A relação entre o pensamento e
linguagem (Fontana, 1999)
A autora inicia o capítulo com um exemplo que acontece em uma sala de
aula e trata de como uma palavra pode ter diferentes significados para as
crianças. A palavra discutida pelos alunos e pela professora é Pátria.
No exemplo, cada aluno relaciona a palavra de acordo com as
suas experiências, ou seja, levantam questões acerca de nossas
relações com a palavra.
Diante da pergunta do que é pátria, as crianças precisam
raciocinar sobre o uso da palavra e não apenas refletir
sobre o que pensam que a palavra significa.
Frente ao exemplo e a importância das palavras, a autora
apresenta ideias de Watson e Skinner e de Piaget.
Watson e Skinner: Linguagem como comportamento verbal:
palavras são respostas assimiladas por associação e
reforçamento, unindo-se a partir de relações externas.
Annotations:
"a palavra tem significado conforme remete ao objeto a que foi associada" (pag. 81)
Piaget: Linguagem como função
da inteligência.
Uma ramificação da inteligência sensório-motora* é
a função simbólica, que segundo Piaget, é um
processo individual para o desenvolvimento da
linguagem
Annotations:
Período sensório-motor: período até os dois anos de idade, em que a criança se relaciona com o mundo e o elabora por meio dos seus sentidos e movimentos.
Desse modo entende-se linguagem
como resultado da função
simbólica e não como causa.
Portanto, no processo de aquisição
da linguagem, as crianças utilizam
esquemas de assimilação.
Posteriormente, com o desenvolvimento do pensamento
operatório, o sujeito apreende as relações lógicas de
abstração e de generalização* contidas nas palavras.
Annotations:
Abstração: atividade mental por meio da qual identificamos e separamos os elementos que compõem um todo.
Generalização: processo mental inverso e complementar da abstração que nos possibilita agrupar vários objetos singulares de acordo com os caracteres comuns que neles reconhecemos.
O conhecimento passa se ser construído sobre proposições e
hipóteses enunciadas verbalmente, a palavra torna-se uma condição
necessária, embora não suficiente, do conhecimento lógico-abstrato.
Sendo assim, os níveis de desenvolvimento cognitivo
dependem de como as palavras são usadas e aos significados
atribuídos a elas, sendo consideradas como um mapa do
pensamento.
LInguagem como atividades simbólica
constitutida. Abordagem histórico-cultural.
Criação de sistemas de signos.
Linguagem como produto histórico e como
a "base da atividade mental humana, sendo,
ao mesmo tempo, um processo pessoal e
social.
A palavra é incorporada em nossas funções biológicas em
função de nossas relações/interações com os outros, ou
seja, não se desenvolve em nós naturalmente.
Os adultos procuram fazer com que as crianças incorporem os significados, objetos e modos de
agir que são passados de geração em geração através dos símbolos e signos.
Imitação e repetição: modos pelos quais
as crianças aprendem a dizer o que
querem e a entender o outro pelo gesto.
O desenvolvimento da linguagem depende da interação que as crianças tem (ou não) com o
meio, em suas relações sociais. Ou seja, não depende de fatores intrínsecos à elas.
Portanto, segundo Vygotsky, "a palavra não é apenas expressão
ou comunicação do pensamento, ela é um ato de pensamento. É
por meio das palavras que o pensamento passa a existir".
"Pensamento e palavra se articulam dinamicamente na prática
social da linguagem", é "um movimento contínuo de vaivém" de um
para outro e vice-versa.
A Criança e a Palavra
Piaget e Vygotsky convergem: A fala da criança não se limita a fase que se encontra.
Vygotsky: A fala é a compreensão da necessidade de
comunicação e envolvimento social.
Elaboração conceitual e o desenvolvimento do significado da palavra.
Elaboração conceitual da palavra é dependente de experiências vividas dentre seu meio social. Sua principal fonte é o seu meio cultural.
Piaget: Função do pensamento, um processo que
passa do interno para o externo.
Depois dos dois anos de idade, a criança sai do pensamento
reflexivo para a organização mental perceptiva do seu meio.
A linguagem adquire simbologia para a criança conforme a interação, esse é o
processo cognitivo da sua aprendizagem, porém é limitado. A criança não adquire
entendimento completo da simbologia e complexidade das palavras que usa.
Esquemas verbais : As primeiras palavras da criança são a
junção dos seus interesses e que fazem parte de suas
sensações e experiências encontradas no seu espaço físico.
Pensamento sincrético : Agrupamento de vários significados a uma palavra. “Có” pode ser a galinha do
desenho animado, a vontade de fazer “cocô” ou a hora do almoço em que se come com uma colher.
A palavra para criança nessa fase é um sinal de invocação de um ato, uma representação de: uma necessidade, desejo,
uma comunicação que se estende muito além da própria palavra em si. Na palavra atribui diversos elementos envolvidos
e com isso, diversas possibilidades.
A categoria que se emprega uma palavra por ser um tanto genérica. A criança pode
utilizá-la sem levar em consideração os fatores singulares da expressão que utiliza.
A categoria que se emprega uma palavra por ser um tanto genérica. A criança pode
utilizá-la sem levar em consideração os fatores singulares da expressão que utiliza.
A elaboração da palavra é construída pelo pré-conceito da criança.
Adultos: utilizam a palavra de forma estrutural e lógica conceitual de maior vivência. O sentido da palavra se
torna então invariante e deve obedecer ao seu sentido para ser utilizada. O sentido da palavra não está
simplesmente em um único sentido bruto e limitado, mas está agregado de diversas categorias que a
definem e descrevem e também, de outras categorias que não se encaixam em seu sentido.
A capacidade de aprender a linguagem social é um processo interno e individual. A linguagem é um
processo mental. Esse processo independente do pensamento então torna-se linguagem no
momento em que externar e se explica o que se passa dentro da mente.
A linguagem facilita a construção dos atributos da palavra, combatendo a generalização conceitual
inicial PORÉM, toda a compreensão mental da criança não pode ser expressa verbalmente. A diversas
coisas compreendidas e defrontadas, resolvidas e superadas, porém nunca expressas pela
criança. Portanto, a fala não é sua principal fonte de compreensão.
A linguagem social como meio de aprendizado.
Somente no estágio da adolescência as operações mentais não são mais construídas pelo objeto/
situações imediatas, mas sim sobre situações de raciocínio dedutivo-hipotético, proposições e
indagações. Na adolescência a pensamento passa a ser parte dele e a linguagem social como meio de
aprendizado.
Esta característica é puramente reproduzida
por imitação onde o significado oscila
dependendo da situação.