A alergia alimentar é definida como uma doença consequente a uma resposta imunológica
anômala, que ocorre após a ingestão e/ou contato com determinado(s) alimento(s).
EPIDEMIOLOGIA
É mais comum em crianças e a sua prevalência parece ter aumentado nas últimas décadas em todo o
mundo.
Estima-se que a prevalência:
6% em menores de três anos
3,5% em adultos
ETIOLOGIA
Dependem principalmente da
substância ingerida, como por
exemplo:
As reações não-imunológicas
Toxinas bacterianas presentes em alimentos
Propriedades farmacológicas
presentes em alimentos.
Cafeína no café;
Tiramina em queijos
maturados
As reações imunológicas
Podem ser classificadas segundo o mecanismo imunológico envolvido.
CLASSIFICAÇÃO
Mediadas por IgE
OCORRE ATE 2 HORAS APÓS
Reações mistas (mediadas por IgE e hipersensibilidade celular)
SURGE HORAS DEPOIS
Reações não mediadas por IgE
REAÇÃO PODE SER IMEDIATA E TARDIA
ORGÃOS ACOMETIDOS
Pele
Trato gastrintestinal
Trato respiratório
FISIOPATOLOGIA
A alergia é uma reação de hipersensibilidade desencadeada por mecanismos imunológicos específicos
As reações alérgicas podem ser classificadas
em quatro tipos:
Tipo I – Reação anafilática Tipo II – Citotóxica Tipo III – Reação
por complexos antígeno-anticorpo Tipo IV – Reação de imunidade
celular.
A reação de hipersensibilidade imediata, ou tipo I, é a responsável pela maioria das reações alérgicas a
alimentos em indivíduos sensíveis
O desenvolvimento da resposta mediada por IgE a um alérgeno é o resultado de uma série de interações moleculares e
celulares envolvendo as células apresentadoras de antígeno, linfócito T e linfócitos B.
A mucosa gastrointestinal apresenta uma barreira física, constituída pelo muco, junções entre as células epiteliais e
enzimas, e uma barreira imunológica constituída pela secreção da imunoglobulina IgA
Após atravessarem essas barreiras, os antígenos da dieta podem entrar na mucosa intestinal através das células M
situadas na placa de Peyer.
Os macrófagos residentes nessa placa fagocitam, processam e apresentam peptídeos unidos ao Complexo Principal de
Histocompatibilidade (MHC) Classe II para os linfócitos Th, os quais apresentam um receptor de célula T (TCR).
Essa interação é o “primeiro” sinal que leva à proliferação dos linfócitos T e síntese de citocinas, gerando um “segundo”
sinal que promove uma resposta Th2.
Os linfócitos Th2 liberam interleucina-4 (IL-4), IL-5, IL-6, IL-9, IL-10, IL-13, que causam a ativação e a diferenciação dos
linfócitos B, em plasmócitos, que são responsáveis pela síntese do anticorpo IgE antígeno-específico.
Os linfócitos T e B migram, então, das placas de Peyer para os linfonodos mesentéricos; desses trafegam para o ducto
torácico chegando à circulação sanguínea
Da circulação, os linfócitos ativados retornam à mucosa digestiva e passam a residir na lâmina própria
Os anticorpos IgE antígeno-específicos se ligam a receptores específicos presentes na superfície dos mastócitos e basófilos.
Quando novamente ingerido, o antígeno forma ligações com várias IgEs (crosslinking) ligadas aos mastócitos, o que
estimula a abertura dos canais de cálcio, além de ativar a fosfolipase C.
O cálcio, então, liga-se à calmodulina, formando um complexo que é capaz de ativar enzimas.
O inositol trifosfato (IP3) e o diacilglicerol (DAG) ativam a proteína C presente na membrana
Após a fosforilação das proteínas perigranulares, há degranulação dos mastócitos com liberação da histamina,
serotonina, ECF-A (fator quimiotático para eosinófilos da anafilaxia), NCF-A (fator quimiotático para neutrófilos
da anafilaxia), e mediadores derivados da matriz do grânulo, como heparina e tripsina.
Esses mediadores geram muitas modificações locais que são responsáveis pelas manifestações clínicas da alergia
alimentar.
Ocorre, então, a fosforilação de proteínas perigranulares pela proteína C ativada e pelo complexo calmodulina/ cálcio.
PRINCIPAIS ALIMENTOS
Na infância
Leite de vaca
Ovo
Soja
Trigo
Adultos
Amendoim
Castanhas
Peixe
Frutos do mar
FATORES DE RISCO
Predisposição genética, associada a
fatores de risco ambientais, culturais e
comportamentais
Estilo de vida (dieta e estresse, amamentação)
Disbiose
Ser lactente do sexo masculino
Comorbidades alérgicas (dermatite atópica)
Desmame precoce
Uso de antiácidos que dificulta a
digestão dos alérgenos
MANIFESTAÇÕES
CLÍNICAS
Mediadas por IgE
PELE - Reações cutâneas (urticária, angioedema)
TRATO GASTROINTESTINAL (edema e prurido de lábios, língua ou
palato, vômitos e diarreia)
TRATO RESPIRATÓRIO (broncoespasmo, coriza);
Reações sistêmicas (anafilaxia e choque anafilático).
Reações mistas
Esofagite eosinofílica
Gastrite eosinofílica
Gastrenterite eosinofílica
Dermatite atópica
Asma
Reações não mediadas por IgE
Proctite
Enteropatia induzida por proteína alimentar
Enterocolite induzida por proteína alimentar
DIAGNÓSTICO
Anamnese - história clínica
Teste de contato atópico com alimentos (atopy patch test - APT)
Teste de provocação oral
Diagnóstico laboratorial
Hemograma
Investigação de sensibilização
IgE específica
In vivo: testes cutâneos de hipersensibilidade imediata
In vitro: dosagem de IgE sérica específica
TRATAMENTO
Na urgência
Epinefrina intramuscular
Anti-histamínico
Nebulização de agente broncodilatador
Avaliar a permeabilidade das vias aéreas, respiração, circulação
e nível de consciência
Na emergência
Avaliar a permeabilidade das vias aéreas, respiração, circulação e nível de consciência
Epinefrina
Ambulatorial
especializado
Exclusão dietética
Prebióticos e probióticos
Orientações nutricionais
Corticoides
TÍTULO: S8P1 - ABSTER- SE OU CORRER RISCO?
PREVENÇÃO
A única medida que pode, de fato, diminuir esta chance é a amamentação exclusiva com leite materno
até os seis meses
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