A ventilação mecânica (VM) garante oxigenação
alveolar, poupando em graus variados o trabalho
dos músculos respiratórios.
Muitos pacientes pediátricos submetidos a
procedimentos cirúrgicos têm-se beneficiado da
assistência ventilatória no pós-operatório.
FISIOLOGIA DA VENTILÇÃO
Inspiração – um processo ativo
em que a contração da
musculatura respiratória gera
uma pressão negativa
intratorácica, deslocando o ar
para dentro dos pulmões
Constante de tempo (CT) é o
tempo necessário para que as
pressões entre as vias aéreas e
os alvéolos se equilibrem, sendo
representado pelo produto da
resistência pela complacência.Uma
CT varia de 0,15 segundo na
criança.
O volume corrente (VC) expressa o
volume de ar que entra e sai dos
pulmões a cada ciclo respiratório.
Expiração – que acontece
passivamente quando a força
elástica dos pulmões e da caixa
torácica movimenta o ar em
direção à atmosfera.
A capacidade residual funcional
(CRF) é o ar que permanece dentro
dos pulmões após uma expiração
normal.
E o volume de fechamento pulmonar (VFP)
significa o volume a partir do qual começa
a ocorrer colapso das unidades alveolares.
Em crianças, o VFP costuma ser
maior do que a CRF, o que
favorece o colabamento dos
alvéolos e a formação de
atelectasia.
VENTILADORES E SEUS MODOS VENTILATÓRIOS:
O ciclo respiratório será
composto de quatro fases
distintas: início da inspiração (ou
disparo), inspiração, virada para
expiração (ou ciclagem) e
expiração propriamente dita.
Ventilação controlada - Neste modo, os ciclos são
disparados a tempo e o ventilador não responde
aos esforços inspiratóriosdo paciente. Assim,
essa opção deve ser reservada aos pacientes
sob anestesia geral (em apneia).
Ventilação assistida - Na ventilação assistida, o
disparo pode ser à pressão ou a fluxo, ou seja, os
ciclos são iniciados pelo esforço inspiratório do
paciente. Nesse modo, o paciente interage de forma
mais intensa com o ventilador, controlando, inclusive,
sua frequência respiratória.
Ventilação com pressão de suporte (PSV) - consiste em
ciclos respiratórios disparados e limitados à pressão: o
paciente apresenta esforço inspiratório, o aparelho
detecta-o e fornece uma pressão constante no circuito.
Paciente controla tempo inspiratório e volume corrente.
Ventilação de alta frequência (HFV) - pouco usual,
ainda pode ser utilizada em cirurgias traqueais e
brônquicas.HFOV: com pressão positiva, em jato e
oscilatória, faz manutenção de vias aéreas abertas,
troca gasosa com baixas pressões nas vias aéreas,
estabilidade hemodinâmica e pouca alteração na
produção de surfactante.
Ventilação assistocontrolada - Este modo é uma combinação
dos dois anteriores, podendo os ciclos ser disparados pelo
esforço inspiratório do paciente. Contudo, caso este atinja um
período de apneiapredeterminado, o ventilador respalda a
ventilação com ciclos controlados. É especialmente útil em
pacientes com variação do nível de consciência ou da força
muscular.
Ventilação mandatória intermitente (IMV) – É semelhante ao
modo controlado (embora o paciente possa respirar
espontaneamente nos intervalos entre os ciclos mecânicos).
Parainiciar um ciclo de forma espontânea, um fluxo é liberado
pelo aparelho em resposta ao esforço do paciente.
Ventilação mandatória intermitente sincronizada
(SIMV) - similar à IMV, exceto pelo fato de que os
ciclos controlados são disparados de maneira
sincronizada aos esforços do paciente.caso o
paciente não apresente ciclos espontâneos, o
ventilador disparará um ciclo mecânico. Maior
conforto na transição da anestesia para o
despertar.
AJUSTES DO VENTILADOR:
A frequência respiratória (FR) deve ser ajustada de
acordo com a idade do paciente: ■ recém-nascidos: 30-40
irpm; ■ lactentes: 20-30 irpm; ■ pré-escolares: 15-25 irpm;
■ escolares: 12-20 irpm; ■ adolescentes: 10-15 irpm
pressão inspiratória de pico (PIP) - não deve ultrapassar
30- 35 cmH2O. Pressão suficiente para produzir 6-8 mL/kg
Paciente previamente submetidos à VM em decorrência da
apneia induzida pela anestesia geral, inicia-se com PIP mais
alta, ajustando o seu valor segundo parâmetros de oxigenação
e capnometria.
tempo inspiratório (TI) - possível ajustaralguns ventiladores.
Quandonão for permitido, pode-se calcular o tempo de cada
ciclo dividindo-se 60/FR. Referência inicial para o TI:
recém-nascidos (0,4-0,6s); lactentes (0,5- 0,7s); pré-escolares
(0,7-0,9s); escolares (0,8-1s); adolescentes (1-1,5s).
A partir da relação I:E, consegue-se determinar o TI.
Nos modos em que os ciclos podem ser disparados
pelo paciente, é necessário o ajuste da sensibilidade: de
2-3 cmH2O(para disparo à pressão) ou de 2-4 L/min
(para disparo a fluxo).
pressão positiva ao final da expiração (PEEP) - pode
ser auxiliado pela análise da curva pressão versus
volume(e dos valores de complacência). valores iniciais de
5 cmH2O.
Os ajustes adicionais devem ser guiados pela
avaliação clínica do paciente (exame físico, oximetria
de pulso), pelos níveis de capnometria e por exames
complementares (como a gasometria arterial).
COMPLICAÇÕES DA VENTILAÇÃO MECÂNICA
Barotrauma: relacionado à pressão inspiratória de pico, sendo raro quando ela é inferior a 25 cmH2 O;
Volutrauma: distensão pulmonar ocasionada por altas pressões nas vias aéreas, podendo gerar edema
pulmonar, alterações da permeabilidade e lesão alveolar difusa;
Alterações de órgãos e sistemas: diminuição da perfusão cerebral por hiperventilação, redução do débito
cardíaco secundário ao aumento da pressão intratorácica.
Toxicidade pelo oxigênio: diminuição da atividade ciliar e redução da depuração do muco das vias aéreas
Infecção das vias aéreas: sobretudo quando do uso prolongado de ventilação mecânica.
Hipoventilação: decorrente de volume-minuto insuficiente / Hiperventilação: devido à volume-minuto aumentado
Atelectasia por reabsorção: geralmente associado a altas frações inspiradas de oxigênio
VENTILAÇÃO PROTETORA
Em situações especiais (como no caso de lesão pulmonar aguda ou doença da membrana
hialina) ou mesmo nos casos comuns do dia-a-dia.
Tolera limites mais amplos de alguns valores (como de ETCO2, PaCO2, PaO2 e pH arterial)
Evitar complicações relacionadas a altos volumes, pressões e FiO2 (como barotrauma,
pneumotórax e baixo débito cardíaco) e reduzir a incidência e a gravidade das lesões
pulmonares agudas (LPAs) induzidas pela VM.
Hipercapnia permissiva tolera níveis de PaCO2 de até 50-55 mmHg (desde que com pH arterial > 7,2)
Hipoxemia permissiva, o uso de baixa FiO2 evita os efeitos tóxicos do oxigênio. Nessa situação, para
garantir satO2 > 90% pode-se utilizar uma PEEP tão alta quanto 15 cmH2 O.