Interpretação de texto

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Quiz on Interpretação de texto, created by leatrice.barros on 07/06/2014.
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704
12

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Question 1

Question
. Leia o trecho abaixo, retirado da canção “Índios”, de Renato Russo: Quem me dera ao menos uma vez Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem Conseguiu me convencer que era prova de amizade Se alguém levasse embora até o que eu não tinha. (...) Quem me dera ao menos uma vez Que o mais simples fosse visto Como o mais importante Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente. Quem me dera ao menos uma vez Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três E esse mesmo Deus foi morto por vocês É só maldade, então, deixar um Deus tão triste (...) Quem me dera ao menos uma vez Como a mais bela tribo Dos mais belos índios Não ser atacado por ser inocente. Nele, estão presentes alguns aspectos característicos da relação estabelecida entre os colonizadores europeus e as tribos indígenas que habitavam a costa do Brasil, dentre os quais podemos destacar:
Answer
  • a cordialidade e a tolerância religiosa.
  • a exploração abusiva dos recursos naturais e a tolerância religiosa.
  • a imposição religiosa e a exploração abusiva.
  • a preservação dos recursos naturais e a imposição religiosa.
  • o contato com o diferente e a tolerância cultural.

Question 2

Question
Alguns textos pertencentes ao Quinhentismo – mais especificamente à chamada literatura informativa – também se ocupam em descrever o contato entre índios e portugueses. Ao comparar o modo como tal tema é abordado nesses textos com o modo como é trabalhado na canção “Índios”, de Renato Russo, podemos afirmar que:
Answer
  • a canção “Índios” se distancia dos textos informativos quinhentistas, pois põe em destaque o lado negativo da colonização portuguesa.
  • a canção “Índios” se aproxima dos textos informativos quinhentistas, pois expõe o ponto de vista do índio acerca da colonização portuguesa.
  • a canção “Índios” se aproxima dos textos informativos quinhentistas, pois lança uma visão crítica à colonização portuguesa
  • a canção “Índios” se distancia dos textos informativos quinhentistas, pois se preocupa com a descrição imparcial da colonização portuguesa.
  • a canção “Índios” se aproxima dos textos informativos quinhentistas, pois coloca em xeque a visão eurocêntrica existente na colonização portuguesa

Question 3

Question
Andar com Fé Andá com fé eu vou Que a fé não costuma faiá... Que a fé tá na mulher A fé tá na cobra coral Ô! Ô! Num pedaço de pão... A fé tá na maré Na lâmina de um punhal Ô! Ô! Na luz, na escuridão... (...) A fé tá na manhã A fé tá no anoitecer Ô! Ô! No calor do verão... A fé tá viva e sã A fé também tá pra morrer Ô! Ô! Triste na solidão... Andá com fé eu vou Que a fé não costuma faiá Ô Minina! Andá com fé eu vou Que a fé não costuma faiá... (...) Certo ou errado até A fé vai onde quer que eu vá Ô! Ô! A pé ou de avião... Mesmo a quem não tem fé A fé costuma acompanhar Ô! Ô! Pelo sim, pelo não.. A estética barroca foi diretamente influenciada pela religião católica. Por conta disso, uma das características mais marcantes desse estilo de época é justamente a religiosidade. Embora a música de Gilberto Gil se aproxime da arte barroca ao pôr em foco a questão da fé, há outros elementos que a distanciam da mesma, como:
Answer
  • a crença de que a fé não necessariamente precisa estar vinculada à doutrina cristã.
  • a fé depositada na figura feminina, que precisa de salvação.
  • a crença na possibilidade de a fé ser infalível.
  • o fato de a fé estar sempre relacionada a elementos luminosos.
  • o fato de o eu lírico ser movido pela razão, que se sobrepõe à fé.

Question 4

Question
Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol as Inconstâncias dos bens do Mundo Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém. se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza. Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. O texto de Gregório de Matos possui muitas antíteses, que são usadas nos textos barrocos para
Answer
  • traduzir o conflito humano.
  • rejeitar o vocabulário popular.
  • personificar seres inanimados.
  • marcar a presença do onírico.
  • detalhar a arte poética

Question 5

Question
Quando jovem, Antônio Vieira acreditava nas palavras, especialmente nas que eram ditas com fé. No entanto, todas as palavras que ele dissera, nos púlpitos, na salas de aula, nas reuniões, nas catequeses, nos corredores, nos ouvidos dos reis, clérigos, inquisidores, duques, marqueses, ouvidores, governadores, ministros, presidentes, rainhas, príncipes, indígenas, desses milhões de palavras ditas com esforço de pensamento, poucas - ou nenhuma delas - havia surtido efeito. O mundo continuava exatamente o de sempre. O homem, igual a si mesmo. (Ana Miranda, Boca do Inferno.) “...milhões de palavras ditas com esforço de pensamento.” Essa passagem do texto faz referência a um traço da linguagem barroca presente na obra de Vieira. Trata-se do:
Answer
  • gongorismo, caracterizado pelo jogo de ideias.
  • cultismo, caracterizado pela exploração da sonoridade das palavras.
  • cultismo, caracterizado pelo conflito entre fé e razão.
  • conceptismo, caracterizado pelo vocabulário preciosista e pela exploração de aliterações.
  • conceptismo, caracterizado pela exploração das relações lógicas, da argumentação.

Question 6

Question
Descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia A cada canto um grande conselheiro Que nos quer governar a cabana, e vinha, Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um frequentado olheiro, Que a vida do vizinho, e da vizinha Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha, Para a levar à Praça, e ao Terreiro. Muitos Mulatos desavergonhados, Trazidos pelos pés os homens nobres, Posta nas palmas toda a picardia. Estupendas usuras nos mercados, Todos, os que não furtam, muito pobres,E eis aqui a cidade da Bahia. (MATOS, Gregório de. In: BARBOSA, F. (org.) "Clássicos da Poesia Brasileira." RJ: Klick Editora, 1998, p.24/25.) A crítica à incapacidade dos portugueses de governar o Brasil e a consequente pobreza do povo são temas presentes nesse poema barroco de Gregório de Matos e representam uma característica retomada, mais tarde, pelo Romantismo. Essa característica é
Answer
  • o sentimento nativista.
  • a preferência pelo soneto.
  • a denúncia da escravidão.
  • a tendência regionalista.
  • a volta ao passado histórico.

Question 7

Question
Por volta do ano de 700 a.C., ocorreu um importante invento na Grécia: o alfabeto. Com isso, tornou-se possível o preenchimento da lacuna entre o discurso oral e o escrito. Esse momento histórico foi preparado ao longo de aproximadamente três mil anos de evolução e da comunicação não alfabética até a sociedade grega alcançar o que Havelock chama de um novo estado de espírito, “o espírito alfabético”, que originou uma transformação qualitativa da comunicação humana. As tecnologias da informação com base na eletrônica (inclusive a imprensa eletrônica) apresentam uma capacidade de armazenamento. Hoje, os textos eletrônicos permitem flexibilidade e feedback, interação e reconfiguração de texto muito maiores e, dessa forma, também alteram o próprio processo de comunicação. CASTELLS, M. A. Era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado). Com o advento do alfabeto, ocorreram, ao longo da história, várias implicações socioculturais. Com a Internet, as transformações na comunicação humana resultam
Answer
  • da descoberta da mídia impressa, por meio da produção de livros, revistas, jornais.
  • do esvaziamento da cultura alfabetizada, que, na era da informação, está centrada no mundo dos sons e das imagens.
  • da quebra das fronteiras do tempo e do espaço na integração das modalidades escrita, oral e audiovisual.
  • da audiência da informação difundida por meio da TV e do rádio, cuja dinâmica favorece o crescimento da eletrônica
  • da penetrabilidade da informação visual, predominante na mídia impressa, meio de comunicação de massa.

Question 8

Question
Para literatos e memorialistas do século XIX, um dos grandes desafios era, então, construir uma nação tendo que levar em conta as antigas tradições, quase sempre católicas e repletas de “atrasadas” manifestações populares e negras. As discussões sobre as perspectivas da nacionalidade brasileira ganharam novo impulso nas últimas décadas do século passado, após a abolição da escravidão, quando definitivamente teriam que ser incorporados os libertos e descendentes de africanos ao mercado de trabalho livre e à “nação brasileira”. Festas, músicas e danças despontariam, entre setores intelectuais, como um importante campo de estudos para se avaliar e, principalmente, projetar a versão musical da nação brasileira. Afinal, estas manifestações passaram a representar valiosos indicativos de uma nação formada por uma “raça mestiça”, de inegável influência portuguesa, católica e africana. Escritores e músicos de diferentes partes do Brasil, no fim do século XIX e início do XX, iriam identificar e construir, a partir de variadas e híbridas doses de etnia e cultura, uma original identidade nacional, musical e festiva. Assinale a passagem que exemplifica ser a mestiçagem uma construção intelectual, mas que está presente no sentimento do povo de forma ambígua.
Answer
  • Amálgama é miscigenação e mistura mas é muito mais do que isso: é a diversidade em combinação permanente causando esta flutuação de constante capacidade de adaptações e criatividade. (Jorge Mautner)
  • Qual a minha cor, não é? Para escrever aí no questionário. Deixa eu pensar.O que o senhor acha que eu sou? Olhando para minha cara. Bem para minha cara. O que eu sou? Assim, no espelho? Coloque aí, escreva: mestiça. Isso: doméstica mestiça. Pode anotar. Só não vai contar para ninguém, tá? (Marcelino Freire)
  • O Estatuto da Igualdade Racial, que está para ser votado na Câmara em meio a discussões acirradas, reserva cotas para afro-brasileiros, mas não menciona caboclos, cafuzos, mamelucos ou mulatos. É uma ficção bicolor, dizem seus críticos. É o reconhecimento de uma divisão social, retrucam seus defensores. (Miguel Conde)
  • Mulatas e negras, empregadas nas casas ricas, amontoavam-se ante as malas abertas: Compra, freguesa, compra. É baratinho... – a pronúncia cômica, a voz sedutora. Longas negociações. Os colares sobre os peitos negros, as pulseiras nos braços mulatos, uma tentação! (Jorge Amado)
  • Com a proibição do tráfico de escravos em 1850, e o aumento da imigração europeia na segunda metade do século XX, a cor dos comerciantes de rua do Rio de Janeiro começou a ficar mais variada. Como mostra o retrato de Augusto Malta e Marc Ferrez, se tornou mais frequente a presença de mestiços e brancos entre os ambulantes. (O Globo, Logo)

Question 9

Question
Assinale a opção que corresponde ao fragmento “Escritores e músicos de diferentes partes do Brasil, no fim do século XIX e início do XX, iriam identificar e construir, a partir de variadas e híbridas doses de etnia e cultura, uma original identidade nacional, musical e festiva.” (ref. 1)
Answer
  • Em cada porta um frequentado olheiro, / Que a vida do vizinho, e da vizinha / Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha, / Para a levar à Praça, e ao Terreiro. (Gregório de Matos)
  • Última flor do Lácio, inculta e bela, / És, a um tempo, esplendor e sepultura: / Ouro nativo, que na ganga impura / A bruta mina entre os cascalhos vela... (Olavo Bilac)
  • Assim eu quereria meu último poema / Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais / Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas / Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume (Manuel Bandeira)
  • Quem, Marília, despreza uma beleza, / A luz da razão precisa; / E se tem discurso, pisa / A lei, que lhe ditou a Natureza. (Tomás Antônio Gonzaga)
  • Misturo tudo num saco, / Mas gaúcho maranhense / Que para no Mato Grosso, / Bate este angu de caroço (Mário de Andrade)

Question 10

Question
O CANTO DO GUERREIRO Aqui na floresta Dos ventos batida, Façanhas de bravos Não geram escravos, Que estimem a vida Sem guerra e lidar. - Ouvi-me, Guerreiros, - Ouvi meu cantar. Valente na guerra, Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? - Guerreiros, ouvi-me; - Quem há, como eu sou? Gonçalves Dias. MACUNAÍMA (Epílogo) Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói? Mário de Andrade Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se que
Answer
  • a função da linguagem centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.
  • a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal.
  • há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.
  • a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no segundo, no relato de informações reais
  • a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no primeiro.

Question 11

Question
O anúncio luminoso de um edifício em frente, acendendo e apagando, dava banhos intermitentes de sangue na pele de seu braço repousado, e de sua face. Ela estava sentada junto à janela e havia luar; e nos intervalos desse banho vermelho ela era toda pálida e suave. Na roda havia um homem muito inteligente que falava muito; havia seu marido, todo bovino; um pintor louro e nervoso; uma senhora recentemente desquitada, e eu. Para que recensear a roda que falava de política e de pintura? Ela não dava atenção a ninguém. Quieta, às vezes sorrindo quando alguém lhe dirigia a palavra, ela apenas mirava o próprio braço, atenta à mudança da cor. Senti que ela fruía nisso um prazer silencioso e longo. "Muito!", disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro - e disse mais algumas palavras; mas mudou um pouco a posição do braço e continuou a se mirar, interessada em si mesma, com um ar sonhador. Rubem Braga, A mulher que ia navegar. . "'Muito!', disse quando alguém lhe perguntou se GOSTARA de um certo quadro." Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em discurso direto, a forma verbal correspondente a "gostara" seria
Answer
  • gostasse
  • gostava
  • gostou
  • gostara
  • gostaria

Question 12

Question
ESTE INFERNO DE AMAR Este inferno de amar - como eu amo! Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi? Esta chama que alenta e consome, Que é a vida - e que a vida destrói - Como é que se veio a atear, Quando - ai quando se há-de ela apagar? (Almeida Garret) Nos versos de Garrett, predomina a função
Answer
  • metalinguística da linguagem, com extrema valorização da subjetividade no jogo entre o espiritual e o profano.
  • apelativa da linguagem, num jogo de sentido pelo qual o poeta transmite uma forma idealizada de amor.
  • referencial da linguagem, privilegiando-se a expressão de forma racional
  • emotiva da linguagem, marcada pela não contenção dos sentimentos, dando vazão ao subjetivismo.
  • fática da linguagem, utilizada para expressar as ideias de forma evasiva, como sugestões.

Question 13

Question
Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e dissimulada". Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que... Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. "Só me perguntava o que era, se nunca os vira..." O trecho, transposto para discurso direto, em norma padrão, assume a seguinte forma: Só me perguntava:
Answer
  • - O que era, nunca os vira?
  • -- O que é, nunca os vira?
  • - O que é, nunca os viram?
  • - O que foi, nunca os vira?
  • - O que foi, nunca os viu?

Question 14

Question
Um erudito historiador baiano escreveu, em 1844, um libelo contra a deslealdade da Inglaterra que, afetando ser amiga da nova nação brasileira, agia em nosso desfavor impedindo que a lavoura recebesse a preciosa mão de obra africana. Trata-se do Dr. A. J. Mello Moraes e do seu opúsculo: A Inglaterra e seos tractados. 4Memoria, na qual previamente se demonstra que a Inglaterra não tem sido leal até o presente no cumprimento dos seus tractados. Aos Srs. deputados geraes da futura sessão legislativa de 1845. Volta aí a indefectível comparação: "Um inglês trata cem vezes pior um criado branco e seu igual do que nós a um dos nossos escravos". A proposta de Mello Moraes é simples e drástica: o gabinete inglês "ou há de abandonar as suas colônias, por não haver gêneros coloniais para consumo, ou, se as quiser possuir, há de admitir a escravidão". Postulada a íntima relação entre produtos coloniais e cativeiro, 1nexo historicamente instituído e consolidado por três séculos, 5o bravo defensor da nossa lavoura exorta os deputados gerais, em campanha eleitoral, a cortar as amarras que ligavam o governo imperial ao britânico: 9 "O Brasil para ser feliz não tem necessidade de tratados com nação alguma, pois basta somente proteger a agricultura, animar a indústria manufatureira, libertar o comércio, e franquear seus portos ao mundo inteiro. O Brasil não precisa dos favores da Inglaterra". Poucas linhas atrás, Mello Moraes via com esperança o aumento das 8nossas exportações de café para os Estados Unidos. O espírito de 1808, que rompera com o monopólio português, demandava agora seu pleno desdobramento. Nada de entraves. Na esteira do processo de integração pós-colonial dos países latino-americanos, o Brasil deveria realizar o princípio mais geral do sistema dando o maior raio possível de ação, legal ou ilegal, a quem de direito: ao senhor do café, ao senhor de engenho e aos seus agenciadores da força de trabalho, os traficantes. Para a classe dominante o óbice maior não vinha, então, do nosso Estado constitucional, que representava o latifúndio e dele se servia: o obstáculo era interposto pela nova matriz internacional, o novo exclusivo, a Inglaterra. Entende-se a reivindicação do mais desbridado laissez-faire; entende-se a hostilidade que despertava entre os proprietários o controle da 7sua nação por um Estado estrangeiro. Mas como o denominador ideológico comum era o liberalismo econômico, que conhece na época a sua fase áurea, só restava à retórica escravista uma saída para o impasse: mostrar que as ideias mestras da doutrina clássica, porque justas, deveriam aplicar-se com justeza às circunstâncias, às peculiaridades nacionais. (Alfredo Bosi. Dialética da Colonização. 3ª ed. São Paulo: Cia. das Letras, 1992, p. 209-210). Na referência 7, nota-se o pronome possessivo SUA, que se opõe ao pronome NOSSAS (ref.8). Esse uso de SUA, no texto, é um recurso do autor para demonstrar que os proprietários:
Answer
  • Eram, realmente, os donos da nação.
  • Comportavam-se como se fossem os donos da nação.
  • Como brasileiros, sentiam-se coproprietários da nação.
  • Sentiam-se coproprietários da nação e deveriam agir como tais.
  • Não deveriam sentir-se coproprietários da nação, mas deveriam agir como tais.

Question 15

Question
Os tiranos e os autocratas sempre compreenderam que a capacidade de ler, o conhecimento, os livros e os jornais são potencialmente perigosos. Podem insuflar ideias independentes e até rebeldes nas cabeças de seus súditos. O governador real britânico da colônia de Virgínia escreveu em 1671: Graças a Deus não há escolas, nem imprensa livre; e espero que não [as] tenhamos nestes [próximos] cem anos; pois o conhecimento introduziu no mundo a desobediência, a heresia e as seitas, e a imprensa divulgou-as e publicou os libelos contra os melhores governos. Que Deus nos guarde de ambos! Mas os colonizadores norte-americanos, compreendendo em que consiste a liberdade, não pensavam assim. Em seus primeiros anos, os Estados Unidos se vangloriavam de ter um dos índices mais elevados - talvez o mais elevado - de cidadãos alfabetizados no mundo. Atualmente, os Estados Unidos não são o líder mundial em alfabetização. Muitos dos que são alfabetizados não conseguem ler, nem compreender material muito simples - muito menos um livro da sexta série, um manual de instruções, um horário de ônibus, o documento de uma hipoteca ou um programa eleitoral. As rodas dentadas da pobreza, ignorância, falta de esperança e baixa auto-estima se engrenam para criar um tipo de máquina do fracasso perpétuo que esmigalha os sonhos de geração a geração. Nós todos pagamos o preço de mantê-la funcionando. O analfabetismo é a sua cavilha. Ainda que endureçamos os nossos corações diante da vergonha e da desgraça experimentadas pelas vítimas, o ônus do analfabetismo é muito alto para todos os demais - o custo de despesas médicas e hospitalização, o custo de crimes e prisões, o custo de programas de educação especial, o custo da produtividade perdida e de inteligências potencialmente brilhantes que poderiam ajudar a solucionar os dilemas que nos perseguem. Frederick Douglass ensinou que a alfabetização é o caminho da escravidão para a liberdade. Há muitos tipos de escravidão e muitos tipos de liberdade. Mas saber ler ainda é o caminho. É correto afirmar que Carl Sagan faz citação das ideias de um governador real britânico para
Answer
  • corroborar as ideias que defende no desenvolvimento do texto.
  • desmistificar a ideia de que liberdade de imprensa pode trazer liberdade de ideias, como defende na conclusão
  • comprovar a importância da colonização inglesa para o desenvolvimento americano.
  • ilustrar a tese com a qual inicia o texto e à qual se contrapõe na sequência.
  • ironizar ideias ultrapassadas, mostrando, no desenvolvimento do texto, o descrédito de que gozaram em todos os tempos.

Question 16

Question
A DANÇA E A ALMA A DANÇA? Não é movimento, súbito gesto musical. É concentração, num momento, da humana graça natural. No solo não, no éter pairamos, nele amaríamos ficar. A dança - não vento nos ramos; seiva, força, perene estar. Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado... Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir à forma do ser, por sobre o mistério das fábulas. O poema "A Dança e a Alma" é construído com base em contrastes, como "movimento" e "concentração". Em uma das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo é:
Answer
  • éter
  • seiva
  • chão
  • paixão
  • ser

Question 17

Question
Mãos dadas 1ª estrofe Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 2ª estrofe Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida. Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente. ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1974. p. 55. Da leitura dos quatro primeiros versos da segunda estrofe, marcados pela negação, conclui-se que o poeta
Answer
  • nega uma postura crítica sobre a realidade
  • explica o tipo de poesia adequada ao tempo presente
  • aceita resignadamente a realidade presente
  • esclarece o que seria uma poesia alienada
  • reivindica uma poesia agressiva, que negue o lirismo e o amor.

Question 18

Question
Brasil O Zé Pereira chegou de caravela E preguntou pro guarani da mata virgem - Sois cristão? - Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte Teterê tetê Quizá Quizá Quecê! Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! O negro zonzo saído da fornalha Tomou a palavra e respondeu - Sim pela graça de Deus - Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! E fizeram o Carnaval (Oswald de Andrade) Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão apresentada pelo texto é
Answer
  • ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.
  • novadora, pois mostra que as três raças formadoras - portugueses, negros e índios - pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.
  • moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.
  • preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas
  • negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.
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