A REGÊNCIA é o campo da língua portuguesa que estuda as relações de concordância entre os verbos (ou nomes) e os termos que completam seu sentido. Ou seja, estuda a relação de subordinação que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.
A regência é necessário visto que algumas palavras da língua portuguesa (verbo ou nome) não possuem seu sentido completo.
Observe o exemplo abaixo:
Muitas crianças têm medo. (medo de quê?)
Muitas crianças têm medo de fantasmas.
Obs.: perceba que o nome pede complemento antecedido de preposição (“de” = preposição e “fantasmas” = complemento).
IMPORTANTE: A regência estabelece uma relação entre um termo principal (termo regente) e o termo que lhe serve de complemento (termo regido) e possui dois tipos: REGÊNCIA NOMINAL e REGÊNCIA VERBAL.
REGÊNCIA NOMINAL
Regência nominal é quando um nome (substantivo, adjetivo) regente determina para o nome regido a necessidade do uso de uma preposição, ou seja, o vínculo entre o nome regente e o seu termo regido se estabelece por meio de uma preposição.
DICA: A relação entre um nome regente e seu termo regido se estabelece sempre por meio de uma preposição.
Exemplo: - Os trabalhadores ficaram satisfeito com o acordo, que foi favorável a eles.
Veja: "satisfeito" é o termo regente e "com o acordo" é o termo regido, "favorável" é o termo regente e "a eles" é o termo regido.
Obs.: Quando um pronome relativo (que, qual, cujo, etc.) é regido por um nome, deve-se introduzir, antes do relativo, a preposição que o nome exige.
Exemplo: - A proposta a que éramos favoráveis não foi discutida na reunião. (quem é favorável, é favorável a alguma coisa/alguém)
Regência Nominal: Principais Casos (Mais Utilizados nas Provas)
Como vimos, quando o termo regente é um nome, temos a regência nominal.
Então pra facilitar segue abaixo uma lista dos principais nomes que exigem preposições, existem nomes que pedem o uso de uma só preposição, mas também existem nomes que exigem os uso de mais de uma preposição. veja:
Nomes que exigem o uso da preposição “a”:
Acessível, acostumado, adaptado, adequado, afeição, agradável, alheio, alusão, análogo, anterior, apto, atento, atenção , avesso, benéfico, benefício, caro, compreensível, comum, contíguo, contrário, desacostumado desagradável, desatento, desfavorável, desrespeito, devoto, equivalente, estranho, favorável, fiel, grato, habituado, hostil, horror, idêntico, imune, inacessível, indiferente, inerente, inferior, insensível, Junto , leal, necessário, nocivo, obediente, odioso, ódio, ojeriza, oneroso, paralelo, peculiar, pernicioso, perpendicular, posterior, preferível, preferência, prejudicial, prestes, propenso, propício, proveitoso, próximo, rebelde, rente, respeito, semelhante, sensível, simpático, superior, traidor, último, útil, visível, vizinho...
Nomes que exigem o uso da preposição “de”:
Abrigado, amante, amigo ávido, capaz, certo, cheio, cheiro, comum, contemporâneo, convicto, cúmplice, descendente, desejoso, despojado, destituído, devoto, diferente, difícil, doente, dotado, duro, êmulo, escasso, fácil, feliz, fértil, forte, fraco, imbuído, impossível, incapaz, indigno, inimigo, inocente, inseparável, isento, junto, livre, longe, louco, maior, medo, menor, natural, orgulhoso, passível, piedade, possível, prodígio, próprio, querido, rico, seguro, sujo, suspeito, temeroso, vazio...
Nomes que exigem a preposição “sobre”:
Opinião, discurso, discussão, dúvida, insistência, influência, informação, preponderante, proeminência, triunfo,
Nomes que exigem a preposição “com”:
Acostumado, afável, amoroso, analogia, aparentado, compatível, cuidadoso, descontente, generoso, impaciente, impaciência, incompatível, ingrato, intolerante, mal, misericordioso, obsequioso, ocupado, parecido, relacionado, satisfeito, severo, solícito, triste...
Nomes que exigem a preposição "em":
Abundante, atento, bacharel, constante, doutor, entendido, erudito, fecundo, firme, hábil, incansável, incessante, inconstante, indeciso, infatigável, lento, morador, negligente, perito, pertinaz, prático, residente, sábio, sito, versado...
Nomes que exigem a preposição "contra":
Atentado, Blasfêmia, combate, conspiração, declaração, luta, fúria, impotência, litígio, protesto, reclamação, representação...
Nomes que exigem a preposição "para":
Mau, próprio, odioso, útil...
REGÊNCIA VERBAL
Dizemos que regência verbal é a maneira como o verbo (termo regente) se relaciona com seus complementos (termo regido).
Nas relações de regência verbal, o vínculo entre o verbo e seu termo regido (complemento verbal) pode ser dar com ou sem a presença de preposição.
Exemplo: - Nós assistimos ao último jogo da Copa.
Veja: "assistimos" é o termo regente, "ao" é a preposição e "último jogo" é o termo regido.
No entanto estudar a regência verbal requer que tenhamos conhecimentos anteriores a respeito do verbo e seus complementos, conhecer a transitividade verbal.
Basicamente precisamos saber que:
Um verbo pode ter sentido completo, sem necessitar de complementos. São os verbos intransitivos.
Há verbos que não possuem sentido completo, necessitam de complemento. São os verbos transitivos.
Exemplos: - Transitivo direto: quando seu sentido se completa com o uso de um objeto direto (complemento sem preposição).
Exemplo: A avó carinhosa agrada a netinha.
"Agrada" é verbo transitivo direto e "a netinha" e o objeto direto. - Transitivo indireto: quando seu sentido se completa com o uso de um objeto indireto (complemento com preposição).
Exemplo: Ninguém confia em estranhos.
"Confia" é verbo transitivo indireto, "em" é a preposição e "estranhos" é o objeto indireto. - Transitivo direto e indireto: quando seu sentido e completa com os dois objetos (direto e indireto).
Exemplo: Devolvi o livro ao vendedor. "Devolvi" é verbo transitivo direto e indireto, "o livro" é objeto direto e "vendedor" é objeto indireto.
A regência e o contexto (a situação de uso)
A regência de um verbo está ligada a situação de uso da língua. Determinada regência de um verbo pode ser adequada em um contexto e ser inadequada em outro.
1. Quando um ser humano irá a Marte?
2. Quando um ser humano irá em Marte?
Em contextos formais, deve-se empregar a frase 1, porque a variedade padrão, o verbo “ir” rege preposição a. Na linguagem coloquial (no cotidiano), é possível usar a frase 2.
Regência de Alguns Verbos
Para estudarmos a regência dos verbos, devemos dividi-los em dois grupos:
1- O primeiro, dos verbos que apresentam uma determinada regência na variedade padrão e outra regência na variedade coloquial;
2- E o segundo dos verbos que, na variedade padrão, apresentam mais de uma regência.
PRIMEIRO GRUPO - Verbos que apresentam uma regência na variedade padrão e outra na variedade coloquial:
VERBO ASSISTIR
- SENTIDO: “Auxiliar”, “caber, pertencer” e “ver, presenciar, atuar como expectador”. É nesse último sentido que ele é usado.
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): Ele não assiste a filme de violência; Pela TV, assistimos à premiação dos atletas olímpicos. Assistir com significado de ver, presenciar: É verbo transitivo indireto (VTI), apresenta objeto indireto iniciado pela preposição a. Quem assiste, assiste a (alguma coisa).
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): Ela não assiste filmes de violência. Assistir com significado de ver, presenciar: É verbo transitivo direto (VTD); apresenta objeto direto. Assistir (alguma coisa)
VERBO IR e CHEGAR
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): No domingo, nós iremos a uma festa; O prefeito foi à capital falar com o governador; Os funcionários chegam bem cedo ao escritório. Apresentam a preposição a iniciando o adjunto adverbial de lugar: Ir a (algum lugar), Chegar a (algum lugar)
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): No domingo, nós iremos em uma festa; Os funcionários chegam bem cedo no escritório. Apresentam a preposição em iniciando o adjunto adverbial de lugar: Ir em (algum lugar), Chegar em (algum lugar)
VERBO OBEDECER/DESOBEDECER
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): A maioria dos sócios do clube obedecem ao regulamento; Quem desobedece às leis de trânsito deve ser punido. São VTI; exigem objeto indireto iniciado pela preposição a. Obedecer a (alguém/alguma coisa), Desobedecer a (alguém/alguma coisa)
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): A maioria dos sócios do clube obedecem o regulamento; Quem desobedece as leis de trânsito deve ser punido. São transitivos direto (VTD); apresentam objeto sem preposição inicial. Obedecer (alguém/alguma coisa), Desobedecer (alguém/alguma coisa)
VERBO PAGAR e PERDOAR
- SENTIDO: Obs.: Se o objeto for coisa (e não pessoa), ambos são transitivos direto, tanto na variedade padrão, como na coloquial. Exemplo: Você não pagou o aluguel. O verbo pagar também é empregado com transitivo direto e indireto. (Pagar alguma coisa para alguém) A empresa pagava excelentes salários a seus funcionários.
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): A empresa não paga aos funcionários faz dois meses; É ato de nobreza perdoar a um amigo. São VTI quando o objeto é gente; exigem preposição a iniciando o objeto indireto. Pagar a (alguém), Perdoar a (alguém)
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): A empresa não paga os funcionários faz dois meses; É um ato de nobreza perdoar um amigo. São VTD, apresentam objeto sem preposição (objeto direto): Pagar (alguém), Perdoar (alguém)
VERBO PREFERIR
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): Os brasileiros preferem futebol ao vôlei; Você preferiu trabalhar a estudar. Prefiro silêncio à agitação da cidade. É VTDI; exige dois objetos: um direto outro indireto (iniciado pela preposição a. Preferir (alguma coisa) a (outra)
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): Os brasileiros preferem mais o futebol que o vôlei; Você preferiu (mais) trabalhar que estudar; Prefiro (muito mais) silêncio do que a agitação da cidade. É empregado com expressões comparativas (“mais...que”, “muito mais ...que”, “do que”, etc.). Preferir (mais) (uma coisa) do que (outra).
VERBO VISAR
- SENTIDO: O emprego mais usual do verbo “visar” é no sentido de “objetivar, ter como meta”.
- VARIEDADE PADRÃO (Exemplos): Todo artista visa ao sucesso; Suas pesquisas visavam à criação de novos remédios. É VTI, com preposição a iniciando o objeto indireto. Visar a (alguma coisa)
- VARIEDADE COLOQUIAL (Exemplos): Todo artista visa o sucesso; Suas pesquisas visavam a criação de novos remédios. É VTD, apresenta objeto sem preposição (objeto direto). Visar (alguma coisa)
SEGUNDO GRUPO - Verbos que, na variedade padrão, apresentam mais de uma regência (dependendo do sentido/significado em que são empregados:
VERBO ASPIRAR
- TRANSITIVIDADE (Sentido): Verbo transitivo direto (sugar/respirar) Verbo transitivo indireto (pretender)
- EXEMPLOS: Sentiu fortes dores quando aspirou o gás. O Ex-governador aspirava ao cargo de presidente.
VERBO ASSISTIR
- TRANSITIVIDADE (Sentido): Verbo transitivo direto (ajudar); Verbo transitivo indireto (ver); Verbo transitivo indireto (pertencer)
- EXEMPLOS: Rapidamente os paramédicos assistiram os feridos. Você assistiu ao filme? O direito de votar assisti a todo cidadão.
VERBO INFORMAR
- TRANSITIVIDADE (Sentido): Verbo transitivo direto e indireto (passar informação)
- EXEMPLOS: Algumas rádios informam as condições das estradas aos motoristas. Algumas rádios informam os motoristas das condições das estradas
VERBO QUERER
- TRANSITIVIDADE (Sentido): Verbo transitivo direto (desejar); Verbo transitivo indireto (amar/gostar)
- EXEMPLOS: Todos queremos um Brasil menos desigual. Isabela queria muito aos avós.
VERBO VISAR
- TRANSITIVIDADE (Sentido): Verbo transitivo direto (mirar); Verbo transitivo direto (pôr visto); Verbo transitivo indireto (objetivar)
- EXEMPLOS: O atacante, ao chutar a falta, visou o ângulo do gol. Por favor, vise todas as páginas do documento. Esta fazenda visa à produção de alimentos orgânicos.
Observações:
O verbo aspirar, como outros transitivos indiretos, não admite os pronomes lhe/lhes como objeto. Devem ser substituídos por a ele (s) /a ela (s). Ex.: O diploma universitário é importante; todo jovem deve aspirar a ele.
No sentido de “ver presenciar”, o verbo assistir não admite lhe (s) como objeto, essas formas devem ser substituídas por ele (s) ela (s). Ex.: o show de abertura das olimpíadas foi muito bonito; você assistiu a ele?
No sentido de “objetivar, ter como meta”, o verbo visar (TD) não admite como objeto a forma lhe/lhes, que devem ser substituídas por a ele (s) a ela (s). Ex: O título de campeão rende uma fortuna ao time vencedor, por isso todos os clubes visam a ele persistentemente.
Existem outros verbos que, na variedade padrão, apresentam a mesma regência do verbo informar. São eles: avisar, prevenir, notificar, cientificar.
DICAS GERAIS SOBRE REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL PARA FIXAÇÃO:
‣ Alguns nomes ou verbos da língua portuguesa não tem sentido completo.
‣ Na regência nominal, a relação entre um nome regente e seu termo regido se estabelece sempre por meio de uma preposição.
‣ Na regência verbal, temos que conhecer a transitividade dos verbos, ou seja, se é direta (VTD-verbo transitivo direto), se é indireta (VTI- verbo transitivo indireto) ou se é, ao mesmo tempo, direta e indireta (VTDI- verbo transitivo direto e indireto).
‣ Observe sempre os verbos que mudam de regência ao mudar de sentido, como visar, assistir, aspirar, agradar, implicar, proceder, querer, servir e outros.
‣ Não se pode atribuir um mesmo complemento a verbos de regências distintas. Por exemplo: o verbo assistir no sentido de “ver”, requer a preposição a e o verbo gostar, requer a preposição de. Não podemos, segundo a gramatica, construir frases como: “Assistimos e gostamos do jogo. ”, temos que dar a cada verbo o complemento adequado, logo, a construção correta é “Assistimos ao jogo e gostamos dele. ”
‣ O conhecimento das preposições e de seu uso é fator importante no estudo e emprego da regência (nominal, verbal) correta, pois elas são capazes de mudar totalmente o sentido do que for dito. Ex.: As novas medidas escolares vão de encontro aos anseios dos alunos. Os alunos da 3ª série foram ao encontro da nova turma.
‣ Pronomes oblíquos, algumas vezes, funcionam como complemento verbal.
‣ Pronomes relativos, algumas vezes, funcionam como complemento verbal.
Regência é a relação de subordinação entre os verbos e os termos complementares (objetos diretos ou indiretos) ou caracterizadores (adjuntos adverbiais).
(Não conhece esses termos? Leia o texto sobre Sintaxe da Oração!)
Estudar a regência dos termos é importante porque nos permite ampliar a capacidade de expressão. Assim, conhecemos os significados de um verbo e as diferenças que a mudança ou retirada de uma preposição podem provocar. Por exemplo:
O pai assiste o filho – significa ver, observar.
O pai assiste ao filho – que dizer prestar assistência, ajudar.
Isso quer dizer que assistir alguém é diferente de assistir a alguém. A oração é totalmente diferente, com relação ao seu significado, e tudo graças à preposição “a”.
Regência Verbal
Agora vamos estudar a subordinação que acontece entre os verbos e os objetos (regência verbal). O estudo será dividido de acordo com a transitividade do verbo, ou seja, se ele é transitivo (direto ou indireto) ou intransitivo. Primeiro trataremos dos verbos intransitivos.
Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos são aqueles que não necessitam de complemento para se fazerem entender, pois eles já completam a informação.
Contudo, para ficar ainda mais clara a comunicação, os verbos intransitivos costumam ser acrescidos de adjuntos adverbiais. Você irá conhecer alguns casos abaixo:
Verbos “chegar” e “ir”
Geralmente são acompanhados por adjuntos adverbiais de lugar. Para tanto, as preposições mais comumente utilizadas são: “a” e “para”. Veja: Nós vamos para o supermercado. Equivale a “Chegamos ao“.
Chegar “a” ou “em” indica meio ou tempo. Por exemplo: Chegamos à escola a tempo de vê-lo (tempo). Chegamos no metrô da madrugada (meio de transporte).
Verbo “comparecer”
Costuma ser acompanhado de adjunto adverbial de lugar, com preposição “a” ou “em”: Comparecemos ao encontro de despedida. Comparecemos emvários jogos durante o campeonato.
Verbos Transitivos Diretos
Os verbos transitivos diretos necessitam de complemento para dotarem a oração de sentido completo, e este complemento se dá por objetos diretos, isto é, sem utilização de preposição após o verbo.
Contudo, pronomes oblíquos podem ser utilizados (o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na, nos, nas). Exemplo: Eu amo aquele ator. Eu amo-o.
Os pronomes oblíquos “lhe” e “lhes” são considerados objetos indiretos, mas podem ser objetos diretos quando sua utilização significa posse.
Assim, são adjuntos adnominais. Como: Quero acariciar-lhe os cabelos (Quero acariciar seus cabelos). Seria objeto indireto no caso de: Quero acariciar a eles.
Conforme mencionamos, os verbos transitivos indiretos necessitam de preposição entre eles e o seu complemento. Conheça alguns exemplos:
Consistir: sempre empregado com a preposição “em”: A refeição consiste em arroz, feijão e carne moída.
Obedecer e desobedecer: os complementos são induzidos pela preposição “a”: Obedecemos aos nossos pais. Desobedecemos àsregras escolares.
Responder: outro caso de regência com preposição “a”: Respondemos à garota de camiseta azul. É o objeto que indica “ao que” ou “a quem” se responde: Respondemos ao formulário. No primeiro exemplo: a quem. No segundo: a que.
Simpatizar e antipatizar: complemento induzido pela preposição “com”: Simpatizamos com os novos funcionários imediatamente. Antipatizamos com as ideias sugeridas pela chefa.
Verbos que admitem objetos diretos ou indiretos
Entretanto, alguns verbos admitem tanto objetos diretos quanto indiretos, e o sentido continua o mesmo. São eles: abdicar, acreditar, almejar, ansiar, anteceder, atender, atentar, cogitar, consentir, deparar, gozar, necessitar, preceder, presidir, renunciar, satisfazer e versar. Veja exemplos de cada um:
O rei abdicou o trono. O rei abdicou do trono.
Não acreditava a força que tinha seu filho. Não acreditava na força que tinha seu filho.
Almejamos sucesso na carreira. Almejamos por sucesso na carreira.
Anseio respostas imediatas. Anseio por respostas imediatas.
A chegada de Marcos antecedeu uma série de reviravoltas. A chegada de Marcos antecedeu a uma série de reviravoltas.
Sandro atendeu o telefone. Sandro atendeu ao telefone.
Atente-se esta explicação do colega. Atente-se a esta explicação do colega.
Cogitamos morar fora do país. Cogitamos em morar fora do país.
Os pais consentiram a ida do filho à festa. Os pais consentiram na ida do filho à festa.
Joaquim e Noêmia se depararam uma bela paisagem rural. Joaquim e Noêmia se depararam com uma bela paisagem rural.
Armando gozava boa saúde. Armando gozava de boa saúde.
Necessitamos algumas horas juntos para matar a saudade. Necessitamos de algumas horas juntos para matar a saudade.
O rito precede a mudança de cargo. O rito precede à mudança de cargo.
O padre presidiu o encontro de noivos. O padre presidiu ao encontrode noivos.
Aline satisfazia as necessidades alimentares do bebê. Aline satisfazia às necessidades alimentares do bebê. Ou ainda: Aline satisfazia-lhe as necessidades (a ele).
O encontro versou os anos em que estivemos afastados. O encontro versou sobre os anos em que estivemos afastados.
Verbos que exigem objetos diretos e indiretos
Alguns verbos necessitam tanto de objetos diretos quanto de objetos indiretos como complemento. Assim, são chamados de verbos transitivos diretos e indiretos, como: agradecer, perdoar e pagar. Veja:
Agradecemos ao pastor a doação (ao = preposição; a = artigo).
Perdoamos ao inadimplente o não pagamento de sua prestação mensal (ao = preposição; a = artigo).
Pagamos ao banco a última parcela do financiamento (mesmo caso).
A pessoa SEMPRE deve aparecer como objeto indireto, mesmo nos casos onde não há objeto direto. Nos exemplos: ao pastor; ao inadimplente; ao banco.
Verbo “informar”
É objeto direto no sentido de coisas, e objeto indireto quando se refere a pessoas. Veja: Informamos o pagamento de sua mensalidade (o pagamento = coisas = objeto direto).
Mas em: Informamos aos alunos que as aulas de hoje foram canceladas (aos alunos = pessoas = objeto indireto).
Utilize a mesma regra com os verbos avisar, certificar, notificar, prevenir e cientificar.
Verbo “comparar”
Se estiver seguido por dois objetos, o verbo comparar admite o complemento indireto pelas preposições “a” ou “com”.
Exemplos: Comparamos o comportamento de Juliana com o de Daniel. Comparamos o comportamento de Juliana ao de Daniel.
Verbo “pedir”
Quando relacionado a coisas, o verbo pedir exige objeto direto. Se estiver dirigido a pessoas, pede complemento indireto.
Pedimos o empréstimo de dinheiro ao primo de Carlos (o empréstimo = coisas = objeto direto. Pedimos ao primo de Carlos = pessoa = objeto indireto – a ele).
Verbo “preferir”
Apresenta-se pedindo objeto indireto, com emprego da preposição “a”: Preferimos massa a carnes. Prefiro férias a feriados prolongados.
Transitividade e mudança de significado
Alguns verbos mudam de significado com a mudança de transitividade. Um exemplo disso foi citado no começo de nossos estudos de hoje, e iremos explorar ainda mais abaixo:
Agradar
O sentido de fazer agrados é objeto direto. No sentido de satisfazer, ser agradável, é objeto indireto. Veja: Agradamos o cachorro do vizinho (fizemos agrados). Agradamos ao cachorro do vizinho (fomos agradáveis ao).
Aspirar
É objeto direto quando quer dizer inalar, absorver, inspirar. Significa objeto indireto no caso de desejo, ambição.
Exemplos: Aspiramos o ar limpo do campo (inspiramos = objeto direto). Aspiramos ao cargo de supervisor (desejamos = objeto indireto).
Assistir
É objeto direto quando se refere a ver, presenciar. Porém, é objeto indireto quando se refere a dar assistência: Assistimos as crianças brincarem (objeto direto = presenciar). Assistimos às crianças em momentos de necessidade (dar assistência = objeto indireto).
Chamar
Quando referido a solicitar presença, convocação, o verbo chamar é transitivo direto. Contudo, é transitivo indireto nas orações onde se refere a denominar, apelidar.
Veja: Chamamos os funcionários deste setor (convocamos = objeto direto). Chamamos ao juiz de ladrão (apelidamos = objeto indireto).
Custar
No caso de ser difícil, tome-o como objeto direto. Para casos onde significa valor ou preço, use-o como objeto indireto: Custou dizer que partiria em breve (foi difícil = objeto direto). Custou ao pai quinhentos reais a formatura da filha (preço = objeto indireto).
Implicar
Sendo transitivo direto, o verbo implicar pode significar dar a entender: Impliquei os custos da escola ao meu pai. Também pode pedir objeto direto quando quiser dizer provocar, trazer consequência: Casar implicaresponsabilidades a mais.
Mas o verbo implicar também pode ser transitivo indireto, se significar compromisso, envolvimento: Implicamos ao crime o bandido (transitivo direto = implicamos o bandido; transitivo indireto = ao crime = envolvemos).
Esse verbo ainda pode ser somente transitivo indireto no caso de antipatizar, ter implicância com algo ou alguém. Assim, pede preposição “com” para sua regência. Exemplo: Implicamos com os alunos barulhentos (antipatizamos).
Proceder
É intransitivo se tiver a ver com agir, ter fundamento. No primeiro caso, pede adjunto adverbial de modo (modo como agiu / irá agir). Veja: Procedemos como Clarice orientou (Agimos do modo que Clarice orientou). As regras ditas pela vendedora procedem (têm fundamento).
Contudo, proceder também pode ser transitivo indireto, quando se referir a dar início ou ter origem. Exemplos: Procedemos à reunião do condomínio. O carro procede de Gramado (Demos início à reunião. O carro teve origem em Gramado).
Querer
é transitivo direto quando se refere a desejo, vontade ou cobiça: Quero viajarnas férias. Contudo, é transitivo indireto se estiver no sentido de ter afeição, amar, estimar: Quero a Amaro como um filho.
Visar
Quando significa pontaria, mira, vistar ou rubricar, é transitivo direto: Visamos o pássaro no horizonte (miramos). Visamos os documentos deixamos no escritório (rubricamos, demos visto).
Mas, se visar quiser dizer ter como meta ou objetivo, utilize-o com preposição “a”, pois é transitivo indireto: Visamos ao bem-estar dos avós. Visamos àvitória na gincana.
Regência nominal
A regência nominal é a relação que existe entre um nome (adjetivo, substantivo ou advérbio) e os termos que são regidos por ele. A regência nominal sempre é mencionada por uma preposição.
Para facilitar seu estudo, entenda que vários nomes apresentam o mesmo regime dos verbos a que derivam. Quando se conhecem esses verbos, nestes casos, também se conhecem os verbos cognatos. Veja os exemplos para entender melhor:
Obedeço às regras disciplinares. Obedeço aos meus superiores.
O verbo obedecer e os nomes correspondentes a ele são regidos SEMPRE pela preposição “a”. Afinal, quando se obedece, se obedece a algo ou a alguém.
O mesmo acontece quando se é obediente: se é obediente a algo ou a alguém. Fui obediente às regras. Fui obediente aos meus superiores.
Agora você conhecerá outros nomes semelhantes, dentro de sua classe gramatical, e um exemplo para cada um:
Substantivos
Admiração (“a” ou “por”): Eu tenho admiração ao mestre. Tenho admiração pelo mestre.
Devoção (“a, para, com, por”): Eu tenho devoção à mamãe. Tenho devoção para meu cargo. Marinês possui devoção com seus materiais escolares. Marinês tem devoção por seus materiais escolares.
Medo (“de”): Jorge tem medo de andar de avião.
Aversão (“a”, “para”, “por”): Zuleica tem aversão a baratas. Zuleica tem aversão para matar baratas. Zuleica tem aversão por baratas.
Doutor (“em”): Leonardo é doutor em Linguística.
Atentado (“a”, “contra”): Houve atentados a Israel. Houve atentados contra Israel.
Dúvida (“acerca de”, “em”, “sobre”): Tenho dúvidas acerca de sua idoneidade. Tenho dúvidas em Matemática. Tenho dúvidas sobre a sua idoneidade.
Ojeriza (“a”, “por”): Vitor tem ojeriza a cobras. Vitor tem ojeriza porcobras.
Bacharel (“em”): Fabiano é bacharel em Ciências Econômicas.
Horror (“a”): Cassiano tem horror a ratos.
Proeminência (“sobre”): Felícia tem proeminência sobre os outros estudantes de História.
Capacidade (“de”, “para”): Beatriz tem capacidade de viajar sozinha. Beatriz tem capacidade para viajar sozinha.
Impaciência (“com”): Pedro tem impaciência com pessoas lerdas.
Respeito (“a”, “com”, “para com”, “por”): Denise tem respeito aos amigos; Denise tem respeito com seus amigos. Denise tem respeito para comseus amigos. Denise tem respeito por seus amigos.
Adjetivos
Acessível (“a”): Esta rampa é acessível a cadeirantes.
Entendido (“em”): Guilherme é entendido em manutenção de computadores.
Necessário (“a”): Heloísa é necessária à equipe administrativa.
Acostumado (“a”, “com”): Karen é acostumada a acordar cedo. Karen está acostumada com este trabalho.
Equivalente (“a”): Um quilo de arroz é equivalente a um quilo de feijão.
Nocivo (“a”): Este agrotóxico é nocivo a pragas da lavoura de milho.
Agradável (“a”): O perfume de Gisele é agradável ao meu olfato.
Escasso (“de”): O Brasil está escasso de governantes honestos.
Paralelo (“a”): Esta rua é paralela à Avenida Getúlio Vargas.
Alheio (“a”, “de”): Orlando trabalha alheio ao barulho do setor. Orlando trabalha alheio de todo o barulho do setor.
Essencial (“a”, “para”): Água é essencial à vida. Água é essencial para a vida.
Passível (“de”): O julgamento é passível de recurso.
Análogo (“a”): O resultado do exame de Ivan é análogo ao de sua mãe.
Fácil (“de”): A avaliação estava fácil de fazer.
Preferível (“a”): Trabalhar menos é preferível a ficar doente.
Ansioso (“de”, “para”, “por”): Ofélia estava ansiosa de tanto esperar pelo nascimento do bebê. Ofélia estava ansiosa para o nascimento do bebê. Ofélia estava ansiosa por causa do nascimento do bebê.
Fanático (“por”): Anastácia é fanática por futebol.
Prejudicial (“a”): O erro no gabarito foi prejudicial a muitos candidatos.
Apto (“a”, “para”): Higor está apto a voltar ao trabalho. Higor está apto para voltar ao trabalho.
Favorável (“a”): O laudo foi favorável ao paciente.
Prestes (“a”): Eduardo estava prestes a sair de casa quando o telefone tocou.
Ávido (“de”): Os novos estudantes estão ávidos de conhecimento.
Generoso (“com”): Os netos de Nilton são generosos com ele.
Propício (“a”): Estou propício a concordar contigo.
Benéfico (“a”): O remédio foi benéfico à saúde prejudicada de Luana.
– Grato (“a”, “por”): Sou grata a meus pais pelo que eles fizeram. Sou grata por tudo o que meus pais fizeram.
Próximo (“a”): Minha casa é próxima ao meu trabalho.
Capaz (“de”, “para”): Ivan é capaz de memorizar longos textos. Ivan é capaz para o trabalho.
Hábil (“em”): Sou hábil em diversos idiomas.
Relacionado (“com”): Este assunto não está relacionado com a pauta da reunião.
Compatível (“com”): O sangue de Hercília é compatível com o de seu irmão.
Habituado (“a”): Estou habituado a passar calor em Joinville.
Relativo (“a”): O castigo de hoje é relativo ao que você fez ontem.
Contemporâneo (“a”, “de”): Lauro é contemporâneo a Matheus. Lauro é contemporâneo de Matheus.
Idêntico (“a”): Marcos é idêntico ao seu gêmeo Maurício.
Satisfeito (“com”, “de”, “em”, “por”): Fico satisfeito com os resultados de meus alunos. Fiquei satisfeita de tanto comer mariscos. Geórgia está satisfeita em presidir o encontro. Geórgia está satisfeita por presidir o encontro.
Contíguo (“a”): O quarto de meu irmão é contíguo ao quarto de hóspedes.
Impróprio (“para”): O filme que está passando é impróprio para crianças.
Semelhante (“a”): Sou semelhante ao meu pai.
Contrário (“a”): O resultado foi contrário ao que Lúcio esperava.
Indeciso (“em”): Estou indeciso em seguir adiante com meus estudos.
Sensível (“a”): Sou sensível a alimentos muito temperados.
Descontente (“com”): Neuza está descontente com a reprovação de seu filho no ano letivo.
Insensível (“a”): O chefe foi insensível às reclamações dos funcionários.
Sito (“em”): O escritório está sito em Rua da Liberdade.
Desejoso (“de”): Ester ficou desejosa de comer caranguejo.
Liberal (“com”): Rui é um pai liberal com suas filhas.
Suspeito (“de”): Samuel é suspeito de liderar a quadrilha.
Diferente (“de”): O sabor do macarrão de arroz é diferente do macarrão comum.
Natural (“de”): José Augusto é natural de Londrina.
Vazio (“de”): O coração de Júlio é vazio de sentimentos.
Advérbios
Longe (“de”): Minha melhor amiga mora longe de mim.
Perto (“de”): Celeste está perto de mim agora.
Advérbios terminados em “-mente”: tendem a seguir o regime dos adjetivos a que são formados. Por exemplo: paralelamente (paralelo a); relativamente (relativo a).