Letramento e
alfabetização: as
muitas facetas
Magda Soares
Por volta dos anos
80, em alguns países
europeus como
França, Portugual e
Inglaterra, nos
Estados Unidos e no
Brasil ocorreu ao
mesmo tempo a
invenção do termo
letramento.
Nos países desenvolvidos, ou do
Primeiro Mundo, as práticas sociais de
leitura e de escrita assumem a natureza
de problema relevante no contexto da
constatação de que a população,
embora alfabetizada, não dominava as
habilidades de leitura e de escrita
necessárias para uma participação
efetiva e competente nas práticas
sociais e profissionais que envolvem a
língua escrita.
Busca distinguir a definição de alfabetização e
letramento.Considera o letramento importante
e realça a importância dos métodos no ensino
da alfabetização.
"As muitas facetas da
alfabetização", procura expor as
diversas facetas inclusas na
concepção de alfabetização.
Revela a existência de aspectos
psicológicos, sociolingüísticos e
culturais que precisam ser
considerados.
A faceta sociolingüística
corresponde aos usos sociais da
língua, ou seja,a sua função social.
Afaceta lingüística refere-se ao
processo de transformação da fala
para escrita, da forma sonora
(fonemas) para a gráfica (grafemas).
A faceta psicológica busca
explicar como se procede a
inteligência, que fatores
psicológicos, biológicos e
neurológicos interferem no
seu desenvolvimento e na
sua origem.
Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no
quadro das atuais concepções psicológicas, lingüísticas e
psicolingüísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também
do adulto analfabeto) no mundo da escrita ocorre simultaneamente
por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de
escrita – a alfabetização – e pelo desenvolvimento de habilidades de
uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas
sociais que envolvem a língua escrita – o letramento.
Em primeiro lugar, dirigindo-se o foco para o processo
de construção do sistema de escrita pela criança,
passou-se a subestimar a natureza do objeto de
conhecimento em construção, que é,
fundamentalmente, um objeto lingüístico constituído,
quer se considere o sistema alfabético quer o sistema
ortográfico, de relações convencionais e freqüentemente
arbitrárias entre fonemas e grafemas.
Em segundo lugar, derivou-se da concepção
construtivista da alfabetização uma falsa
inferência, a de que seria incompatível com o
paradigma conceitual psicogenético a
proposta de métodos de alfabetização.