Modernidade refere-se a estilo, costume
de vida ou organização social.
Capitulo I
1.1. As Descontinuidades da Modernidade
A idéia de que a história humana é marcada por certas "descontinuidades" e não tem uma forma homogênea
de desenvolvimento é obviamente familiar e tem sido enfatizada em muitas versões do marxismo.
1.2. Segurança e Perigo, Confiança e Risco
As possibilidades benéficas superaram suas características negativas.Marx via a luta de classes como fonte
de dissidências fundamentais na ordem capitalista,Durkheim acreditava que a expansão ulterior do
industrialismo estabelecia uma vida social harmoniosa e gratificante,Max Weber via o mundo moderno como
paradoxo onde o progresso era obtido á custa da expansão burocrática que esmagava a criatividade e
autonomia individual.
1.3. Sociologia e Modernidade
Podemos destacar três concepções,a primeira diz respeito ao diagnóstico da
modernidade;a segunda tem o foco principal da análise sociológica, a "sociedade";a
terceira se relaciona entre conhecimento sociológico e modernidade.
O caráter móvel, inquieto da modernidade é
explicado como um resultado do ciclo
investimento-lucro-investimento,ocasionando
uma expansão do sistema.
."Sociedade" um modo
genérico quanto a um
sistema especifico de
relações sociais.
Duas versões deste tema são proeminentes. Uma é a
concepção de que a sociologia proporciona informação
sobre a vida social que pode nos dar uma espécie de
controle sobre as instituições sociais semelhantes
àquela proporcionada pelas ciências físicas no domínio
da natureza.Outros autores, inclusive Marx adotam um
ponto de vista diferente ideia de "usar a história para
fazer história" é a chave: as descobertas da ciência
social não podem apenas ser aplicadas a um objeto
inerte, mas devem ser filtradas através do
auto-entendimento dos agentes sociais.
1.4. Modernidade, Tempo e Espaço
A separação entre tempo e espaço e sua formação em dimensões
padronizadas, "vazias", penetram as conexões entre a atividade social e
seus "encaixes" nas particularidades dos contextos de presença.
1.5. Desencaixe
Deslocamento das relações sociais de contextos locais de interação e
sua reestruturação através de extensões indefinidas de tempo-espaço.
Fichas simbólicas quero significar meios de intercâmbio que podem ser circulados.
Sistemas peritos, a sistemas de excelência técnica ou competência profissional.
1.6. Confiança
A confiança pressupõe consciência das circunstâncias
de risco, o que não ocorre com a crença. Tanto a
confiança como a crença se referem a expectativas que
podem ser frustradas ou desencorajadas.
1. A confiança está relacionada à ausência no tempo e no espaço.
2. A confiança está basicamente vinculada, não ao risco, mas à contingência
3. A confiança não é o mesmo que fé na credibilidade de uma pessoa ou sistema.
4. Pode-se falar de confiança em fichas simbólicas ou sistemas peritos.
5. Neste ponto chegamos a uma definição de confiança. A confiança pode
ser definida como crença na credibilidade de uma pessoa ou sistema.
6. Em condições de modernidade, a confiança existe:
(a) a consciência geral de que a atividade humana
incluindo nesta expressão o impacto da tecnologia
sobre o mundo ,é criada socialmente, e não dada
pela natureza das coisas ou por influencia divina;
(b) o escopo transformativo amplamente aumentado
da ação humana, levado a cabo pelo caráter dinâmico
das instituições sociais modernas.
7. Perigo e risco estão intimamente
relacionados mas não são a mesma coisa.
8. Risco e confiança se entrelaçam, a confiança
normalmente servindo para reduzir ou minimizar os perigos
aos quais estão sujeitos tipos específicos de atividade.
9. O risco não é apenas uma questão de ação individual.
1.7. Reflexividade da Modernidade
A reflexividade está ainda em grande parte limitada à reinterpretação e
esclarecimento da tradição, de modo que nas balanças do tempo o lado do
"passado" está muito mais abaixo, pelo peso, do que o do "futuro". A
reflexividade da vida social moderna consiste no fato de que as práticas
sociais são constantemente examinadas e reformadas à luz de informação
renovada sobre estas próprias práticas, alterando assim constitutivamente
seu caráter.
1.8. Modernidade ou Pós-Modernidade?
À analisar a pós-modernidade como uma série de transições imanentes afastadas ou
"além" dos diversos feixes institucionais da modernidade que serão distinguidos
ulteriormente. Não vivemos ainda num universo social pós-moderno, mas podemos ver
mais do que uns poucos relances da emergência de modos de vida e formas de
organização social que divergem daquelas criadas pelas instituições modernas.
Capitulo II
2.1. As Dimensões Institucionais da
Modernidade
As instituições modernas são capitalistas, ou elas são industriais?A produção capitalista, especialmente
quando conjuminada à industrialização, propiciou um considerável salto à frente em riqueza econômica e
também em poder militar.Por trás destes enfeixamentos institucionais jazem as três fontes do dinamismo da
modernidade:distanciamento tempo-espaço, desencaixe e reflexividade.Sem elas, a separação da
modernidade das ordens tradicionais poderia não ter se dado de uma maneira tão radical, tão rapidamente,
ou através de tal cenário internacional. Elas estão envolvidas, bem como são condicionadas, nas e pelas
dimensões institucionais da modernidade.
O capitalismo é um sistema de produção de mercadorias, centrado sobre a relação
entre a propriedade privada do capital e o trabalho assalariado sem posse de
propriedade, esta relação formando o eixo principal de um sistema de classes.
A característica principal do industrialismo é o uso de fontes
inanimadas de energia material na produção de bens, combinado ao
papel central da maquinaria no processo de Produção.
2.2. A Globalização da Modernidade
A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala
mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são
modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa
2.3. Duas Perspectivas Teoricas
Globalização tendem a aparecer em dois corpos de literatura, que são
bastante diferentes um do outro. Um é a literatura das relações
internacionais, o outro a da teoria do sistema mundial.
Os teóricos das relações internacionais caracteristicamente
enfocam p desenvolvimento do sistema de estados-nação,
analisando suas origens na Europa e suaulterior disseminação
em escala mundial. Os estados-nação são tratados como atores,
envolvendo-se entre si na arena internacional e com outras
organizações de tipo transnacional.
Redes de conexões econômicas de um tipo extensivo geograficamente existiu antes
dos tempos modernos, mas era algo notavelmente diverso do sistema mundial que se
desenvolveu nos últimos três ou quatro séculos.A teoria do sistema mundial se
concentra portanto enfaticamente sobre influências econômicas e considera difícil
explicar de forma satisfatória, precisamente aqueles fenômenos tornados centrais
pêlos teóricos das relações internacionais: a ascensão do estado-nação e do sistema
de estados nação. Além disso, as distinções entre centro, semiperiferia e periferia,
baseadas em critérios econômicos, não nos permitem elucidar concentrações de
poder político ou militar, que não se alinham de maneira exata às diferenciações
econômicas.
2.4. Dimensões da Globalização
Seguindo a classificação quádrupla das instituições
da modernidade mencionadas:
2.4.1 Sistemas de estado-nação: Os estados soberanos, supõe-se, emergem primeiro como
entidades amplamente separadas, tendo controle administrativo mais ou menos completo no
interior de suas fronteiras. Os estados-nação, argumenta-se, estão se tornando progressivamente
menos soberanos do que costumavam ser em termos de controle sobre seus próprios negócios.
2.4.2 Estados capitalistas: Estados onde o empreendimento econômico capitalista (com
as relações de classe que isto implica) é a principal forma de produção. As políticas
econômicas nacional e internacional destes estados envolvem muitas formas de
regulamentação da atividade econômica, mas, como foi notado, sua organização
institucional mantém uma "insulação" do econômico em relação ao político
2.4.3 Ordem militar: A globalização do poder militar não se limita obviamente ao
armamento e às alianças entre as forças armadas de estados diferentes ela também diz
respeito à própria guerra. Duas guerras mundiais dão mostras da maneira pela qual
conflitos locais tornaram-se questões de envolvimento global, como resultado do poder
destrutivo maciço do armamento moderno, quase todos os estados possuem força militar
muito mais excessiva do que mesmo as maiores civilizações pré-modernas.
2.4.4 Desenvolvimento industrial: Seu aspecto mais óbvio é a expansão da divisão
global do trabalho, que inclui as diferenciações entre áreas mais e menos
industrializadas no mundo. A indústria moderna se baseia intrinsecamente em divisões
de trabalho, não apenas ao que diz respeito às tarefas mas também à especialização
regional em termos de tipo de indústria, capacitações e a produção de matérias-primas.
Capitulo III
3.1. Confiança e Modernidade
Complementar a noção de desencaixe com a de reencaixe. Com este termo me refiro à
reapropriação ou remodelação de relações sociais desencaixadas de forma a comprometê-las
(embora parcial ou transitoriamente) a condições locais de tempo e lugar.
compromissos com rosto :primeiros se referem a relações
verdadeiras que são mantidas por, ou expressas em conexões
sociais estabelecidas em circunstâncias de co-presença.
compromissos sem rosto: dizem respeito ao desenvolvimento
de fé em fichas simbólicas ou sistemas peritos, os quais,
tomamos em conjunto, devo chamar de sistemas abstratos
3.2. Confiança em Sistemas Abstratos
Existe aquela estabelecida entre indivíduos que se conhecem bem e que, baseados num
relacionamento de longo prazo, substanciaram as credenciais que tornam cada um fidedigno
aos olhos do outro. A confiabilidade relativa aos mecanismos de desencaixe é diferente,
embora a fidedignidade seja ainda central e as credenciais certamente estejam envolvidas.
3.3. Confiança e Pericia
Pois só se exige confiança onde há ignorância ou das reivindicações de
conhecimento de peritos técnicos ou dos pensamentos e intenções de
pessoas íntimas com as quais se conta. A ignorância, entretanto,
sempre fornece terreno para ceticismo ou pelo menos cautela.
3.4. Confiança e Segurança Ontológica
A segurança ontológica é uma forma, mas uma forma muito
importante, de sentimentos de segurança no sentido amplo.
O Pré-Moderno e o Moderno
Pré-modernas: importância excessiva na confiança localizada.
Modernas:Contexto geral: relações de confiança em sistemas abstratos
desencaixados.
PRÉ-MODERNAS: l. Relações de parentesco com o um dispositivo de organização para estabilizar laços sociais
através do tempo-espaço. 2. A comunidade local como um lugar, fornecendo um meio familiar. 3. Cosmologias
religiosas como modos de crença e práticas rituais fornecendo uma interpretação providencial da vida humana e da
natureza. 4. Tradição como um meio de conectar presente e futuro; orientada para o passado em tempo reversível. l.
Ameaças e perigos emanando da natureza,como a prevalência de doenças infecciosas,insegurança climática,
inundações ou outros desastres naturais. 2. A ameaça de violência humana por parte de exércitos pilhadores, senhores
da guerra locais, bandidos ou salteadores. 3. Risco de uma perda da graça religiosa ou de influência mágica maligna.
MODERNAS Contexto geral: relações de confiança em sistemas abstratos desencaixados 1. Relações
pessoais de amizade ou intimidade sexual como meios de estabilizar laços sociais. 2. Sistemas abstratos como
meios de estabilizar relações através de extensões indefinidas de tempo-espaço. 3. Pensamento contrafatual
orientado para o futuro como um modo de conectar passado e presente. l. Ameaças e perigos emanando da
reflexividade da modernidade. 2. A ameaça de violência humana a partir da industrialização da guerra. 3. A
ameaça de falta de sentido pessoal derivada da reflexividade da modernidade enquanto aplicada ao eu.