Ensino de arte no Brasil: aspectos históricos e metodológicos.
Descripción
Este mapa, faz parte da atividade avaliativa do componente curricular Estagio I do curso de Licenciatura Interdisciplinar em arte da UFRB, considerando o texto: BARBOSA, A. M. Concepções e tendências formativas. In: BARBOSA, A. M. e Coutinho, R. G. Ensino de arte no Brasil: aspectos históricos e metodológicos. São Paulo: SEESP, 2011, p. 39-55. Disponível https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40427/3/2ed_art_m1d2.pdf
Ensino de arte no Brasil: aspectos
históricos e metodológicos.
Pedagogia Tradicional
concepção de arte como saber intuitivo
Introduzida no Brasil no
sec.XIX, Escola de Belas
Artes.
Concepção Idealista
de Educação
Nota:
(FUSARI; FERRAZ, 1991, p. 22-23).
idéia de um
conhecimento
adquirido
educação pautada em
valores instituídos,
Capital simbólico,
terminologia de Pierre
Bourdieu.
Ensino da
Arte
o valor do capital simbólico se
define pelo valor do objeto
artístico,
Nota:
valor esse predefinido pelas instituições que regem o próprio campo da arte.
Concepção que visa a
manutenção e reprodução
de um sistema elitista.
concepção de
logocentrista,
Nota:
Imanol Aguirre nomeia esta concepção de logocentrista, ou seja, um modelo pedagógico que coloca no centro da ação educativa o próprio fato artístico e seus produtos (o conheci- mento), de forma que seu objetivo principal consiste em dotar os indivíduos de ferramentas e conhecimentos precisos para conhecer e produzir tais artefatos
Importância da
autoridade do
professor
Nota:
Aquele que detém o conhecimento, e se ampara no valor formativo do próprio modelo.
Acredita que o
processo de aquisição
dos conhecimentos se
dá através de
elaborações
puramente mentais.
Não levam
em conta os
aspectos
sensoriais e
emocionais,
São apartadas da vida
cotidiana dos sujeitos
implicados no ato
educativo.
Teoria estética
mimética que
pressupõe
regras e
princípios
universais
Fundamentos metodológico
a imitação e a progressão
das dificuldades para a
aquisição da perfeição tanto
das formas como da destreza
para executar tais formas
Associada ao padrão de beleza
neoclássico e se fundamenta na
historiografia da arte construída desde
o Renascimento.
Ênfase no produto do
trabalho artístico
através do domínio de
técnicas e a destreza
no uso dos
instrumentos,
Fusari e Ferraz
(1992, p. 25)
Nota:
Elencam algumas modalidades desse modelo presentes nos programas da disciplina de Desenho e que ainda hoje nos soam familiares.
Uma forte
vinculação
com a razão
Contexto
cultural da
época.
Instrumentalizavam
para o mundo do
trabalho.
Uma sociedade que se preparava
para a modernidade
dicotomias entre as
belas artes e o
artesanato,
artes liberais
e as artes
mecânicas,
arte erudita e
a arte popular
Pedagogia renovada
Concepção de arte
como expressão
Idéia perpassa grande parte das proposta
do período Modernista
Reformas
educacionais
baseadas na
Escola Nova
Ensino
da Arte
As experiências de artes
para crianças e
adolescentes como
atividades extracur-
riculares
Reforça justamente os
aspectos sensoriais,
sentimentais e emocionais da
experiência estética
O sujeito da experiência
é o centro desta
concepção.
Tem suas raízes no
romantismo do
século XVIII e XIX
É no início do século XX
que se configura como
modelo educacional
com o advento do que
se passou a chamar
Escola Nova
ontexto brasileiro, disseminada através
dos livros de Herbert Read e Viktor
Lowenfeld, divulgados pelo Movimento
Escolinhas de Arte
Nota:
Concepção que surge como esperança de renovação e de construção de uma sociedade mais humana e democrática em meados do século XX depois dos grandes desastres das guerras mundiais.
Concepção que desloca
o foco do ensino da arte
do produto para o
processo;
justificar a importância da arte na
educação não pela arte em si, mas
pelo que ela pode contribuir para
a educação integral do ser
humano.
A utopia do
desenvolvimento
livre e criativo do
sujeito, que busca
transcender o
conhecimento da
arte em benefício do
crescimento
pessoal, moral e
social, caiu num
vazio.
As crianças foram
estimuladas a
desenhar, a cantar, a
dançar, a representar,
expressando suas
emoções e
sentimentos.
O lúdico passou
a ser visto como
meio de
aprendizagem.
O aprender pela ação no mundo,
suplantou a aprendizagem
contemplativa. Sobretudo, a
expressão dos sujeitos passou a
ser respeitada.
laissez-faire,
Nota:
A negação dos instrumentos de avaliação, a desorientação de grande parte dos professores por falta de forma- ção e fundamentação levou ao que passou-se a chamar de laissez-faire, o deixar fazer.
enfraquecimento desta concepção foi
a crença quase mística no potencial
expressivo e criativo inato das crianças
Nota:
Se a pedagogia tradicional acredi- tava que a criança era uma tábula rasa, a concepção romântica impregnou as pedagogias progressista da ideia de que as crianças necessitavam apenas de motivação para se expressar e não de instrução.
A estrutura escolar não foi afetada pelas ideias da educação através da arte.
As disciplinas duras do currículo continuaram trabalhando a racionalidade.
a introdução da Educação Artística no
currículo escolar na década de 1970
No contexto de uma reforma de
cunho tecnicista e de concepção
tradicional, o espaço das aulas de
artes passou a ser o único espaço
humanizador da escola
As aulas de arte se
tornaram o espaço onde
se trabalhava a
sensorialidade do aluno,
também os sentimentos,
a emoção, a expressão, o
imaginário e o lúdico.
As aulas de arte tornaram-se o espaço de
vazão de um sistema opressor e
reprodutor. A concepção se esvaziou e o
sistema continuou reproduzindo a
dicotomia razão-emoção, cabeça-corpo,
Nota:
Nem arte como saber, nem arte como expressão, “mas uma área bastante generosa e sem contornos fixos, flutuando ao sabor das tendências e interesses”, como é tratada no Parecer no 540 de 1977.
Dermeval Saviani (apud
FUSARI; FERRAZ, 1991, p.
31) (SAVIANI apud
FUSARI; FERRAZ, 1991, p.
31, grifos das autoras).
também idealista, porém com fundamentos mais
progressistas,
Segundo Imanol Aguirre
Os conceitos chave desta opção educativa, baseada na
auto-expressão e tingida pelo romantismo.
Uma concepção que chegou tardia-
mente ao Brasil tendo se instalado
com conforto nos cursos técnicos e
universitários de forma- ção artística
de tendência mais funcionalista,
como cursos de comunicação visual
Ensino da Arte
arte como
linguagem
No século XX a
conhecida
virada
linguística
a propostas formativas
e programas centrados
mais na ideia de
comunicação do que no
objeto artístico ou no
sujeito criador.
Com base na psicologia
da percepção, os
teóricos da
comunicação visual
buscaram estabel- ecer
os elementos
constitutivos desta
linguagem, tais como: o
ponto, a linha, a
superfície, a cor, a luz e
a textura
Donis A. Dondis
Nota:
acredita que estes elementos coordenados entre si, dão lugar a uma espécie de gramática das formas, que determinam códigos visuais aptos para
a intercomunicação entre os vários setores da sociedade
O foco do
ensino da arte
(visual) nesta
perspectiva se-
ria, portanto, a
linguagem
visual.
contexto:
ressaltar que esta concepção se
configura em paralelo ao
desenvolvimento das
tecnologias visuais no século XX
O espetacular
incremento da
cultura visual nas
sociedades
tecnificadas
os avanços na reprodução
técnica de imagens junto a
despreparação dos sujeitos
para compreender o poder
dessas imagens dão
sentido a este modelo
educativo
Dissemina a ideia da alfabetização
visual, tendo como paralelo os
processos de aprendizagem da
linguagem verbal
propósito formativo, importa
desenvolver competências
para a leitura e emissão de
textos visuais.
Imanol Aguirre (2005,
p. 256)
Habilidades de ver-observar;
Habilidades de leitura para
decodificar as imagens ou
mensagens visuais
Habilidades de escritura-produção de imagens
ou mensagens visuais
Habilidades para emitir
mensagens com e sobre as
imagens
modelo
filolinguístico
Nota:
promove a experimentação e combinação consciente dos elementos constitutivos das visualidades.
implementado com
êxito na Bauhaus
No contexto brasileiro, no
âmbito escolar há ecos
desta tendência,
sobretudo, nas escolas
técnicas, em nível médio.
metodo pedagogico
enfoque formalista, a partir
de análises dos signos
visuais e sua organização
semântica particular
passa a incluir como objeto
de estudo um novo elenco
de produções gráficas e
plásticas como a fotografia,
o cinema, o vídeo, etc
O enfoque formalista, no
entanto, restringe as
análises à qualidade sígnica
das imagens, desprezando
os aspectos históricos e
culturais.
Arte como
cultura e a
pós-modernidade
fatores que impulsionam as
proposições pós-modernas de
ensino de artes
oncebe a arte, não como
um saber normatizado,
nem como expressão
interior, nem como
linguagem, mas como
um fato cultural.
uma idéia mais dinâmica de
cultura que comporta
transfusões e mestiçagens nos
trânsitos entre culturas.
Nota:
pensar a cultura como redes de significados, como comunidades de sentidos, de pertinência, e de pertencimento, que revela heterogeneidade e contradições
Contexto:
Fruto das rupturas e mudanças de
paradigmas que se forjaram no pensamento
ocidental desde meados do século XX,
sintonia com a revolução que a
pós-modernidade havia introduzido
nos estudos sobre a arte
contexto da cultura
contemporânea
ampliação da
ideia de arte
as transformações no
campo das pesquisas das
teorias e história da arte.
a evidência da crescente
influência educativa da
cultura visual nas
sociedades tecnológicas.
Ensino da Arte
o ensino da arte também
formulou propostas que
buscam refletir sobre
essas revisões
epistemológicas
concretizadas pelos estudos
culturais e da pedagogia crítica
A
educação
para a
cultura
visual
Formulada a partir dos estudos
culturais na Inglaterra e América do
Norte na segunda metade do século
XX
Nota:
a educação para a cultura visual vem se configurando hoje no Brasil como uma estratégia pedagógica diante da complexidade das sociedades contemporâneas.
campo de investigação transdisciplinar e transmetodológico
Pressupõe uma mudança na finalidade
da educação escolar
Nota:
pondera seu papel de único agente transmissor de conhecimentos nas sociedades contemporâneas, desde que considera a inserção dos sujeitos no meio cultural e os trânsitos e trocas nos vários contextos
A escola precisa se
sintonizar com a
sociedade para a
qual ela prepara seus
estudantes.
Ensino da Arte
os fundamentos
teóricos e
didáticos do
ensino das artes
visuais são
necessariamente
revisados.
necessário pensar o
visual em termos de
significação cultural, de
práticas sociais e de
relações de poder.
É necessário refletir sobre
as maneiras de olhar e de
produzir olhares
Pressupõe uma
mudança radical, do
estudo da arte para o
estudo da cultura
visual, mudança de
objeto de estudo e de
conteúdos.
Tem como propósito formativo
proporcionar aos estudantes
ferramentas para uma
compreensão crítica do papel que
cumprem em cada sociedade e a
posição que ocupam no jogo das
relações de poder.
Tem como objetivo
proporcionar aos
estudantes os
fundamentos para
compreender
criticamente os mundos
sociais e culturais em que
vivem e produzem suas
relações de significados.
proposição se configura muito mais como uma
abordagem do que como uma metodologia
Nota:
Isto que sugere enfoques que articulam de forma aberta e eclética propostas baseada nos estudos culturais, nos estudos da cultura material e na arte contemporânea.
As críticas a esta abordagem enfatizam o
distanciamento do fato artístico e da
experiência estética.
É aberta a temas que atravessam o campo
educacional como as questões de gênero, o racismo e
as desigualdades sociais de toda ordem.
Proposta Triangular
É uma opção formativa de
tendência pós-moderna, pois
concebe a arte como expressão e
como cultura e propõe uma
aprendizagem de tipo dialógico,
construtivista e multicultural.
Foi sistematizada por Ana Mae
Barbosa entre os anos de 1987
e 1993
Nota:
No contexto do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e experimentada nas escolas da Rede Municipal de ensino da Cidade de São Paulo quando Paulo Freire era Secretário de Educação do Município.
Entretanto, vale a pena ressaltar que sua gênesis vem de uma longa história de apropriações, experimentações e revisões, em sintonia com as mudanças no contexto cultural da pós-mod- ernidade e com o Movimento de Arte Educação que se fortalecia no Brasil desde a década de 1980.
se configura muito mais como uma
abordagem que propõe uma
profunda revisão dos problemas do
ensino e da aprendizagem das artes,
do que propriamente como uma
metodologia de aula.
Elliot Eisner 1970
Nota:
Não podemos querer ensinar arte sem levar em conta que em nossa cultura produzimos arte porque apreciamos arte e gostamos de conversar sobre arte. Eisner era uma reflexão contra as práticas escolares que se apegavam apenas a atividades artísticas sem tecer relações com o campo de conhecimento.
Ensino da Arte
A natureza epistemológica do
ensino da arte passou a ser
uma exigência premente
tanto do contexto cultural
quanto educacional
designar os componentes desse ensino
por três ações mentalmente e
sensorialmente básicas: a produção
(fazer artístico), a leitura da obra ou
imagem e a contextualização.
livro Arte/Educação
contemporânea, Ana Mae Barbosa
(2005, p. 12)
Nota:
Compara os conceitos de educação de Eisner e Freire, evidenciando como este conceito se encontra com a idéia de experiência de Dewey.
A questão da leitura era uma novidade,
pois o ensino até então es- tava
centrado em atividades práticas.
O eixo da proposta passou a ser a
leitura contextualizada da obra ou
imagem
O eixo da proposta passou a ser
a leitura contextualizada da
obra ou imagem
“Leitura de palavras, gestos, ações,
imagens, necessidades, desejos,
expectativas, enfim, leitura de nós
mesmos e do mundo em que
vivemos” (BARBOSA, 1998, p. 35)
A contextualização que pode ser
histórica, social, psicológica,
antropológica, geográfica, ecológica,
biológica,
“Contextualizar é estabelecer
relações é a porta aberta para a
interdisciplinaridade.
O contexto de produção é tão
importante quanto o contexto de
recepção/sistema que perpassa esta
abordagem. Ancoramos esta
perspectiva em uma visão de arte
como sistema cultural.
fundamentação educacional
as concepções de três
importantes pensadores: John
Dewey, Paulo Freire e o já
citado Elliot Eisner.