Questão 1
Questão
(UFU-MG)
Na cidade de Florença, em 1348, nenhuma prevenção foi válida, nem valeu a pena qualquer providência dos homens. A praga, a despeito de tudo, começou a mostrar, quase ao principiar na primavera, de modo horripilante e de maneira milagrosa, os seus efeitos. Pouco adiantaram as súplicas humildes feitas em número muito elevado, às vezes por pessoas devotas isoladas, por procissões de pessoas, alinhadas, dirigidas a Deus.
BOCCACCIO, Giovanni. Decamerão. São Paulo: Nova Cultural, 2003. p. 9-10. (Trecho adaptado).
Escrito entre os anos de 1348 e 1353, Decamerão relata os horrores provocados pela peste negra na cidade de Florença. O trecho acima ressalta
Responda
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A) a epidemia como um castigo impiedoso de Deus ante os pecados dos homens.
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B) a devoção e a prevenção humanas como formas eficientes de combate a epidemia.
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C) a epidemia como consequência do atraso da ciência no mundo medieval.
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D) a experiência da epidemia como determinante no surgimento da Reforma Religiosa.
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E) a vulnerabilidade humana diante da experiência trágica da epidemia.
Questão 2
Questão
(FUVEST)
A ARMA DA PROPAGANDA
O governo Médici não se limitou à repressão. Distinguiu claramente entre um setor significativo mas minoritário da sociedade, adversário do regime, e a massa da população que vivia um dia a dia de alguma esperança nesses anos de prosperidade econômica. A repressão acabou com o primeiro setor, enquanto a propaganda encarregou-se de, pelo menos, neutralizar gradualmente o segundo. Para alcançar este último objetivo, o governo contou com o grande avanço das telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de crédito pessoal permitiram a 10 expansão do número de residências que possuíam televisão: em 1960, apenas 9,5% das residências urbanas tinham televisão; em 1970, a porcentagem chegava a 40%. Por essa época, beneficiada pelo apoio do governo, de quem se transformou em porta-voz, a TV Globo expandiu-se até se 15 tornar rede nacional e alcançar praticamente o controle do setor. A propaganda governamental passou a ter um canal de expressão como nunca existira na história do país. A promoção do “Brasil grande potência” foi realizada a partir da Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP), criada 20 no governo Costa e Silva, mas que não chegou a ter importância nesse governo. Foi a época do “Ninguém segura este país”, da marchinha Prá Frente, Brasil, que embalou a grande vitória brasileira na Copa do Mundo de 1970.
Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado
A frase que expressa uma ideia contida no texto é:
Responda
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A) a marchinha “Prá Frente, Brasil” também contribuiu para o processo de neutralização da grande massa da população.
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B) a repressão no Governo Médici foi dirigida a um setor que, além de minoritário, era também irrelevante no conjunto da sociedade brasileira.
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C) o tricampeonato de futebol conquistado pelo Brasil em 1970 ajudou a mascarar inúmeras dificuldades econômicas daquele período.
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D) uma característica do governo Médici foi ter conseguido levar a televisão à maioria dos lares brasileiros.
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E) a TV Globo foi criada para ser um veículo de divulgação das realizações dos governos militares.
Questão 3
Questão
(UNICAMP)
Em depoimento, Paulo Freire fala da necessidade de uma tarefa educativa: “trabalhar no sentido de ajudar os homens e as mulheres brasileiras a exercer o direito de poder estar de pé no chão, cavando o chão, fazendo com que o chão produza melhor é um direito e um dever nosso. A educação é uma das chaves para abrir essas portas. Eu nunca me esqueço de uma frase linda que eu ouvi de um educador, camponês de um grupo de Sem Terra: pela força do nosso trabalho, pela nossa luta, cortamos o arame farpado do latifúndio e entramos nele, mas quando nele chegamos, vimos que havia outros arames farpados, como o arame da nossa ignorância. Então eu percebi que quanto mais inocentes, tanto melhor somos para os donos do mundo. (…) Eu acho que essa é uma tarefa que não é só política, mas também pedagógica. Não há Reforma Agrária sem isso.”
(Adaptado de Roseli Salete Galdart, Pedagogia do Movimento Sem Terra: escola é mais que escola. São Paulo: Expressão Popular, 2008, p. 172.)
No excerto adaptado que você leu, há menção a outros arames farpados, como “o arame da nossa ignorância”. Trata-se de uma figura de linguagem para
Responda
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a) a conquista do direito às terras e à educação que são negadas a todos os trabalhadores.
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b) a obtenção da chave que abre as portas da educação a todos os brasileiros que não têm terras.
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c) promoção de uma conquista da educação que tenha como base a propriedade fundiária.
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d) a descoberta de que a luta pela posse da terra pressupõe também a conquista da educação.
Questão 4
Questão
FUVEST
A ROSA DE HIROXIMA
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Vinicius de Moraes, Antologia poética.
Neste poema,
Responda
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a) a referência a um acontecimento histórico, ao privilegiar a objetividade, suprime o teor lírico do texto.
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b) parte da força poética do texto provém da associação da imagem tradicionalmente positiva da rosa a atributos negativos, ligados à ideia de destruição.
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c) o caráter politicamente engajado do texto é responsável pela sua despreocupação com a elaboração formal.
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d) o paralelismo da construção sintática revela que o texto foi escrito originalmente como letra de canção popular..
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e) o predomínio das metonímias sobre as metáforas responde, em boa medida, pelo caráter concreto do texto e pelo vigor de sua mensagem
Questão 5
Questão
Leia o poema de Olavo Bilac
Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.
(Melhores poemas, 2000.)
No poema, o eu lírico defende um amor
Responda
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a) recatado, que não revele as ambições secretamente cultivadas pelos amantes.
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b) idealizado, que valorize sua pureza sem se macular na comunhão física.
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c) sagrado, em que as aspirações espirituais superem as aspirações corpóreas.
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d) terreno, que se realize não só em sentimento, mas também fisicamente.
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e) contemplativo, que se alimente da imaginação e da distância entre os amantes.
Questão 6
Questão
(ENEM)
Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero […]. Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
ASSIS, M. A causa secreta, Disponível em: www.dominimopublico.gov.br Acesso em: 9 out. 2015.
No fragmento, o narrador adota um ponto de vista que acompanha a perspectiva de Fortunato. O que singulariza esse procedimento narrativo é o registro do(a)
Responda
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a) indignação face à suspeita do adultério da esposa.
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b) tristeza compartilhada pela perda da mulher amada.
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c) espanto diante da demonstração de afeto de Garcia.
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d) prazer da personagem em relação ao sofrimento alheio.
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e) superação do ciúme pela comoção decorrente da morte.
Questão 7
Questão
(ENEM)
Concurso de microcontos no Twitter
A nona edição do Simpósio Internacional de Contadores de História promove concurso de microcontos baseado no Twitter. Os interessados devem ter uma conta no Twitter, seguir o @simposioconta e escrever um microconto de gênero suspense, com tema livre. O conto deve seguir as regras do Twitter: apenas 140 caracteres.
ELINA, R. Disponível em: www.consuladosocial.com.br. Acesso em: 28 jul. 2010.
Na atualidade, o texto traz uma proposta de utilização do Twitter como ferramenta que proporciona uma construção rápida, sintética e definida pelo gênero suspense. Isso demonstra que essa rede social pode ser uma forma de inovação tecnológica que
Responda
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a) define uma dinâmica diferente de construção de texto, condensando as ideias principais sem perder a criatividade.
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b) conceitua uma nova vertente de texto, na qual a rapidez supera o enredo e as outras características do texto.
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c) considera que a utilização da escrita com caneta e papel seja primitiva para os dias atuais.
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d) caracteriza um texto de tema livre, no qual o número de caracteres importa mais que a criatividade do autor.
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e) propõe um novo traço à escrita, pois garante a eficiência dos processos de comunicação.
Questão 8
Questão
Ao relacionar o problema da seca à inclusão digital, essa charge faz uma crítica a respeito da
Responda
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a) dificuldade na distribuição de computadores nas áreas rurais.
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b) capacidade das tecnologias em aproximar realidades distantes.
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c) possibilidade de uso do computador como solução de problemas sociais.
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d) ausência de políticas públicas para o acesso da população a computadores.
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e) escolha das prioridades no atendimento às reais necessidades da população.
Questão 9
Questão
(ENEM)
As cores
Maria Alice abandonou o livro onde seus dedos longos liam uma história de amor. Em seu pequeno mundo de volumes, de cheiros, de sons, todas aquelas palavras eram a perpétua renovação dos mistérios em cujo seio sua imaginação se perdia. [...] Como seria cor e o que seria? [...]. Era, com certeza, a nota marcante de todas as coisas para aqueles cujos olhos viam, aqueles olhos que tantas vezes palpara com inveja calada e que se fechavam, quando os tocava, sensíveis como pássaros assustados, palpitantes de vida, sob seus dedos trêmulos, que diziam ser claros. Que seria o claro, afinal? Algo que aprendera, de há muito, ser igual ao branco. [...]
E agora Maria Alice voltava outra vez ao Instituto. E ao grande amigo que lá conhecera. [...]. Lembrava-se da ternura daquela voz, da beleza daquela voz. De como se adivinhavam entre dezenas de outros e suas mãos se encontravam. De como as palavras de amor tinham irrompido e suas bocas se encontrado... De como um dia seus pais haviam surgido inesperadamente no Instituto e a haviam levado à sala do diretor e se haviam queixado da falta de vigilância e moralidade no estabelecimento. E de como, no momento em que a retiravam e quando ela disse que pretendia se despedir de um amigo pelo qual tinha grande afeição e com quem se queria casar, o pai exclamara, horrorizado:
— Você não tem juízo, criatura? Casar-se com um mulato? Nunca!
Mulato era cor. Estava longe aquele dia. Estava longe o Instituto, ao qual não saberia voltar, do qual nunca mais tivera notícia, e do qual somente restara o privilégio de caminhar sozinha pelo reino dos livros, tão parecido com a vida dos outros, tão cheio de cores...
LESSA, O. Seleta de Orígenes Lessa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.
No texto, a condição da personagem e os desdobramentos da narrativa conduzem o leitor a compreender o(a)
Responda
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a) percepção das cores como metáfora da discriminação racial.
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b) privação da visão como elemento definidor das relações humanas.
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c) contraste entre as representações do amor de diferentes gerações.
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d) prevalência das diferenças sociais sobre a liberdade das relações afetivas.
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e) embate entre a ingenuidade juvenil e a manutenção de tradições familiares.
Questão 10
Questão
(ENEM)
As alegres meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às vezes com seus namorados. As alegres meninas que estão sempre rindo, comentando o besouro que entrou na classe e pousou no vestido da professora; essas meninas; essas coisas sem importância.
O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia. Riem alto, riem musical, riem desafinado, riem sem motivo; riem.
Hoje de manhã estavam sérias, era como se nunca mais voltassem a rir e falar coisas sem importância. Faltava uma delas. O jornal dera notícia do crime.
O corpo da menina encontrado naquelas condições, em lugar ermo. A selvageria de um tempo que não deixa mais rir.
As alegres meninas, agora sérias, tornaram-se adultas de uma hora para outra; essas mulheres.
ANDRADE, C. D. Essas meninas. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.
No texto, há recorrência do emprego do artigo “as” e do pronome “essas”. No último parágrafo, esse recurso linguístico contribui para
Responda
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a) intensificar a ideia do súbito amadurecimento.
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b) indicar a falta de identidade típica da adolescência.
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c) organizar a sequência temporal dos fatos narrados.
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d) complementar a descrição do acontecimento trágico.
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e) expressar a banalidade dos assuntos tratados na escola.