Doutor em Psicologia Social da
Universidade Estadual de Strasbourg
Nasceu em 1941 em Lorena (França)
É professor de Psicologia Social e diretor do laboratório de Psicologia
na Universidade de Metz (também ensina em Montreal e Genebra).
A sua investigação centra-se no estudo dos processos
psicossociais no mundo do trabalho a partir do
desenvolvimento de novas tecnologias.
Publicou numerosos trabalhos de referência na na França e
na América do Norte, incluindo as relações entre mente e
corpo, incluindo lesões e câncer.
O artigo faz parte do volume II do livro "O individuo na organização:
dimensões esquecidas" de Jean-François Chanlat , publicado em 1994,
que aborda as dimensões esquecidas do individuo no ensino da
administração nos atuais centros de formação de negócios.
INTRODUÇÃO
Discute a dimensão física e simbólica dos
espaços nas organizações como forma de
entender as relações de trabalho
Parte da compreensão de uma Psicologia
Ambiental para estabelecer os aspectos
humanos relevantes nas relações de
interação dos indivíduos nas empresas
Ambiente físico e os objetos
como um constructo social
Moldura edificada é resultado de um conjunto de
processos pelos quais se operam a ocupação e a
transformação de um território
Além das funções materiais, o
espaço também tem valores sociais
O espaço é objeto de práticas e
de intervenções diversas
Demonstra que o espaço é o espelho da organização,
discutindo a sua evolução a partir do modelo taylorista a
uma nova dinâmica comportamental consonante com a
empresa atual e com suas realidades culturais
Psicologia do trabalho
Os elementos do trabalho são considerados como
causas de resistência ou mau desempenho
Teorias Humanistas
A organização do trabalho por ser, conforme o
caso, fonte de satisfações ou insatisfações
Psicologia Organizacional
Analisa o trabalho no contexto mais amplo do estudo dos
mecanismos sociais, enfatizando os fenômenos de poder, de
comunicação, de relações intergrupais dentro da empresa
Ergonomia
Descreve o trabalho como uma interação dinâmica
individuo-ambiente, através de um esquema de análise
das características complexas dessas cargas
CONTRIBUIÇÕES DA
PSICOLOGIA AMBIENTAL
Território
Um lugar ou uma área
geográfica ocupada por
uma pessoa ou um grupo
Território primário
Utilizado de maneira estável e claramente
reconhecido como seu - ex: casa e escritório
Território secundário
Local semipúblico ou semiprivado, regido por regras + ou - claramente
definidas quanto a seu acesso e seu uso - ex: bares, clube, etc
Território público
Lugar ocupado temporariamente, em qualquer pessoa pode, em
princípio, entrar nele - ex: bancos públicos, cabines telefônicas, etc
Dominação territorial
Exerce mais influência nesse local que em outra parte
Comporta uma função de apropriação e de identidade
Demarcadores de território
Símbolos que permitem definir uma relação entre si mesmos e os
outros, por meio de fronteiras caracterizadas
As formas de demarcação são culturais e sociais
A territorialidade serve finalmente de fundamento para o
desenvolvimento da identidade pessoal e da identidade social
Área visível
e estável
Espaço Pessoal
Zona que buscarmos conservar nas relações com os outros para nos proteger
Zona emocional, sócia-afetiva, que se refere ao conceito de intimidade e de privatização
Área invisível
Uso de diversas formas de distâncias que os indivíduos
estabelecem entre si, podendo variar conforme a personalidade
dos sujeitos e as características socioculturais do ambiente
Distância íntima
Distância pessoal
Distância social
Distância pública
Funções
Sistema de defesa
Regulação da intimidade
Preservar o núcleo inviolável do
indivíduo, conforme sua cultura
Apropriação
São as formas de interações que exprimem, a partir de
uma ocupação ou de uma utilização específica do
espaço, uma afirmação de si sobre os lugares
Dominação física ou psicológica
sobre um determinado território
Características
Marca
O espaço é selado com uma característica particular
Marcadores definidos
por Goffman (1973)
Marcadores centrais
Marcadores fronteiriços
Marcadores-sinais
Construção de um
espaço pessoal
Intervenções diversas pelas quais os indivíduos definem a
construção e a salvaguarda de um espaço pessoal
Orientação do comportamento capaz de
produzir formas diversas de autonomia
Processo criativo de identidade que favorece a reunificação de
si nos conjuntos sociais que têm a tendência de dispersá-la
ESPAÇO, ESPELHO DA ORGANIZAÇÃO
Annotations:
Análise do espaço físico
Organização é definida como um lugar onde diferentes agentes
contribuem com seus recursos para a produção de objetos e
serviços e, também, lugar em que cada indivíduo explora, adapta
e habita, a fim de realizar seus próprios objetivos.
O espaço organizacional reflete ao mesmo
tempo o funcionamento da empresa, seus
valores e suas regras
Modelo da Racionalidade
Racionaliza os lugares para neutralizar as
qualidades sensíveis do espaço
Espaço Imposto
Sistema de atribuição de lugares que
consiste em repartir categorias de
indivíduos em locais definidos,
segundo uma escala social rigorosa.
A distribuição num espaço e a
arrumação desse são uma
expressão do sistema hierárquico
e uma de suas formas visíveis
Espaço político, pois é o
vetor das orientações que
o poder lhe imprime
Espaço Controlado
Mediação do funcionamento do
sistema hierárquico por um tipo de
arrumação destinada a tornar visíveis
os que têm que executar as tarefas
Pan-óptico (Bentham, 1977)
Organiza e orienta
as comunicações
Espaço Dividido
Organização é uma unidade distinta e se
constitui em um domínio próprio em ruptura
com o meio e ao ambiente social mais amplo
(espaço relativamente fechado)
Numa organização, os espaços correspondem a
critérios de especialização que determinam
localizações, distâncias, relações de vizinhança,
separação de funções (espaço fragmentado)
Escritório
Lugar reservado para as
tarefas administrativas e o
tratamento de documentos
(Modelo Taylorista)
Escritório funcional baseia-se na ideia
da comunicação que associa abertura
de espaço, produtividade e
desaparecimento dos níveis hierárquico
Fonte de stress associado à impossibilidade
de ter zona de recolhimento
A DINÂMICA DO ESPAÇO
ORGANIZACIONAL
Annotations:
Análise do espaço simbólico
O valor do espaço pessoal
(personalização)
Pode ser índice da margem de
liberdade e de poder detidos por um
indivíduo (nível hierárquico)
Desejo de fazer reconhecer e apreciar
sua individualidade na organização
Transformar um espaço regido
por normas funcionais num local
regulado por normas mais ou
menos privadas
Apropriação do lugar
A possibilidade de dispor de um espaço privado aparece como um elemento
importante da arrumação dos escritórios, porque ela faz parte da afirmação de si
Interações com o espaço
Comportamento
territorial
O espaço de trabalho que lhe é
destinado é progressivamente
investido como um local pessoal
O espaço de trabalho
define nosso lugar
Fase de exploração
Fase de tateamento
Fase de aprendizagem
Os lugares de recolhimento e os
lugares-refúgio
Ocupação do espaço como se fosse território envolve um
sentimento de responsabilidade e constituti um indício da força
do sentimento de se pertencer e do grau de comprometimento
da pessoa na organização
Banalização do espaço
Avaliação dos espaços
O espaço racional é
objeto de um
tratamento irracional
ESPAÇOS DE TRABALHO E
CULTURA DE EMPRESA
Espaço e cultura não são duas entidades
separadas, pois o espaço aparece como
uma das linguagens da cultura
Cultura é um repertório do qual os
indivíduos, os grupos e a organização
retiram os códigos de aprendizagem e
de interação com o ambiente
O espaço convida a um comportamento
dentro da maneira pelo qual foi
concebido, desenhado ou agenciado
Espaço-emblema
O espaço arquitetônico, além de seus
componentes sócio-funcionais, opera
a apresentação da organização
Grau de congruência entre os espaços arrumados
para estabelecer os contatos com o exterior e
aqueles arrumados para os empregados
Suporte da Comunicação
O espaço é um vetor de comunicação que
produz mensagens sobre a empresa
Espaço simbólico
O espaço define a organização por suas
características simbólicas, isto é, pelas
categorias de representação e dos sistemas
de crenças, dotados de valores
Preocupação em captar
a dimensão simbólica
Toda arrumação reflete uma tensão entre uma
concepção do espaço definido habitualmente a
partir de um simbolismo do espaço que é dos
dirigentes, e sua apropriação pelos agentes que
interpretam os dados e os estímulos do ambiente,
em razão do sentido que o trabalho tem para eles
CONCLUSÃO: AS NOVAS PERSPECTIVAS
As mutações tecnológicas deixam
entrever perspectivas que parecem influir
na concepção e arrumação dos lugares
Recomposição do
espaço de trabalho
o lugar estratégico não se limita a distância física
em relação ao poder, mas pela localização numa
rede de informações e capacidade de nela intervir
Concepção de novos
espaços organizacionais
Posto de trabalho
personalizado e
espaço banalizado
Posto de trabalho
banalizado e espaço
personalizado
A informatização estimula
uma rediscussão da
delimitação e da
especialização estrita dos
locais de trabalho
Espaço será sempre vivido como um
porto de fixação e um local de
enraizamento para quem trabalha