Avaliação do desenvolvimento motor infantil e sua associação com a vulnerabilidade social

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Gabriel Carlos
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Avaliação do desenvolvimento motor infantil e sua associação com a vulnerabilidade social
  1. METODOLOGIA ULTILIZADA
    1. o. Os dados foram coletados entre os meses de julho e dezembro de 2017, sendo a amostra constituída pelos pacientes hospitalizados na unidade de internação pediátrica do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV), em Porto Alegre (RS). Foram incluídas no estudo crianças entre quatro e 17 meses, clinicamente estáveis, sem suporte de oxigênio e com alta,breve prevista, cujos pais ou responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) após serem esclarecidos sobre o estudo. Foram excluídas da pesquisa crianças: (1) com doenças neurológicas já diagnosticadas; (2) que participassem de programas de reabilitação física ou motora; ou (3) que, por algum motivo, não atenderam aos critérios de inclusão.
      1. Procedimentos e instrumentos de avaliação
        1. Questionário de identificação
          1. Para obter informações gerais sobre a criança utilizouse um questionário, elaborado pelas pesquisadoras, com base na literatura atual, que aborda de forma ampla os fatores biológicos, sociais e ambientais que podem ser considerados fatores de risco ao desenvolvimento motor.
            1. Alberta Infant Motor Scale (AIMS)
              1. A AIMS avalia o desenvolvimento motor de recém-nascidos a termo e pré-termo, a partir de 38 semanas de idade gestacional até 18 meses de idade corrigida, permitindo quantificar a movimentação espontânea e as habilidades motoras da criança a partir de 58 itens divididos em quatro subescalas, definidas pelas posições supina (9 itens), prona (21 itens), sentada (12 itens) e em pé (16 itens)
                1. Análise estatística
                  1. A análise estatística descritiva foi realizada por meio do cálculo de frequência, porcentagem, média e desviopadrão (DP), conforme a natureza dos dados. Foi utilizado o teste qui-quadrado para análise das frequências para variáveis dicotômicas. Realizou-se o cálculo da magnitude de efeito por meio do teste de Cohen para as variáveis que não apresentaram diferenças significativas no desempenho motor das crianças avaliadas
            2. RESULTADO
              1. r. Das crianças avaliadas, 66 (60%) não possuíam nenhuma patologia de base e 91 delas (82,7%) estavam internadas por causas respiratórias, sendo que 70 (63,6%) estavam na segunda internação ou mais e 67 (61%) estavam com vacinas atrasadas. As características sociodemográficas da amostra estão descritas na Tabela 1. Ainda se notou que 37,2% das crianças não têm a presença paterna em casa, 48,7% convivem com tabagismo no domicílio e apenas 13,9% frequentam creche. Quanto à família, 29% das mães não atingiram o número mínimo de seis consultas de pré-natal recomendadas pelo Ministério da Saúde14 e também 29% delas fumaram durante a gestação. A maioria dos responsáveis não concluiu o ensino fundamental (38,7% das mães e 28,1% dos pais), 61,1% têm renda de até dois salários mínimos, 51,9% recebem algum benefício socioeconômico e 41,7% das famílias relatam conviver com violência
                1. Das crianças com atraso, 41,4% (n=29) não vivem com a presença paterna e 87% (n=60) não frequentam a creche. Sobre as mães, 25,7% (n=18) têm 20 anos ou menos, 33,8% (n=23) fumaram na gestação e 54,3% (n=38) não têm o ensino fundamental completo.
                2. DISCUSSÃO
                  1. QUESTÕES SOCIOECONÔMICAS
                    1. Vários estudos24-27 demonstraram que a renda foi considerada um fator de risco significante quando relacionada ao desenvolvimento infantil. Crestani et al.24 avaliaram 182 díades mãe-bebê, entre zero e 18 meses, e concluíram que nas famílias em que a renda per capita era menor que 200 reais, a chance de a criança ter o desenvolvimento comprometido foi seis vezes maior em relação às crianças do grupo com renda superior a 200 reais per capita
                      1. Ainda foi possível observar neste trabalho que, embora sem associação estatisticamente significativa, a maioria das mães (54,3%) não possuía ensino fundamental completo e 25,7% tinham 20 anos ou menos
                        1. Desse modo, compreende-se que a renda da família tem estreita relação com o desenvolvimento da criança, já que uma boa condição econômica pode oferecer melhor espaço físico, brinquedos, experiências de lazer, entre outros, além de melhores condições gerais para a família. Ou seja, a renda é diretamente responsável pela qualidade de vida dessas crianças
                        2. vacinas
                          1. o desenvolvimento neuropsicomotor de 220 crianças de oito a 12 meses de idade e observaram que aquelas com esquema vacinal incompleto correm duas vezes mais risco de ter desenvolvimento suspeito do que as crianças com a vacinação em dia, embora essa associação tenha apresentado apenas uma tendência à significância
                            1. Os principais motivos citados pelos responsáveis para o atraso foram a falta de vacinas nos postos; adoecimento da criança no dia da vacina; falta de tempo dos cuidadores; distância da unidade de saúde; descuido ou esquecimento por parte do cuidador; dificuldade de entendimento entre os responsáveis e os profissionais; e a impossibilidade de comparecer ao serviço de saúde, em razão do horário de trabalho ou da saúde dos cuidadores
                          2. COMO O CIGARRO AFETA
                            1. Sá et al.17 realizaram um na Grã-Bretanha e na Groenlândia21, avaliando crianças mais velhas, entre oito e nove anos, concluiu que os filhos de fumantes apresentaram maiores dificuldades motoras em comparação com as crianças de pais não fumantes, nos sugerindo que os efeitos da exposição ao tabagismo não se restringem à primeira infância, mas podem persistir nos anos subsequentes.
                              1. a frequente exposição ao tabagismo pode explicar outras situações, como o alto número de internações por causas respiratórias encontrado em nossa amostra, na qual 82,7% das crianças estavam internadas por esse motivo. Além dos prejuízos diretos e bem notórios causados pela exposição frequente à fumaça do cigarro, ela também está relacionada a hospitalizações frequentes, como observadas na nossa amostra, em que 63,6% da população estudada encontrava-se na segunda internação ou mais.
                            2. observação
                              1. notou-se que houve certa omissão de dados nas respostas dos responsáveis, especialmente quanto aos questionamentos sobre o uso de drogas ilícitas e outras substâncias psicoativas, mesmo tendo sido esclarecidos sobre o objetivo das questões e sobre o sigilo dos dados colhidos, o que pode ter influenciado de alguma maneira nossos resultados.
                            3. FORAM AVALIADAS 110 CRIANÇAS
                            4. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICA QUE AFETAM NEGATIVAMENTE
                              1. estão dando lugar a um perfil com novas situações de morbidades, como exposição à violência, pais usuários de drogas, aumento da obesidade e sedentarismo, além de importantes iniquidades em saúde decorrentes das desigualdades econômicas, raciais e étnicas6 . Deste modo crianças que vivem em países de baixa e média renda estão, desde a primeira infância, mais vulneráveis às desigualdades e agravos que oferecem risco ao desenvolvimento. Esses déficits de desenvolvimento acumulados na primeira infância têm implicações negativas no funcionamento cognitivo e psicológico do adulto, bem como na sua escolaridade e renda futuras
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