Deus é bom
I. CONFLITO SOBRE A BONDADE
O que vem à mente quando pensamos sobre Deus é o mais importante a nosso respeito.
-A.W. Tozer
Ele é um Pai
As pessoas dizem que Deus é bom, mas creditam a Ele a causa do câncer e dos desastres naturais e até o culpam pelas atividades terroristas. Alguns tentam escapar da dor desse raciocínio vergonhoso afirmando: "Ele permitiu isso" em vez de "Ele causou isso". Há um pensamento comum entre as pessoas de que Deus causa ou permite que o mal aconteça para que Ele possa demonstrar Sua misericórdia.
As pessoas que perguntam: "E quanto a Jó?". A reposta deve ser: "E quanto a Jesus". Jó nos dá a pergunta. Jesus nos dá a resposta.
Deus pode transformar qualquer situação em nosso benefício para Sua glória, isso naturalmente inclui as piores condições que a humanidade já conheceu. Mas isso não representa Seu desígnio.
O que pode ser ainda mais devastador acerca dessa visão de que Deus causa o mal é que ela compromete fundamentalmente nossa capacidade de discernir a diferença entre a disciplina de Deus e um ataque demoníaco real.
Jesus nos disse tudo o que precisávamos saber:
O ladrão vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para lhes dar vida, uma vida plena, que satisfaz.
“Eu sou o bom pastor. O bom pastor sacrifica sua vida pelas ovelhas.
- João 10:10-11
Aqui está: perda, morte e destruição de um lado e a vida abundante do outro. Uma é má e outra é boa. Não deveria ser tão difícil distinguir entre as duas.
E se isso não bastasse, João resumiu por que Jesus veio até a Terra:
Mas, quando continua a pecar, mostra que pertence ao diabo, pois o diabo peca desde o início. Por isso o Filho de Deus veio, para destruir as obras do diabo.
- 1 João 3:8
Jesus nos ensinou a reconhecer as obras do diabo e depois nos mostrou como destruí-las.
Deus é bom?
Criar doutrinas que dizem não haver milagres hoje não apenas contradiz Sua Palavra, como é uma forma sorrateira de evitar a responsabilidade. Ora, Jesus mesmo disse:
Eu lhes digo a verdade: quem crê em mim fará as mesmas obras que tenho realizado, e até maiores, pois eu vou para o Pai.
- João 14:12
Devemos ser gratos pelo que nossos antepassados lutaram pela nossa liberdade em Cristo. No entanto, há mais para nós. A maior colheita de almas de todos os tempos está para chegar. Ela não virá por causa das nossas técnicas elaboradas de pregação, do nosso uso da mídia ou mesmo da nossa música impactante. Cada uma dessas áreas têm importância, mas elas não tem um fim em si mesmas.
A bondade de Deus está além da nossa compreensão, mas não além daquilo que podemos experimentar. Nosso coração nos levará onde nossa mente não consegue chegar. O entendimento é vital, mas ele muitas vezes vem por meio da experiência que temos com Deus.
Pela fé, entendemos que todo o universo foi formado pela palavra de Deus; assim, o que se vê originou-se daquilo que não se vê.
- Hebreus 11:3
Nossa percepção da verdade aumentará à medida em que experimentamos a verdade da maneira mais profunda.
Provem e vejam que o Senhor é bom!
Como é feliz o que nele se refugia!
- Salmos 34:8
Ouvir alguém que não nasceu de novo ensinando sobre nascer de novo é quase motivo de riso. Dificilmente um grupo de crentes em qualquer lugar do mundo valorizaria esse ensinamento. No entanto, uma prática semelhante é quase aplaudida e considerada nobre entre boa parte dos cristãos: seguir uma teologia que não exige qualquer experiência. Entendo que algumas pessoas podem supor que a teologia se baseia na experiência, o que para alguns sugere desprezar a razão. Esse é um perigo real e atual. Mas o problema que tem causado muito mais danos na vida da Igreja dos nossos dias é a teologia sem experiências.
As crenças comuns precisam ser desafiadas!
Mudar nossa teologia não muda o Senhor. Não chegamos a lugar nenhum permitindo que nossa imaginação crie nossa própria imagem de Deus. Se fosse assim, Ele não seria melhor que os deuses feitos de madeira ou pedra, também criados pela iniciativa humana.
Descobrir quem Deus é e como Ele é na realidade é a única maneira possível de descobrir Sua verdadeira bondade. Algumas pessoas dizem que não acreditam mais em Deus depois de passarem por uma decepção ou por uma perda trágica. Obviamente, não podemos tratar essas
situações com desconsideração, mas não se pode reconhecer a existência de Deus e negá-la dessa forma. Podemos até ficar zangados, acusá-lo e recusá-lo. Mas não podemos decidir que Ele não existe mais. Tornar-se ateu não livra ninguém dele.
Mudar nossa teologia muda a nós mesmos, mas não a Ele.
Toda a glória seja a Deus que, por seu grandioso poder que atua em nós, é capaz de realizar infinitamente mais do que poderíamos pedir ou imaginar. A ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus por todas as gerações, para todo o sempre! Amém.
-Efésios 3:20,21
O que Deus faz por nós está além do alcance da nossa oração mais grandiosa no nosso melhor dia com nosso nível mais elevado de fé.
Infelizmente, muitos abraçam a visão de quem Deus é conforme descrita nas histórias do Antigo Testamento. Essas histórias são importantes e necessárias. Mas o fato é que Jesus veio para substituí-las por uma visão mais clara de como Deus é.
Guerra civil na igreja
A igreja não é conhecida por lidar bem com os conflitos. Tendemos a ser o único exército no mundo que atira em seus feridos, principalmente se eles tiverem sido feridos por conta dos próprios atos.
Uma boa teologia é essencial. Mas teologia sem amor é um sino que toca alto e, na melhor das hipóteses, é apenas irritante.
A mente celestial
Ter a mente renovada é mais do que a capacidade de dar uma resposta bíblica para um problema. Ela inclui isso, mas vai muito além. É ver a partir de uma perspectiva divina.
Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês.
- Romanos 12:2
A mente renovada é o que revela e ilustra a vontade de Deus na Terra. Saberemos que nossa mente foi renovada quando o impossível parecer lógico.
Por acaso, se alguém me telefonar e me disser que a doença de que estou sofrendo me foi dada por Deus para me ensinar a confiar nele, preciso examinar Sua palavra para ver se essa é uma palavra autêntica de Deus. Deus, o maior de todos os artistas, nos deixou muitas obras primas em Mateus, Marcos, Lucas e João.
Não há um único exemplo de Jesus dando doença a alguém. Na verdade, Seu estilo de vida era justamente o oposto.
A mente renovada é capaz de chegar à conclusão de que o que mais foi dado com algo assinado por Deus é, na verdade, uma falsificação. E embora eu rejeite firmemente a palavra dessa pessoa para mim, não rejeito a pessoa.
Felizes os misericordiosos,
pois serão tratados com misericórdia.
-Mateus 5:7
Ele deve ser valorizado por quem ele é em Deus, e não porque ele faz tudo certo. Nenhum de nós faz.
A maior falsificação de todas poderia ser simplesmente o ensinamento de que Jesus não cura mais as pessoas das doenças nem as liberta do tormento. Muitas pessoas boas acreditam nessas mentiras. Elas devem ser tratadas com bondade porque foram envenenadas por uma mentira. Mas é igualmente verdade que as mentiras que elas promovem devem ser expostas como falsificações.
Talvez sejam essas falsificações tenham sido comercializadas por décadas por crentes bem intencionados que contribuíram para o maior vácuo existente na consciência humana: o conhecimento da bondade de Deus.
Como cortar madeira
Durante dois mil anos, estivemos nos comparando à geração anterior, observando apenas ligeiras diferenças.
Em vez de nos compararmos com nós mesmos, deveríamos usar o padrão original encontrado na vida de Jesus, par que a medida da bondade de Deus revelada em Cristo permanecesse a mesma ao longo dos últimos dois mil anos.
II. NO PRINCÍPIO
O que vejo na Bíblia, principalmente no livro de Salmos, que é um livro de gratidão pelo mundo criado, é o reconhecimento de que todas as coisas boas na Terra são de Deus, todo dom perfeito vem do alto. Eles são bons se reconhecermos de onde eles vieram e se os tratarmos da maneira que o Projetista pretendia que eles fossem tratados.
- Philip Yancey
Por Deus ser melhor do que imagino, devo ajustar meu modo de pensar e a ternura do meu coração até que eu tenha plena consciência tanto da Sua natureza quanto da Sua presença. E essa consciência então se torna a realidade na qual eu vivo.
Deus anseia por revelar àqueles que estão prontos para abraçar plenamente o que descobrem. A revelação da verdade traz a responsabilidade pela verdade. A revelação raramente é dada àqueles que são meramente curiosos. Você nunca verá o Senhor revelar a verdade apenas para nos tornar mais espertos ou mais aptos para debater com aqueles que não concordam conosco. A verdade é, por natureza, o poder transformador de Deus para promover a liberdade na vida daqueles que a abraçam.
Então conhecerão a verdade, e a verdade os libertará
- João 8:32
Quando nossas perguntas expressam a nossa forme por descoberta, elas são frutíferas. Mas quando nossas perguntas desafiam quem Ele é, elas são tolas e levam ao orgulho intelectual e, por fim, à esterilidade espiritual.
Quem Deus é revela-se no que Ele diz. Jesus nunca foi um proclamador de verdades que não as vivia.
As mentiras custam caro, uma vez que elas roubam a vida de todos os que as abraçam. Tragicamente, se eu acreditar em uma mentira, confiro poder ao mentiroso.
Adão e Eva comeram o fruto proibido para se tornarem como Deus. Eles tentaram conseguir através de uma ação o que já possuíam por desígnio, eles foram criados à imagem de Deus. Eles já eram como Ele! A desobediência voluntária jamais nos trará benefícios, ao contrário, fará com que percamos o pouco que tivermos.
O diabo mente sobre quem Deus é, consequentemente, ele também mente sobre quem somos. Tudo se resume à nossa identidade.
Não posso me dar ao luxo de pensar algo ao meu próprio respeito que Deus não pensa. Pensar independentemente dele não é liberdade. Na verdade, pensar fora do propósito e do desígnio estabelecido pelo maior gênio criativo que já existiu é o pior cativeiro que se pode imaginar.
Como resultado, o maior presente que podemos dar a nós mesmos é exigir que nossa mente trabalhe em parceria com Sua bondade. Estar ligado à bondade de Deus ilustra o que é a liberdade da forma mais maravilhosa possível
Projeto original
"Quando está em submissão à Sua missão primordial, você passa a estar comissionado". Descobrir a comissão e o propósito original de Deus para a humanidade pode ajudar a fortalecer nossa decisão de ter uma vida significativa que molde a história. Para encontrar essa verdade, precisamos voltar ao princípio.
O próprio Deus ansiava por ver o que aqueles que adoravam a Ele por opção fariam com o que lhes foi dado para cuidar.
Então Deus os abençoou e disse: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a terra. (...)
- Gênesis 1:28
Essa foi a primeira comissão dada à humanidade. "Sede fecundos". Essa é uma ordem específica para sermos produtivos. Deus não temia que eles dessem seu toque pessoal à Criação. Ao contrário, a marca da autoridade delegada a eles deveria ser vista na maneira como administravam a própria Criação.
Quanto maior o número de pessoas em um relacionamento reto com Deus, maior o impacto da liderança.
"Sujeitai-a". Essa afirmação revela algo que muitas vezes é ignorado. Em certo sentido, Adão e Eva nasceram dentro de uma guerra. Por Satanás ter se rebelado e sido expulso do céu com uma parte dos anjos caídos e ter tomado o domínio da Terra, torna-se óbvio porque o restante do planeta precisava ser sujeitado, ele estava sob a influência dos poderes das trevas. Deus poderia ter destruído o diabo e suas hostes com uma só palavra; em vez disso, Ele optou por derrotar as trevas através daqueles a quem havia delegado a autoridade: aqueles que haviam sido criados à Sua imagem e que o amavam por opção.
A história de um romance
"Quando está em submissão à Sua missão primordial, você passa a estar comissionado". A missão de Deus é ser abraçado e bem representado por aqueles que o amam voluntariamente, colocando tudo o que Ele criou de volta em seu lugar adequado.
Os céus pertencem ao Senhor,
mas ele deu a terra à humanidade.
- Salmos 115:16
É a partir dessa revelação que devemos aprender a andar como Seus embaixadores, derrotando assim o "príncipe deste mundo". O cenário foi preparado para que todas as trevas caíssem enquanto o homem exercia sua influência divina sobre a Criação. Mas, em vez disso, o homem caiu.
A queda
Satanás não entrou no Jardim do Éden e tomou posse de Adão e Eva com violência. Ele não podia fazer isso, afinal, ele não tinha domínio ali. O domínio dá poder. E porque ao homem foram dadas as chaves do domínio sobre o planeta, o diabo teria de obter autoridade por intermédio do homem.
Até hoje, é através da concordância que o diabo é capaz de matar, roubar e destruir. Ele ainda recebe poder através da concordância do homem.
A autoridade da humanidade para governar foi perdida quando Adão comeu o fruto proibido.
E o plano da redenção de Deus previamente determinado imediatamente entrou em ação
Farei que haja inimizade entre você e a mulher,
e entre a sua descendência e o descendente dela.
Ele lhe ferirá a cabeça,
e você lhe ferirá o calcanhar”.
- Gênesis 3:15
Jesus viria para recuperar tudo o que havia sido perdido.
Não houve atalhos para sua vitória
Jesus veio buscar e salvar e buscar o que se havia perdido. Não apenas a humanidade foi perdida para o pecado, como seu domínio sobre o planeta Terra também foi perdido. Jesus veio para recapturar tudo o que havia se perdido.
"Eu lhe darei a glória destes reinos e autoridade sobre eles, pois são meus e posso dá-los a quem eu quiser”, disse o diabo. “Eu lhe darei tudo se me adorar.”
- Lucas 4:6-7
Satanás não poderia roubar essa autoridade. Ela havia sido abdicada quando Adão abandonou o governo de Deus. Na verdade, Satanás ofereceu a Jesus um atalho para o Seu objetivo de recapturar as chaves de autoridade que o homem havia perdido com o pecado. Contudo ele queria que Jesus o adorasse e Jesus se recusou.
O Pai queria Satanás derrotado pelo homem. O diabo nunca foi ameaça para Deus em qualquer medida. Mas Deus, em Sua sabedoria, escolheu usar o diabo como uma peça de xadrez em um tabuleiro. As melhores tentativas do diabo de destruir algo são sempre colocadas nas mãos Daquele que faz com que todas as coisas cooperem para o bem.
Nascemos para governar
Ao redimir o homem, Jesus recuperou o que o homem dera ao diabo.
Jesus se aproximou deles e disse: “Toda a autoridade no céu e na terra me foi dada.
- Mateus 28:18
Em outras palavras: "Peguei as chaves de volta. Agora vão e usem-nas para recuperar o que foi perdido". Nessa passagem, Jesus cumpre a promessa que fez aos discípulos quando disse "E eu te darei as chaves do Reino dos Céus"
O plano original nunca foi abortado. Nascemos para governar, sobre a Criação e sobre as treva, para saquear o inferno, para resgatar os que se dirigiam para lá e para estabelecer o governo de Jesus onde quer que preguemos o Evangelho do Reino. Reino significa domínio do rei.
Nosso governo ainda está sobre a Criação, mas agora ele está focado em expor e desfazer as obras do diabo.
Se eu verdadeiramente recebo poder ao ter um encontro com o Deus de poder, estou equipado para dar esse poder. Deus opera nas situações mais difíceis através de um povo que recebeu poder do alto e aprendeu a liberá-lo em meio às circunstâncias.
A chave de Davi
A palavra "mal" representa toda a maldição do pecado sobre o homem.
Agora que fomos restaurados ao Seu propósito original, deveríamos esperar menos que isso? Afinal, estamos em uma aliança que é chamada de superior. Recebemos "as chaves do Reino" que em parte é autoridade "sobre todos os poderes do inferno".
Há uma aplicação única para esse princípio na expressão "chave de Davi", que é mencionada tanto em Apocalipse quanto em Isaías.
Tudo o que o Pai tem é nosso por meio de Cristo. Mas a parte mais séria dessa ilustração está em controlar quem entra para ver o Rei. Não é isso que fazemos com o Evangelho? Quando o declaramos, damos oportunidade às pessoas para virem ao Rei e serem salvas. Quando ficamos em silêncio, optamos por manter aqueles que ouviriam longe da vida eterna.
Comprar essa chave custou caro para Deus, e é uma chave muito cara para nós usarmos. Mas é ainda mais caro enterrá-la e não alcançar mais vidas para o rei, que está vindo. Esse preço será sentido por toda a eternidade.
Uma revolução na identidade
Aumentar os números não é necessariamente o sinal de uma visão mais ampla do ponto de vista de Deus. Uma visão começa com identidade e propósito.
A ideia errada é esta: se é bom, não pode ser para agora. Devemos ir contra a tendência de adiar para outro momento essas coisas que exigem coragem, fé e ação.
Em um sentido equivocado, a fraqueza da Igreja confirma para muitos que eles estão no caminho certo.
Estamos tão confortáveis com a incredulidade que qualquer coisa contrária a essa visão do mundo é considerada "do diabo".
Ora, Ele pretende fazer "infinitamente mais do que tudo o que podemos pedir ou pensar", de acordo com Efésios 3:20, de modo que Suas promessas, por natureza, desafiam nosso intelecto e nossas expectativas.
Muitas vezes, temos mais convicção da nossa indignidade do que do nosso valor. Mas o mesmo que chamou o medroso Gideão de "guerreiro valente" e o instável Pedro de "rocha", nos chamou de o Corpo do Seu amado Filho na terra. Isso certamente tem valor.
Quando vemos quem Ele é, o que Ele fez em nosso favor e quem Ele diz que somos, só há uma reação possível: adorar com um coração humilde e rendido.
Vale a pena o risco
Deus não nos criou para sermos robôs. Ele correu o risco de nos dar a escolha de servi-lo, ignorá-lo ou até mesmo zombar dele.
Aquele que é Perfeito escolheu a vulnerabilidade, a disposição de ser influenciado pelo que Ele criou, e não o mundo impecavelmente limpo habito por robôs que não atrapalhariam Seu plano.
Deus estava procurando pessoas, criadas à Sua imagem, que assumissem seu lugar diante dele como adoradores, como filhos e filhas, como aqueles cujas próprias naturezas estão imersas na natureza dele. Elas se tornariam colaboradores para administrar, criar e contribuir para o bem-estar de tudo o que Ele criou. A partir dessa perspectiva, valia a pena o risco.
Nossa liberdade de escolha é tão valiosa para Deus que Ele se conteve em manifestar Sua presença de uma maneira em que afetasse nossa liberdade de escolha.
Deus optou por esconder-se na medida exata para que nossas vontades e nosso intelecto pudessem ser moldados por nossa lealdade a Ele. Deus está presente para qualquer um que é humilde o bastante para reconhecer sua necessidade individual. E Ele também é sutil o bastante para ser ignorado por aqueles que estão cheios de si mesmos.
Paixão pela nossa liberdade
Liberdade, então, não é fazer o que nos agrada. É ter a capacidade de fazer o que é certo.
Há mais liberdade sob o Seu governo do que em fazer o que me agrada. Esse é o Reino dentro do qual crescemos quando diminuímos, recebemos quando damos e vivemos quando morremos.
A criação e o criador
O inimigo de nossa alma guerreia contra tudo o que leva à verdadeira liberdade.
A sociedade abandonou sua bússola moral e perdeu a consciência de um código segundo o qual possa viver. A bússola moral então
foi substituída pelo que é popular no momento, e que muda constantemente de acordo com quem está com o microfone.
Reflita sobre isto: quando não há Criador, não há projeto. Quando o conceito do projeto é removido do nosso modo de pensar e do nosso estilo de vida, então perdemos o senso de propósito. Quando o propósito está fora da equação, o mesmo acontece com a ideia de um destino eterno. E removendo a eternidade da mente de um povo também perdemos o senso de prestação de contas; consequentemente, quando a prestação de contas se vai, o mesmo acontece com o temor do Senhor. E "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria" de acordo com Salmos 111:10;Provérbios 9:10).
Entender como Deus nos criou e o propósito da nossa criação nos ajuda muito a interpretar a vida corretamente neste planeta, sem questionarmos erroneamente a bondade de Deus sempre que vemos um problema.
Devemos viver o Evangelho como Jesus o viveu, declarar como Jesus o declarou, e demonstra-lo como Jesus o demonstrou. As pessoas abandonarão tudo que é inferior se puderem apenas provar e ver o autêntico Evangelho do Reino.
III. O PROPÓSITO DO ANTIGO TESTAMENTO
Se o universo não tivesse sentido, nunca saberíamos que ele não tem sentido - do mesmo modo que, se não existisse luz no universo e as criaturas não tivessem olhos, nunca nos perceberíamos imersos na escuridão. A própria palavra escuridão não teria significado.
- C.S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples
A beleza da palavra de Deus
Encontram-se quatro das principais coisas que o Antigo Testamento faz por nós e que são úteis para reconhecer e viver na bondade de Deus. O Antigo Testamento:
Revela a gravidade do pecado.
Expõe a condição absolutamente impotente da humanidade de salvar a si mesma.
Mostra-nos a nossa necessidade de um salvador.
Aponta para Jesus como a única solução possível para a nossa condição como pessoas perdidas.
A gravidade do pecado
Quando revela nossa condição de pessoas completamente perdidas por causa do pecado, Deus faz isso para que possamos nos desviar do pecado e receber Sua solução: o perdão para adoção em Sua família.
A Lei nos convence disso vez após vez, ilustrando como o pecado contamina tudo que toca.
O ponto é que, sob a Velha Aliança, as coisas impuras têm um impacto sobre as coisas puras. O pecado contamina.
O estado perdido da humanidade
Não podemos simplesmente decidir não pecar mais. O pecado se tornou nossa natureza. Nenhuma quantidade de boas obras pode compensar nossos pecados.
Ver que estamos perdidos - completamente perdidos - nos ajuda a ver nossa necessidade de um salvador.
Pelo fato de que o pecado contamina tudo o que toca, Israel teve de destruir as nações que a cercavam quando entraram na Terra Prometida. Não havia nada que pudesse mudar a inclinação pecaminosa das pessoas que um dia ocuparam o que agora era de herança dos israelitas. A única solução era que fossem mortas; do contrário, a natureza pecaminosa daquelas pessoas contaminaria a obra que Deus estava fazendo no próprio povo. Essa é uma diferença muito grande entre a Velha e a Nova Aliança, em que somos ordenados a levar essa boa-nova às nações que nos cercam e buscar a conversão delas.
Precisamos de um salvador
Ver que estamos totalmente perdidos nos ajuda a nos abrirmos para receber ajuda externa. E essa ajuda externa vem do próprio Deus.
Por estarmos perdidos, precisamos ser encontrados. Na realidade, nenhum de nós pode "encontrar Jesus". A Bíblia nos descreve como mortos (separados de Deus), e pessoas mortas não podem encontrar um salvador.
Aqueles que estão buscando a Deus estão simplesmente respondendo à convocação de Deus que foi liberada sobre seus corações. Fomos encontrados. Jesus nos chamou pelo nome, trazendo a convicção do pecado a nossa vida, então nós respondemos e nascemos de novo - passamos a ter vida.
A lei aponta para Jesus
A Lei do Antigo Testamento nos ensina a ir a Cristo. Ela primeiramente revela que somos pecadores; mas, felizmente, não para por aí.
Em outras palavras, a lei foi nosso guardião até a vinda de Cristo; ela nos protegeu até que, por meio da fé, pudéssemos ser declarados justos. Agora que veio o caminho da fé, não precisamos mais da lei como guardião.
- Gálatas 3:24-25
Jesus não apenas satisfez a exigência da Lei ao levar nosso juízo sobre Si. A Lei Mosaica apontava para Jesus.
Muitos acontecimentos do Velho Testamento foram anunciados claramente para ajudar Seu povo a reconhecer Jesus quando Ele viesse. Tragicamente, muitos daqueles que eram os mais treinados no estudo das Escrituras não reconheceram Jesus quando Ele veio.
Quando você lê e relê as passagens do Antigo Testamento, fica óbvio que o Pai queria que entendêssemos que Sua resposta estava a caminho. O Salvador estava a caminho.
Mesmo antes de Cristo, houveram eventos, profecias e leis que falavam da vida sob a graça. Houve momentos incomuns de graça que, por meio de tipologias e sombras, deram a percepção do que estava vindo. E embora Israel esperasse que o Reino viesse por intermédio do governo militar do seu Messias, Jesus revelou-o como um Reino que tocava primeiramente o coração.
Certo dia, os fariseus perguntaram a Jesus: “Quando virá o reino de Deus?”. Jesus respondeu: “O reino de Deus não é detectado por sinais visíveis. Não se poderá dizer: ‘Está aqui!’ ou ‘Está ali!’, pois o reino de Deus já está entre vocês”
- Lucas 17:20-21
O Reino não é medido exteriormente, embora ele tenha um efeito profundo sobre as coisas que são visíveis, como, por exemplo, a cura e libertação do corpo.
É fato que ao longa da vida terrena de Jesus os milagres operados por Ele em forma humana se tornaram uma evidência de que o Reino de Deus é uma realidade presente. Mas eles não foram feitos para promover Seu ministério ou para provar que Ele tinha poder. Todos eles vieram como fruto da Sua compaixão pelas pessoas, não para satisfazer a necessidade dos observadores por entretenimento sobrenatural.
O Reino vem primeiramente para governar sobre os corações e curá-los, e depois para trazer impacto sobre todas as coisas externamente. Outra passagem que ajuda a compreender isso está em Romanos:
Pois o reino de Deus não diz respeito ao que comemos ou bebemos, mas a uma vida de justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
- Romanos 14:17
O Reino é formado por aquilo que é invisível, que está no coração: justiça, paz e alegria. E embora essas coisas sejam internas, elas rapidamente passam a se manifestar exteriormente. É difícil manter a alegria escondida. A prosperidade da alma mencionada em 3 João 2 revela como um estilo de vida saudável interiormente afeta nossa saúde, nossas finanças e nosso bem-estar geral.
A própria palavra para salvação nunca pretendeu significar apenas "perdão de pecados". Ela é uma palavra que significa "integridade, perdão, cura e libertação". A justiça lida com o problema do pecado, a paz responde ao problema da libertação do tormento, e a alegria é a resposta para a doença e a enfermidade, como em Provérbios:
O coração alegre é um bom remédio,
mas o espírito abatido consome as forças.
- Provérbios 17:22
O novo cumpre o antigo
Algumas revelações acerca da vida sob a Nova Aliança no Antigo Testamento: sabemos que os judeus deviam oferecer um cordeiro sem mancha como pagamento pelo pecado deles. Mas também sabemos que Jesus é o verdadeiro Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E a partir do momento em que o real vem em resposta à representação ou simbologia do Antigo Testamento, não há mais necessidade de voltar e abraçar o símbolo. Se assim fosse, os sacrifícios de animais ainda teriam mérito. Todo o Antigo Testamento. Ele é a figura central de toda a Bíblia.
A placa existe e é importante, mas, em si mesma, não é a realidade que estamos procurando, apenas aponta para algo maior que ela mesma. Nesse caso, não devemos adorar a placa de sinalização presente no Antigo Testamento. Nem podemos nos dar ao luxo de nos distrairmos com ela, como se de algum modo ela contivesse uma realidade maior que a mensagem do próprio Messias.
A natureza da mensagem
A lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o Evangelho do Reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.
- Lucas 16:16
Tanto a Lei quanto os Profetas foram vencidos por uma mensagem maior, o Evangelho do Reino. Uma é a mensagem predominante, ao passo que a outra é obsoleta, pois já foi cumprida. Uma tem o Céu como apoio; a outra, não. Uma revela o propósito de Deus no dia presente, definindo nossa missão; a outra, não.
Uma mensagem cria uma realidade. A natureza da mensagem que carregamos determina a natureza da realidade que viveremos e na qual ministraremos. Aqueles que abraçam plenamente a missão que Deus nos deu para a mensagem do Reino verão o governo sempre crescente de Deus demonstrado nos assuntos relacionados à humanidade.
Essa é mensagem que Jesus pregou e ensinou Seus discípulos a pregarem. Ela continua sendo a palavra para hoje.
A igreja tem substituído em grande parte do Evangelho do Reino pelo Evangelho da salvação. Ela é apenas uma parte de toda a mensagem que Jesus nos deu. O Evangelho da salvação concentra-se em fazer com que as pessoas vão para o Céu. O Evangelho da Reino tem seu foco na transformação de vidas por meio do efeito do governo presente de Deus. Não devemos confundir nosso destino com nossa missão. O Céu é meu destino, ao passo que trazer o Reino é minha missão
O que quer que seja incompatível com o Céu, a doença, o tormento, o ódio, a divisão, os hábitos pecaminosos, entre outros; deve ser colocado sob a autoridade do Rei. Esses tipos de problemas são dissipados nas vidas das pessoas porque as esferas inferiores não podem resistir onde o domínio de Deus se torna manifesto.
O Reino é a mensagem que devemos levar adiante para as nações do mundo. Nossa mensagem é Jesus, que demonstrou como é Seu mundo através de palavras e atos.
Não há doença no Céu. Quando o Reino é manifesto no corpo de uma pessoa, ela é curada. Não há demônios no Céu, por esse motivo a libertação é algo normal quando Jesus toca as pessoas. Tudo se resume a como é o mundo de Jesus, e a como essa realidade pode afetar esse mundo. O Reino de Deus está na dimensão invisível e obviamente é eterno.
Nossa conversão capacita todos nós a isso:
Se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus
- João 3:3
O impacto do Seu Reino no aqui e agora vai além dessas duas ilustrações, tendo efeito em todas as áreas da vida - tanto internamente (alma) quanto externamente.
Quando o céu ficou em silêncio
Por que Jesus disse "até João"? Por que Ele não disse "até Jesus"? Antes de João Batista entrar em cena, houve quatrocentos anos sem que o povo recebesse uma palavra de Deus. O Céu estava em silêncio. Nada de visões, sonhos ou profecias. Nada. E então veio João.
Foi João que declarou primeiro:
Arrependei-vos porque está próximo o Reino dos céus
- Mateus 3:2
João foi aquele que anunciou que o foco do Céu havia mudado.
Há outro lugar na Bíblia em que quatrocentos anos têm uma importância incomum. Israel viveu no Egito como uma nação de escravos por quatrocentos anos, então chegou o momento divino em que tudo mudou.
A primeira menção à frase "quatrocentos anos" resultou no resgate de um povo e na formação de uma nação, Israel.
Dessa vez, seria uma nação formada no Espírito por meio da conversão, incluindo pessoas de todas as tribos e línguas do planeta. Pela primeira vez desde Gênesis, haveria realmente uma "nova criação", que é um povo nascido do Espírito.
Os seres humanos podem gerar apenas vida humana, mas o Espírito dá à luz vida espiritual. Portanto, não se surpreenda quando eu digo: ‘É necessário nascer de novo’. O vento sopra onde quer. Assim como você ouve o vento, mas não é capaz de dizer de onde ele vem nem para onde vai, também é incapaz de explicar como as pessoas nascem do Espírito”.
- João 3:6-8
Uma mensagem termina e outra começa.
Jesus fez a declaração incrível:
Desde esse tempo, vem sendo anunciado o Evangelho do Reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele
- Lucas 16:16
Não passe por cima das maiores promessas da Bíblia simplesmente porque elas são difíceis de acreditar por causa da sua dimensão. Sempre que declara algo grandioso assim, Deus está esperando capturar o coração das pessoas, tornando impossível para elas se satisfazerem com a mediocridade.
Derramarei do Meu Espírito sobre toda carne
- Joel 2:28
E todos Me conhecerão
- Jeremias 31:34
O Salmo 22 é o que fala sobre a crucificação de Cristo mais do que qualquer outro:
Lembrar-se-ão do Senhor e a ele se converterão os confins da terra; perante ele se prostrarão todas as famílias das nações
- Salmos 22:27
O fato é que as promessas estão lá, de certo modo, esperando serem adotadas por nós. Em vez de tentar entender o momento para que as promessas se cumpram, por que não comparecer diante de Deus e ver se Ele gostaria de cumpri-las no nosso tempo?
Essas promessas não nos foram dadas para nos ajudar a conhecer o futuro, mas foram feitas para gerar fome pelo que poderia ser.
Foi exatamente isso que Daniel fez ao ler a profecia de Jeremias. Ele transformou as profecias em orações em favor da própria geração.
Quando declara a mensagem correta, você cria a atmosfera em que todos são capazes de agir. A mensagem correta leva a verdade de que Jesus é o desejo das nações às próprias nações.