, nas relações com as drogas no trânsito entre as culturas (principalmente com a oriental) foi denominada “movimento da contracultura”; poesia que se encontrava não apenas no papel, mas no modo de viver e no próprio corpo; linguagem libertária; presença dos versos livres, da linguagem coloquial, das palavras em minúsculas quando gramaticalmente deveriam ser grafadas em maiúsculas, de uma transgressão em relação às regras de concordância e de regência, além da própria libertação gráfica do texto, da conciliação entre a linguagem verbal e a não verbal, assim como a rasura entre os textos narrativos e os poéticos; apropriação de diferentes gêneros literários como a fábula, o texto filosófico e os quadrinhos; havia preconceito e resistência de uma crítica literária que não compreendia a vitalidade e a relevância daquele movimento poético criado longe do universo acadêmico e das posturas “politizantes” da época; os poetas dos anos 1970 negavam uma filiação intelectual, um programa estético coerente, um apego aos cânones literários; os marginais promoveram um processo de “desliteratização” da escrita, de desmitificação dos clássicos, que muitas vezes são retomados apenas de forma anedótica e humorística; período do golpe militar (clima pesado e ambiente de sufoco); uma poesia alegre, que troca o mofo e o esquecimento das estantes por uma participação mais viva na cena cultural, uma poesia que sai para as ruas, que se vale das formas de sobrevivência as mais variadas e sugestivas: geração mimeógrafo; reconhecimento do lirismo na própria vida, nos bastidores do dia a dia, de onde se conclui que a literatura é vida fotografada a cada momento, o que explica o apego dos autores aos poemas breves, como se fossem retratos instantâneos do cotidiano, flashes de uma cena circunstancial; o emprego do pastiche, da imitação do estilo da linguagem presente em bilhetes, fábulas, bulas, entrevistas, anúncios, diários, passaportes, roteiros de cinema, carteiras de identidade ou certidões de nascimento foi um recurso frequentemente utilizado pelos autores marginais; nonsense; começaram a mostrar algumas questões étnicas, sociais e sexuais; retratação do universo do negro, da mulher e do homossexual;