CRÔNICAS

MERCADO FERROVIÁRIO LIVRE Era sábado e acordei com um grito meio que cantado que dizia: - a porta fechou, o rapa passou, o preço baixou e o comercio continuou. E várias oportunidades de compra surgiram-me na minha frente. A moça do lado comprou um amendoim torrado, o moço da esquerda comprou um fone de ouvido, o outro comprou uma água, eu até esbocei comprar alguma coisa, mas, fiquei com preguiça de tirar algumas moedas do bolso e quando eu vi o vendedor já sumia entre as outras pessoas. Quando menos esperava alguém ecoa do meu lado direito, era um cego, em seguida um cadeirante, e mais um vendedor de água, cada um com seus argumentos para tirar de nós nossos últimos centavos. Não sou de dar esmola, por isso minhas moedas onde estavam, ali permaneceram. Até pensei em distribuir minhas moedas entre um mendigo e outro e comprar alguma coisa, sei lá, mas me lembrei da bilheteria expressa do metrô e da CPTM, preferi usar minhas moedas de maneira mais favorável à minha pessoa. Esperei os próximos comerciantes, pois queria comprar uma barra de chocolate. Apareceu-me então um vendedor, em meio a tantos outros. Me preparei para comprar o chocolate, porém, o vendedor, tinha um péssimo marketing, apenas dizia: - Olha a barra de chocolate, lançamento... e só sabia falar isso. Passou várias vezes próximo a mim, fiquei com as moedas na mão esperando que ele dissesse o valor do produto. Não demorou muito, entrou um outro vendedor, mais experiente, talvez tenha até estudado marketing numa destas faculdades particulares -ultimamente não está fácil para ninguém -o que eu sei é que o cara descreveu o produto melhor que os comerciais de televisão e, por fim, disse em alto e bom som o valor do produto. Nesta hora uma voz avisa: - O comércio ambulante no trem é proibido. Não incentive estas práticas. Mas no mesmo momento o vendedor gritou: - Era dois, agora, baixei pra um real. Imediatamente esqueci o que aquela voz chata dos trens e metrôs dizem sobre incentivar a venda de produtos nesses ambientes. Desci no meu destino com os bolsos cheios de chocolate, e antes mesmo que as portas se fechassem já dava para ouvir alguém dizer: - A porta fechou, o rapa passou, o preço baixou e o comercio continuou.V.S.S.