Fernando Pessoa e o Modernismo em Portugal Public

Fernando Pessoa e o Modernismo em Portugal

Esther Meira
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Fernando Pessoa e o Modernismo em Portugal

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 As primeiras manifestações modernistas começaram a surgir no período compreendido entre as duas grandes guerras mundiais; período significativo, marcado por várias transformações, não só em Portugal, mas em toda a Europa.  o modernismo em Portugal foi fruto das novas concepções estéticas que circulavam na Europa no início do século XX. Irreverente, contestador e anárquico, rompeu com os padrões até então vigentes ao propor uma nova linguagem, absolutamente diferente daquela adotada pelos poetas românticos e simbolistas. Estendeu-se até o final do *Estado Novo, na década de 70, e contou com importantes nomes, entre eles Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Irene Lisboa, Miguel Torga, entre outros, que representaram as quatro vertentes do modernismo: o Orfismo, o Presencialismo, o Neorrealismo e o Surrealismo.   Orfismo (1915-1927): corresponde à primeira fase do modernismo português. Recebeu esse nome por causa da revista Orpheu, primeira publicação a divulgar os ideais modernistas e as tendências culturais que circulavam na Europa no início do século XX. Foi fundada em 1915 por um grupo de escritores e artistas plásticos, entre eles Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Raul Leal, Luís de Montalvor, Almada Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho. Os orfistas tinham como objetivo chocar a burguesia ao apresentar uma poesia livre da métrica e inserir a literatura portuguesa no contexto cultural europeu, que àquela época estava sob forte influência das tendências futuristas. Embora tenha desaparecido precocemente (foram publicadas apenas duas edições), a revista Orpheu deixou uma enorme herança cultural, influenciando novos artistas, assim como o surgimento de novas publicações. Presencialismo ou Presencismo (1927–1940): O segundo momento modernista recebeu esse nome por causa da revista literária Presença, cujo primeiro exemplar foi publicado no ano de 1927. Fortemente influenciada pela revista Orpheu, a publicação foi a principal responsável por divulgar e dar continuidade às ideias modernistas, embora seus representantes tenham defendido uma literatura mais intimista, voltada para a introspecção e para o experimentalismo. O grupo encerrou suas atividades no ano de 1940, quando o mundo ainda vivia sob as tensões provocadas pela Segunda Guerra Mundial. Seus principais representantes foram José Régio, Adolfo Rocha, João Gaspar Simões, Miguel Torga, Irene Lisboa, entre outros. Neorrealismo (1940-1974): surgiu em um conturbado contexto histórico-social. A Europa sofria com as consequências de uma forte crise econômica, com a tirania de regimes totalitários e também com a constante tensão provocada pela Segunda Guerra Mundial. Seus principais representantes foram Alves Redol, Manuel da Fonseca, Afonso Ribeiro, Joaquim Namorado, Mário Dionísio, Vergílio Ferreira, Fernando Namora, Mário Braga, Soeiro Pereira Gomes ou Carlos de Oliveira, entre outros. O neorrealismo teceu duras críticas ao individualismo e ao esteticismo — temas caros ao Presencialismo — e divulgou na literatura o pensamento marxista e a forte rejeição ao socialismo utópico. As revistas Seara Nova, Sol Nascente e o Diabo foram responsáveis por divulgar a estética neorrealista em Portugal. Surrealismo (1947-1974): por muitos estudiosos, foi considerado a última fase do modernismo português. Suas principais características foram a “escrita automática”, com destaque para a livre associação de ideias e de palavras, e a modificação das estruturas da realidade, elemento baseado nos conteúdos oníricos, reafirmando seu caráter figurativo e irracional. Seus principais representantes foram Antônio Pedro, José Augusto França, Alexandre O’Neill, Mário Cesariny de Vasconcelos e outros como Natália Correia, Henrique Rasques Pereira, Artur do Cruzeiro Seixas, Antônio José Forte, Fernando Alves dos Santos e Isabel Meyrelles.   *Estado novo: O salazarismo foi o regime ditatorial que existiu em Portugal, entre 1933 e 1974, e é conhecido também como Estado Novo. Foi a ascensão de Salazar que iniciou o período conhecido como Estado Novo. Essa fase ditatorial da história portuguesa teve fim quando a Revolução dos Cravos restaurou a democracia em Portugal.
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O Modernismo iniciou, em Portugal, em 25 de março de 1915, com a publicação do primeiro número da revista Orpheu, revista trimestral elaborada por um grupo de jovens artistas, dos quais merecem destaque Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Luís Montalvor (pseudônimo de Luís da Silva Ramos) e Almada Negreiros. A revista ainda apresentava poemas próximos à estética simbolista, mas também trazia textos inspirados nos movimentos da vanguarda europeia, desejando romper com o convencionalismo e chocar a sociedade da época. A primeira edição da revista foi dirigida por Luís Montalvor, com o brasileiro Ronald de Carvalho que, desde a apresentação do volume, afirmavam:  Bem propriamente, ORPHEU é um exílio de temperamentos de arte que a querem como um segredo ou tormento...  Nossa pretensão é formar, em grupo ou ideia, um número escolhido de revelações em pensamento ou arte, que sobre este princípio aristocrático tenham em ORPHEU o seu ideal esotérico e bem nosso de nos sentirmos e conhecermo-nos.  Entender o artista como possuidor de uma sensibilidade singular que lhe possibilita captar o lado misterioso do mundo real é uma atitude tipicamente simbolista. Mas, por outro lado, esse mesmo grupo estava disposto a realizar a “Literatura de Manicômio”, expressão usada, na época, para avaliar os textos publicados na revista. Essa literatura encontrava-se permeada das vanguardas artísticas que estudamos no módulo anterior – fauvismo, expressionismo, cubismo, futurismo, dadaísmo, surrealismo. Convém destacar que a passagem do Simbolismo para o Modernismo, em Portugal, ocorreu de forma gradativa, haja vista a força do movimento simbolista em terras lusitanas. Nos tópicos em que estudaremos o Modernismo brasileiro, perceberemos que os acontecimentos foram diferentes, pois o Simbolismo, aqui, não possuiu a mesma intensidade que na Europa. Encontraremos, portanto, os primeiros modernistas brasileiros combatendo, efetivamente, os Parnasianos.  Em uma carta a Armando Cortes Rodrigues, colaborador açoriano da revista, Fernando Pessoa relata o comportamento da sociedade, demonstrando a satisfação dos objetivos estéticos alcançados:  Somos o assunto do dia em Lisboa; sem exagero lho digo. O escândalo é enorme. Somos apontados na rua e toda a gente – mesmo extraliterária – fala do ORPHEU.  Dito de outra maneira, a proposta dessa revista vinculava-se ao desejo de atualizar a literatura portuguesa em face dos movimentos artísticos ocorridos na Europa, bem como escandalizar o público burguês conservador. Em razão da repercussão do primeiro número dessa revista, Orpheu passou a ser considerada como o marco inicial do Modernismo português.  A revista ainda terá sua segunda edição, publicada em 28 de junho de 1915, dirigida por Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa. O volume contava com poemas hoje célebres da literatura, tal qual “Ode Marítima”, de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa; trataremos disso em outro item). Os escritores foram, inclusive, tachados de pornográficos e criaturas de maus sentimentos, pela sociedade lisbonense. A terceira edição de Orpheu começou a ser editada e impressa, mas o projeto foi abandonado, pois Mário de Sá-Carneiro, principal financiador da revista, comunicou que não mais pagaria os custos da edição. Logo em seguida, sentindo-se “perdido no labirinto de si próprio”, conforme o poeta diz em carta a Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro cometeu suicídio.    Atenção  Lembrar alguns antecedentes históricos do Modernismo português é importante para que entendamos as razões para o surgimento das revistas que fomentaram o sentimento de necessidade de mudanças no país. O primeiro antecedente relevante data de 1890, nomeado Ultimatum Inglês. Esse foi um ultimato que a Inglaterra deu a Portugal para que as tropas portuguesas desocupassem as terras africanas, a fim de que a Inglaterra assumisse o território. Esse fato desencadeia uma comoção em Portugal, pois o país não possuía condições de enfrentar belicamente a Inglaterra. Tal acontecimento permitirá o desenvolvimento de movimentos antimonárquicos, iniciados, portanto, à medida que o neocolonialismo instaura-se.  Em 1908, há, como ápice desses movimentos antimonárquicos, o assassinato do Rei D. Carlos e de seu filho Luís Felipe. Em 1910, acontecerá a deposição de D. Manuel, seguida da proclamação da República.  Já em 1926, acontecerá o Golpe Militar, com Gomes da Costa assumindo o poder e formando a República Corporativa e Unitária de Portugal. Em 1932, Antônio de Oliveira Salazar assume o poder e a presidência de Portugal. Dessa forma, instaura-se um regime ditatorial nesse país e, com ele, o Estado Novo. Esse é um momento em que Portugal terá austeridade e prosperidade econômica mediante a exploração acontecida durante o neocolonialismo. Entretanto, esse crescimento realizar-se-á mediante a instauração de um regime extremamente opressor, suprimindo a liberdade individual e fechando instituições que se posicionassem contra ele. Esse momento também foi chamado de salazarismo. Várias outras revistas foram editadas depois de Orpheu: Centauro, Exílio, Portugal Futurista, Contemporânea, Athena, Bysâncio, Tríptico. Todas elas tinham o intuito de tentar continuar o trabalho iniciado com Orpheu: promover o Modernismo em Portugal e combater o academicismo. Porém, somente em 1927, com a publicação do primeiro volume da revista Presença, é que será possível dizer que o Modernismo em Portugal atingirá sua segunda fase. No entanto, antes de passarmos a essa fase, estudaremos o principal nome da literatura modernista portuguesa: Fernando Pessoa. 
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No dia 10 de março de 1927, foi lançado o primeiro número da revista Presença – Folha de Arte e Crítica. Até 1940, as publicações da revista funcionaram como um importante meio de divulgação do Modernismo em Portugal. Nela, a geração de Orpheu foi valorizada, bem como célebres autores europeus foram apresentados a um público maior – Marcel Proust, Paul Valéry, Guillaume Apollinaire, André Gide e Luigi Pirandello.    A revista contou com a colaboração de personalidades como Afonso Duarte, Antônio Botto, Antônio Navarro, Carlos Queirós, Francisco Bugalho, Vitorino Nemésio e o próprio Fernando Pessoa, com publicações ortônimas e heterônimas. Alguns escritores brasileiros também publicaram na Revista, como Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Ribeiro Couto, Vinícius de Moraes e Jorge de Lima.    A importância da revista deve-se a dois fatores em especial: a valorização da geração Orpheu em suas publicações e a luta permanente pela defesa da liberdade de criação artística. Essa valorização do indivíduo fez com que fosse elaborada uma literatura sincera e profunda. 
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O Modernismo em Portugal acaba se concentrando em um poeta: Fernando Pessoa.  Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 13 de junho de 1888. Filho de Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, e de Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos Açores. Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade. Seu padrasto era o comandante militar João Miguel Rosa, que foi nomeado cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul. Acompanhando a família Fernando Pessoa seguiu para a África do Sul, onde recebeu educação inglesa no colégio de freiras e na Durban High School. Em 1901, Fernando Pessoa escreveu seus primeiros poemas, em inglês. Em 1902 a família voltou para Lisboa. Em 1903 Fernando Pessoa retornou sozinho para a África do Sul e frequentou a Universidade de Capetown (Cabo da Boa Esperança). Regressou a Lisboa em 1905 e matriculou-se na Faculdade de Letras, onde ingressou no curso de Filosofia. Em 1907 abandonou a faculdade. Em 1912, Fernando Pessoa estreou como crítico literário na revista “Águia” e poemas em “A Renascença” (1914). A partir de 1915 liderou o grupo mentor da revista “Orpheu”, entre eles, Mário de Sá-Carneiro, Raul Leal, Luís de Montalvor, Almada-Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho. A revista foi a porta-voz dos ideais de renovação futurista desejados pelo grupo, defendendo a liberdade de expressão, numa época em que Portugal atravessava uma profunda instabilidade político-social da primeira república. Nessa época. Criou seus heterônimos principais. A revista Orpheu teve vida curta, mas enquanto durou, Fernando Pessoa publicou poemas que escandalizaram a sociedade conservadora da época. Os poemas “Ode Triunfal” e “Opiário”, escritos por seu heterônimo “Álvaro de Campos”, provocaram reações violentas levando os “orfistas” a serem apontados, nas ruas, como “loucos” e “insanos”. _____________ Ele é dono de uma obra fantástica, que encanta leitores de todos os lugares, por sua diversidade, categoria poética e riqueza com que apresenta sua visão a respeito do mundo. O poeta conseguiu concretizar os ideais modernistas de liberdade, de interação com o real de maneira singular. O autor encontra-se no Modernismo português, mas, certamente, podemos afirmar que sua obra é atemporal, ultrapassando os limites de seu tempo, tornando-se, efetivamente, um supra- Camões. Nas palavras de Massaud Moisés (2001, p. 241),  Fernando Pessoa é dos casos mais complexos e estranhos, senão o único dentro da Literatura Portuguesa, tão fortemente perturbador que só o futuro virá a compreendê-lo e julgá-lo como merece. [...] Como havia um modelo camoniano de transmitir a impressão causada pelo mundo e os homens na sensibilidade do poeta, atualmente há um molde pessoano. O ciclo camoniano termina quando se inicia o pessoano, evidente na influencia além e aquém-Atlântico exercida por Fernando Pessoa.  O traço fundamental para a poesia moderna portuguesa e ocidental corresponde à cisão entre o eu lírico (a voz da poesia) e o empírico (o escritor propriamente dito). Assim, os textos de um determinado autor não precisam se encontrar intimamente relacionados aos acontecimentos cotidianos da vida do autor. Essa dicotomia será estabelecida por Fernando Pessoa em diferentes poemas, dentre eles o poema “Autopsicografia”. Observe:    O poeta é um fingidor.  Finge tão completamente  Que chega a fingir que é dor  A dor que deveras sente.   E os que leem o que escreve,  Na dor lida sentem bem,  Não as duas que ele teve,  Mas só a que eles não têm.    E assim nas calhas de roda  Gira, a entreter a razão,  Esse comboio de corda  Que se chama coração.    Esse poema encontra-se na obra de Fernando Pessoa ‘ele mesmo’, ou ortônimo (advém do grego, orto, correto e nimo, nome, ou seja, a poesia do eu lírico Fernando Pessoa). Observe que a lírica pessoana corresponde a uma poesia de extrema musicalidade, ritmada e preocupada com a plasticidade sonora. Assim, o poema em questão é organizado em três estrofes, possuindo, cada parte, uma explicação do/sobre o fazer poético.  A primeira parte é iniciada com a ideia central de Pessoa: o poeta como um fingidor. O verbo fingir é uma derivação latina (fingere), em que se percebe tanto o sentido de fingir, desenhar, quanto o de modelar, construir, envolvendo todo o processo criativo, verificado pela particularização da dor. Assim, a dor sentida pelo poeta, a explicitada, e a experimentada pelo leitor.  Essa experimentação estética, permitida pelos dois sentires do poeta, fica evidente na segunda parte do poema, em que o eu lírico alude à fruição artística da parte do leitor. Este não sente a dor real do poeta, tampouco aquela imaginada para o eu lírico, mas uma derivação desse processo: a particularização do sentimento que só o leitor é capaz de possuir durante esse processo estético.  Na terceira e última estrofe, há uma metaforização do sentimento entretendo a razão humana. O coração (comboio de cordas), símbolo de sensibilidade, gira nas calhas de roda (destino fomentado), distraindo a razão. Aqui, percebe-se a explicitação do que vem a ser função lúdica da poesia, iniciada nos sentires do poeta, tornando-se fruídas no leitor ao distrair a razão pela sensibilidade.  Tendo isso em vista, uma característica fundamental de Fernando Pessoa ortônimo corresponde à sensibilidade da razão. Assim, há uma consciência do que se sente, amplificando o sentir em virtude do uso da razão. Outra questão relevante corresponde às dialéticas postas pelo poeta: consciência x inconsciência, discutindo a ideia de que ter a consciência da inconsciência torna possível amplificar a sensação diante das coisas; sinceridade x fingimento, pois, na concepção do poeta, a poesia é fingimento, não mentira. A sinceridade, aliás, será uma discussão interessante proposta por sua obra, pois ele acaba problematizando o quanto antissocial pode ser a sinceridade.  A principal obra de Pessoa “ele mesmo” corresponde a um livro publicado em 1934, intitulado Mensagem, o único publicado em vida, visto que o poeta faleceu com problemas de alcoolismo, em 1935. O livro foi considerado como a nova epopeia portuguesa, mas de estilo diferente do camoniano. Esse livro será composto de poemas líricos, que funcionarão como uma reflexão sobre o passado e o presente lusitano, com uma visão saudosista e, com relação ao momento vivenciado, melancólica. O poema “Mar português” corresponde a um exemplo interessante sobre a poesia publicada no livro em questão:    Ó mar salgado, quanto do teu sal  São lágrimas de Portugal!  Por te cruzarmos, quantas mães choraram,  Quantos filhos em vão rezaram!  Quantas noivas ficaram por casar  Para que fosses nosso, ó mar!   Valeu a pena? Tudo vale a pena  Se a alma não é pequena.  Quem quer passar além do Bojador  Tem que passar além da dor.  Deus ao mar o perigo e o abismo deu,  Mas nele é que espelhou o céu. 
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Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo. Tendo sido "plural", como se definiu, criou personalidades próprias para os vários poetas que conviveram nele. Cada um tem sua biografia e traços diferentes de personalidade. Pessoa criou vários heterônimos que apresentavam características particulares e que por isso escreviam textos bem diversos. Mas o que é um heterônimo? É um desdobramento da própria personalidade do autor, é a criação de outras pessoas. Heterônimo é diferente de pseudônimo, pois atinge uma maior complexidade, o pseudônimo é apenas a criação de nomes fictícios para uma mesma pessoa, heterônimo é mais que um nome diferente, é uma outra pessoa. Como disse o próprio escritor, várias foram as personagens que o acompanharam desde a infância. Segundo ele sua tendência, sua necessidade era multiplicar-se: “Multipliquei-me, para me sentir, Para me sentir, precisei sentir tudo, Transbordei-me, não fiz senão extravasar-me” Assim concluímos que os poetas são indivíduos diferentes, cada qual com seu mundo próprio, representando o que angustiava ou encantava seu autor: Alberto Caeiro nasceu em Lisboa, em 16 de abril de 1889. Órfão de pai e mãe, só teve instrução primária e viveu quase toda a vida no campo, sob a proteção de uma tia. Poeta de contato com a natureza, extraindo dela os valores ingênuos com os quais alimenta a alma. Para Caeiro, “tudo é como é”, “tudo é assim como é assim”, o poeta reduz tudo à objetividade, sem a mediação do pensamento. O poema “O Guardador de Rebanhos” mostra a forma simples e natural de sentir e dizer desse poeta. Alberto Caeiro morreu tuberculoso, 1915. Ricardo Reis nasceu na cidade do Porto, Portugal, no dia 19 de setembro de 1887. Teve formação em escola de jesuítas e estudou medicina. Monarquista, exilou-se no Brasil, por não concordar com a Proclamação da República Portuguesa. Foi profundo admirador da cultura clássica, tendo estudado latim, grego e mitologia. A obra de Reis é a ode clássica, cheia de princípios aristocráticos. Bernardo Soares é um dos heterônimos que o próprio Fernando Pessoa definiu como sendo um “semi-heterônimo”. É o autor do Livro Desassossego. Álvaro de Campos foi o mais importante heterônimo de Fernando Pessoa, nasceu no extremo sul de Portugal, em Tavira, em 15 de outubro de 1890. É o poeta moderno, aquele que vive as ideologias do século XX. Estudou Engenharia Naval, na Escócia, mas não podia suportar viver confinado em escritórios. De temperamento rebelde e agressivo, seus versos reproduzem a revolta e o inconformismo, manifestados através de uma verdadeira revolução poética. Escreveu “Ode Triunfal”, “Ode Marítima” e “Tabacaria”. Segue uma estrofe de um dos mais importantes poemas de Álvaro de Campos “Tabacaria”. O longo poema é exemplo marcante do desalento que caracteriza o poeta:    Tabacaria Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
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O Modernismo português é organizado considerando a publicação de duas revistas significativas para a estética em desenvolvimento: a Orpheu e a Presença. Assim, a geração Orpheu corresponde a um marco de alterações estéticas, possibilitando a gradual inclusão das vanguardas artísticas europeias em face de uma manifestação estética anterior: o Simbolismo. Tendo isso em vista, Fernando Pessoa é considerado um marco da Literatura Portuguesa depois de Camões, com sua poesia ortônima e a de seus principais heterônimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Quanto ao presencistas, eles marcaram a segunda fase modernista portuguesa, uma vez que realizaram a valorização da geração anterior (e, assim, da estética modernista), bem como defenderam o ideal de uma produção artística baseada na liberdade de criação. 
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https://zairatd.blogspot.com/2011/04/modernismo-em-portugal-e-fernando.html https://www.ebiografia.com/fernando_pessoa/ http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/texto-html.xhtml?redirect=59406988217944439004440692926 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/salazarismo.htm https://www.portugues.com.br/literatura/modernismo-portugal.html
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se vc n estuda cmg ignore esse módulo
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Bom trabalho gnt, espero ter ajudado. vou morrer de saudades bjss
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