Guia de Projeto Elétrico segundo a NBR 5410 - Parte 2.3

Seleção dos componentes
1. Seleção e instalação dos componentes elétricos
  1. Prescrições para instalação
    1. Eletrodutos
      1. As dimensões internas dos eletrodutos e de suas conexões devem permitir que, após montagem da linha, os condutores possam ser instalados e retirados com facilidade. Para tanto:
        a taxa de ocupação do eletroduto, dada pelo quociente entre a soma das áreas das seções transversais dos condutores previstos, calculadas com base no diâmetro externo, e a área útil da seção transversal do eletroduto, não deve ser superior a:
        53% no caso de um condutor
        31% no caso de dois condutor
        40% no caso de três ou mais condutores
        os trechos contínuos de tubulação, sem interposição de caixas ou equipamentos, não devem exceder 15 m de comprimento para linhas internas às edificações e 30 m para as linhas em áreas externas às edificações, se os trechos forem retilíneos. Se os trechos incluírem curvas, o limite de 15 m e o de 30 m devem ser reduzidos em 3 m para cada curva de 90°
      2. Em cada trecho de tubulação delimitado, de um lado e de outro, por caixa ou extremidade de linha, qualquer que seja essa combinação (caixa–caixa, caixa–extremidade ou extremidade–extremidade), podem ser instaladas no máximo três curvas de 90° ou seu equivalente até no máximo 270°. Em nenhuma hipótese devem ser instaladas curvas com deflexão superior a 90°
    2. Bandejas, leitos, prateleiras, suportes horizontais e fixação direta dos cabos em paredes ou tetos
      1. Nas linhas elétricas em que os condutos forem bandejas, leitos, prateleiras ou suportes horizontais, e nas linhas em que os cabos forem diretamente fixados em paredes ou tetos, só devem ser utilizados cabos unipolares ou cabos multipolares.
      2. Para a fixação direta dos cabos em paredes ou tetos, podem ser usadas abraçadeiras, argolas ou outros meios.
    3. Linhas enterradas
      1. Em linhas enterradas (cabos diretamente enterrados ou contidos em eletrodutos enterrados), só são admitidos cabos unipolares ou multipolares. Adicionalmente, em linhas com cabos diretamente enterrados desprovidas de proteção mecânica adicional só são admitidos cabos armados.
      2. Como prevenção contra os efeitos de movimentação de terra, os cabos devem ser instalados, em terreno normal, pelo menos a 0,70 m da superfície do solo. Essa profundidade deve ser aumentada para 1 m na travessia de vias acessíveis a veículos, incluindo uma faixa adicional de 0,50 m de largura de um lado e de outro dessas vias. Essas profundidades podem ser reduzidas em terreno rochoso ou quando os cabos estiverem protegidos, por exemplo, por eletrodutos que suportem sem danos as influências externas presentes.
      3. Deve ser observado um afastamento mínimo de 0,20 m entre duas linhas elétricas enterradas que venham a se cruzar.
      4. As linhas elétricas enterradas devem ser sinalizadas, ao longo de toda a sua extensão, por um elemento de advertência (por exemplo, fita colorida) não sujeito a deterioração, situado, no mínimo, a 0,10 m acima da linha.
    4. Linhas aéreas externas
      1. Nas linhas aéreas externas podem ser utilizados condutores nus ou providos de cobertura resistente às intempéries, condutores isolados com isolação resistente às intempéries, ou cabos multiplexados resistentes às intempéries montados sobre postes ou estruturas.
      2. Quando uma linha aérea alimentar locais que apresentem riscos de explosão (BE3 – tabela 22), ela deve ser convertida em linha enterrada a uma distância mínima de 20 m do local de risco.
      3. Os condutores nus devem ser instalados de forma que seu ponto mais baixo observe as seguintes alturas mínimas em relação ao solo:
        5,50 m, onde houver tráfego de veículos pesados;
        4,50 m, onde houver tráfego de veículos leves;
        3,50 m, onde houver passagem exclusiva de pedestres.
      4. Os condutores nus devem ficar fora do alcance de janelas, sacadas, escadas, saídas de incêndio, terraços ou locais análogos. Para que esta prescrição seja satisfeita, os condutores devem atender a uma das condições seguintes:
        estar a uma distância horizontal igual ou superior a 1,20 m;
        estar acima do nível superior das janelas;
        estar a uma distância vertical igual ou superior a 3,50 m acima do piso de sacadas, terraços ou varandas;
        estar a uma distância vertical igual ou superior a 0,50 m abaixo do piso de sacadas, terraços ou varandas.
2. Dispositivos de proteção, seccionamento e comando
  1. Prescrições comuns
    1. Os contatos móveis de todos os pólos de dispositivos multipolares devem estar acoplados mecanicamente, de forma que eles se abram ou se fechem praticamente juntos; todavia, os contatos destinados ao neutro podem se fechar antes e se abrir após os outros contatos.
  2. Dispositivos destinados a assegurar o seccionamento automático da alimentação visando proteção contra choques elétricos
    1. Dispositivos de proteção a sobrecorrente
      1. Esquemetizados em *(3)
    2. Dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual (dispositivos DR)
      1. Os dispositivos DR devem ser selecionados e os circuitos elétricos divididos de tal forma que as correntes de fuga à terra suscetíveis de circular durante o funcionamento normal das cargas alimentadas não possam provocar a atuação intempestiva do dispositivo.
    3. Dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual (dispositivos DR)
      1. Os dispositivos DR devem ser selecionados e os circuitos elétricos divididos de tal forma que as correntes de fuga à terra suscetíveis de circular durante o funcionamento normal das cargas alimentadas não possam provocar a atuação intempestiva do dispositivo
  3. Dispositivos de proteção contra sobrecorrentes
    1. Seleção dos dispositivos de proteção contra sobrecargas
      1. No caso de cargas cíclicas, os valores de In e de I2 devem ser selecionados com base nos valores de IB e de Iz para cargas constantes termicamente equivalentes às cargas cíclicas.
    2. Seleção dos dispositivos de proteção contra curtos-circuitos
      1. Dispositivos fusíveis
        Para aplicação das prescrições a curtos-circuitos de duração no máximo igual a 5 s, os dispositivos fusíveis devem atender à seguinte condição: Ia > Ikmin onde: Ia é a corrente correspondente à intersecção das curvas C e F da figura 10, e Ikmin é a corrente de curto-circuito mínima presumida.
        Figura 10
      2. Disjuntores
        Para aplicação das prescrições de 5.3.5 a curtos-circuitos de duração no máximo igual a 5 s, os disjuntores devem atender às duas condições a seguir: a) Ia > Ikmin; b) Ib > Ik.
        Ia é a corrente correspondente à interseção das curvas C e D1 da figura 11; Ikmin é a corrente de curto-circuito mínima presumida; Ib é a corrente correspondente à interseção das curvas C' e D2 da figura 12; e Ik é a corrente de curto-circuito máxima presumida no ponto de instalação do disjuntor.
        Figura 11
  4. Dispositivos de proteção contra surtos
    1. Generalidades
      1. Esta subseção trata da seleção e instalação de dispositivos destinados a prover proteção contra sobretensões transitórias nas instalações de edificações, cobrindo tanto as linhas de energia quanto as linhas de sinal.
    2. Proteção em linhas de energia
      1. Uso e localização dos DPSs
        Quando o objetivo for a proteção contra sobretensões de origem atmosférica transmitidas pela linha externa de alimentação, bem como a proteção contra sobretensões de manobra, os DPS devem ser instalados junto ao ponto de entrada da linha na edificação ou no quadro de distribuição principal, localizado o mais próximo possível do ponto de entrada; ou
        quando o objetivo for a proteção contra sobretensões provocadas por descargas atmosféricas diretas sobre a edificação ou em suas proximidades, os DPS devem ser instalados no ponto de entrada da linha na edificação.

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