Técnicas modernas de desobstrução
utilizadas em pediatria
Técnicas de desobstrução de vias aéreas extratorácicas:
Desobstrução Rinofaríngea retrógrada; Aumento do fluxo expiratório;
Expiração lenta prolongada; ELTGOL.
Definição
Desobstrução Rinofaríngea retrógrada (DRR) ---- É uma técnica de inspiração
forçada destinada à desobstrução das vias aéreas nasofaríngeas que
pode ser acompanhada ou não de instilação local de soro fisiológico
Aumento do fluxo expiratório (AFE) ---- É uma técnica de higiene brônquica
que tem como objetivo terapêutico mobilizar e eliminar as secreções
das vias aéreas proximais
Expiração lenta prolongada (Elpr) ---- É uma técnica de higiene brônquica com o
objetivo de deslocar secreções de vias aéreas periféricas para vias
aéreas mais proximais
ELTGOL ---- É indicada para desobstrução de secreções de vias aéreas
intratorácicas médias em crianças maiores de 10 anos.
Descrição das técnicas
DRR ---- Com a criança posicionada em decúbito dorsal, após a desinsuflação
manual, ao final do tempo expiratório, o fisioterapeuta, com o dorso de sua mão,
eleva a mandíbula da criança e rapidamente realiza a oclusão da boca, o que
desencadeará a inspiração em alta velocidade
Indicações ---- Infecção de vias aéreas superiores, como rinites,
sinusites e faringites; lactentes bronco-obstrutivos; grande quantidade de
secreções em vias aéreas superiores; refluxo gastroesofágico; tosse
noturna por gotejamento posterior
Contraindicações ---- Ausência do reflexo de tosse; presença de estridor.
AFE ---- Deve ser realizada durante o tempo expiratório por meio de uma
pressão exercida por uma das mãos do fisioterapeuta sobre o tórax da
criança, deitada em decúbito dorsal. A outra mão do profissional permanece
estática sobre o abdome para impedir a dissipação da pressão para o
compartimento abdominal
Indicações ---- É indicada para crianças com idade superior a
2 anos, que apresentem obstrução brônquica proximal ou
distal.
Contraindicações ---- Não existe contraindicações
absolutas. Contraindicações relativas: Crises asmática
pouco secretantes; traqueomalácia; incoordenação
brônquica, Irp grave; coqueluche; mal formação cardíaca
grave; fragilidade constitucional óssea.
Elpr ---- Trata-se do prolongamento de uma expiração espontânea, que se dá por
meio de uma pressão manual exercida de forma contínua, simultaneamente sobre
o tórax e abdome, com o objetivo de potencializar o fluxo expiratório e obter um
aumento do tempo de saída do ar nas diferentes gerações brônquicas do aparelho
respiratório periférico. Ao final da expiração espontânea da criança, faz-se o
deslocamento no sentido caudal da mão apoiada sobre o tórax concomitantemente
ao deslocamento no sentido cranial da mão apoiada sobre o abdome
Indicações ---- Indicada para lactentes que apresentam secreção
em vias aéreas intratorácicas, preferencialmente vias aéreas
médias, porém, pode ser aplicada em crianças até a faixa etária
de 8 a 10 anos.
Contraindicações ---- Atresia de esôfago operada;
malformações cardíacas; afecções neurológicas
centrais; tumores abdominais; síndrome abdominal não
identificada.
Fisiologia
DRR ---- O aumento da velocidade de fluxo do ar inspirado tem como objetivo:
desobstruir a cavidade nasal, eliminando as secreções acumuladas no nariz; gerar uma
pressão negativa o suficiente para aspirar secreções presentes nos seios paranasais e
nos óstios das tubas auditivas.
AFE ---- Promove o deslocamento das secreções presentes na via aérea devido à
interação gás-liquido entre as moléculas de ar que circulam em alta velocidade e a
secreção aderida à parede bronquial.
Elpr ---- Efeito de desinsuflação; interação gás-liquido; efeito de alternância
expansão-compressão pulmonar promovendo uma hiperinsuflação regional.
Embriologia ---- O desenvolvimento do sistema respiratório é um fenômeno
complexo e contínuo de maturação e crescimento que se inicia na fase precoce
da gestação e estende-se até a vida adulta. O processo de desenvolvimento
normal do pulmão compreende uma série de alterações que são divididas
cronologicamente em duas fases:: Pré-natal e pós-natal.
Fase Pré-natal ---- É divida classicamente em
quatro períodos ---- Pseudoglangular, canalicular,
sacular e alveolar
Pseudoglangular (4 a 16 semana de gestação) compreende
a fase de organogênese, que consiste no desenvolvimento
do pulmão primordial. Nesse período, há uma rápida
multiplicação das células epiteliais com sua subsequente
diferenciação. Ao final desse período, toda a via aérea
condutora (até décima sexta geração brônquica) estará
formada.
Canalicular (17 a 26 semana de gestação) grande proliferação dos vasos
sanguíneos e interstício. Por volta da 24 semana é possível observar corpos
lamelares contendo proteínas surfactantes e fosfolipídeos nos pneumócitos
tipo II. Ocorre alterações importantes na estrutura pulmonar, como a
diferenciação dos pneumócitos tipo I, que é acompanhada da aproximação
dos capilares ao epitélio, iniciando a formação da barreira hematogasosa.
Sacular (27 a 35 semana) é caracterizado pelo aumento do volume
pulmonar e pela rápida e grande expansão da porção capaz de realizar a
hematose do pulmão fetal. Isso se deve à ocorrência do aumento rápido da
superfície da área alveolar, afilamento do interstício, expansão da rede
capilar e manutenção do sistema surfactante.
Alveolar (36 semana até 2 anos de idade) caracteriza-se por
um grande aumento da superfície e do volume pulmonar. A
maior parte desse crescimento pulmonar se deve ao aumento
da zona respiratória, com o aumento do número e tamanho do
alvéolos.
Fase pós-natal ---- As alterações que ocorrem no pulmão se
estendem até a idade adulta e têm por objetivo adaptar este
órgão à respiração e à hematose
Anatomia e fisiologia do sistema respiratório.
Vias aéreas extratoráicas ----
Compreendem a cavidade
nasal, seios paranasais, faringe,
laringe e traqueia.
Vias aéreas intratorácicas
---- Compreende o pulmão e
diafragma.